Último “Programa do Jô” tem agradecimento a Silvio Santos e ironia com Boni
Publicado por: Amara Alcântara

Foram 14.426 entrevistas desde o primeiro programa no SBT, em 1988.
Bastante emocionado, Jô Soares encerrou o último “Programa do Jô”
dizendo: “Daqui a pouco a gente volta”.
Gravado nesta sexta-feira (16) em São Paulo, o programa foi marcado por emoção, agradecimentos a Silvio Santos e ironias com José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, executivo que comandou a Globo por três décadas.
Jô disse que seu amigo Otto Lara Rezende (1922-1992) se surpreendeu: “Ele me ligou e falou ‘você chamou o doutor Bulhões de ‘você’, não pode!’. Uma semana depois, entrevistei o Luís Carlos Prestes e fiz a mesma coisa. Na primeira vez, ele me olhou. Com 15 minutos de conversa, ele estava à vontade e declarou ‘Olga foi a grande paixão da minha vida’. Otto me ligou e disse: ‘você tem razão, nunca vi Prestes tão à vontade’”, relembrou o apresentador.
Gravado nesta sexta-feira (16) em São Paulo, o programa foi marcado por emoção, agradecimentos a Silvio Santos e ironias com José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, executivo que comandou a Globo por três décadas.
A gravação começou às 18h30. Jô foi recebido de pé pela plateia,
que o aplaudiu longamente e gritou o seu nome. “Estamos estreando…”,
disse rindo. “Hoje, 16 de dezembro de 2016, dia da última apresentação
do ‘Programa do Jô'”, começou.
Todo de branco, com uma gravata borboleta colorida, Jô fez um longo
discurso de agradecimento. Por dez minutos, falou das pessoas que
marcaram o programa. “Quero agradecer particularmente a Silvio Santos,
que abriu esta porta para mim. Este programa mudou a minha vida”, disse.
O apresentador agradeceu também “às figuras anônimas, cujas
entrevistas modificaram a vida deles e também a minha”, falou,
emocionado.
Ironia com Boni
Jô mencionou ainda três figuras a quem deu crédito por sua volta à
Globo, em 2000: a então diretora-geral Marluce Dias, o diretor Erico
Magalhães e o diretor de jornalismo na época, Evandro Carlos de Andrade
(1931-2001). Este último, contou, “foi responsável por fazer a
aproximação”.
Jô deixou a Globo rumo ao SBT em 1988 contra a vontade de Boni,
então o chefão da emissora. Jô lembrou a Ziraldo, o convidado do último
programa, a reação enfurecida do executivo à sua saída – Boni proibiu a
veiculação de comerciais com o apresentador na Globo. Jô reagiu com um
artigo violento no “Jornal do Brasil” e um famoso discurso na entrega do
Troféu Imprensa. Os comercias voltaram a ser veiculados por decisão de
Roberto Marinho, disse.
Pouco depois de sua saída da Globo, contou, foi procurado por
Roberto Marinho. Foram jantar. O dono da emissora relatou a Jô um
diálogo que teve com Boni. “Eu vou jantar com meu amigo Jô porque eu não
tenho nenhum problema com ele”. Boni teria se justificado dizendo:
“Mas, doutor Roberto, o senhor estava na Itália quando ele saiu”.
Marinho então ironizou: “Mas na Itália não tem telefone?”.
“Sem plateia eu não existo”
Em outro momento que manifestou emoção, Jô falou da sua banda, que o
acompanha há 28 anos, de dois roteiristas desde os primórdios, Hilton
Marques e Max Nunes (1922-2014), este já falecido. “Ele pegou a Ponte
Aérea até os 90 anos para vir aqui. Nunca faltou”.
Um último agradecimento foi dedicado à plateia. “Sem plateia eu não existo”.
Ziraldo “entrevistou” Jô durante a conversa. Ouviu o apresentador
explicar porque sempre tratou todos os seus convidados de forma
informal, como “você”. “Quando fui entrevistar o (ex-ministro Otavio
Gouveia de) Bulhões, decidi que não fazia sentido chamar ministro de
‘senhor’ e motorista de ‘você’, porque, no Brasil, isso é uma coisa de
classe social. É a maneira de me aproximar das pessoas”, contou. “É uma
das coisas que mais me orgulho de ter estabelecido: um tratamento igual
para todo mundo. Chamo o ministro do Supremo de você”.
Jô disse que seu amigo Otto Lara Rezende (1922-1992) se surpreendeu: “Ele me ligou e falou ‘você chamou o doutor Bulhões de ‘você’, não pode!’. Uma semana depois, entrevistei o Luís Carlos Prestes e fiz a mesma coisa. Na primeira vez, ele me olhou. Com 15 minutos de conversa, ele estava à vontade e declarou ‘Olga foi a grande paixão da minha vida’. Otto me ligou e disse: ‘você tem razão, nunca vi Prestes tão à vontade’”, relembrou o apresentador.
Antes de encerrar a gravação, Jô voltou a fazer uma ironia com
Boni. Recontou uma história relatada em uma festa da Globo, logo após a
sua volta à emissora, em 2000.
Jô disse que decidiu comprar uma máquina de xerox. O vendedor foi à
sua casa e levou o aparelho. A certa altura, ofereceu um café a ele. E
pelo interfone, pediu à empregada, chamada Marluce (mesmo nome da então
diretora-geral da Globo), que trouxesse o café. “O seu Boni deve ter uma
inveja do senhor”, disse o vendedor. “Agora só me falta achar um
motorista chamado Roberto Irineu”.
Diferentemente do que ocorria nas gravações normais, a do último
programa não contou com plateia de estudantes ou caravanas do interior.
Apenas convidados da Globo, de Jô e de sua equipe assistiram ao programa
final. Carlos Henrique Schroder, diretor-geral da Globo, prestigiou o
apresentador. Também estavam presentes o diretor de Entretenimento
Ricardo Waddington e o diretor comercial Gilberto Leifert.
Ao final, Jô exibiu um trecho da entrevista que fez com Roberto
Marinho, exibida na estreia do “Programa do Jô” na Globo, em 2000.
“Estou encantado, pela sua popularidade, pela sua credibilidade, estou
satisfeitíssimo de ter você aqui”, diz o empresário.
UOL
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