sexta-feira, 25 de novembro de 2016

'Vazamento" da prisão do ex-governador

Gravações telefônicas indicam que Sérgio Cabral já sabia que seria preso

Ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral
Ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho, suspeito de saber que seria preso
Novos trechos de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça reforçam as suspeitas de investigadores de que pessoas próximas a Sérgio Cabral e o próprio ex-governador já sabiam que ele seria preso. Como mostrou o RJTV, o “vazamento” ainda pode significar que provas contra Cabral puderam ser ocultadas ou até mesmo destruídas. Cabral foi preso na quinta-feira (17), na Zona Sul do Rio, durante a 37ª fase da Operação Lava Jato, sob a suspeita de receber milhões em propina para fechar contratos públicos.
As conversas obtidas via grampo telefônico são entre Fani, que de acordo com o Ministério Público Federal seria uma espécie de governanta de Cabral, e o marido dela, Ricardo. No diálogo, eles comentam a transferência do ex-governador para o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste da cidade.
Outros trechos levam a crer que o ex-governador já sabia que seria preso. Cabral foi preso no apartamento onde morava, no Leblon, bairro tradicional da Zona Sul carioca. “O Sérgio já sabia, né?”, diz a mulher numa determinada parte da gravação.
A história envolve ainda o filho do casal, Pedro, que mostra estar preocupado com as investigações. Na gravação, Pedro demonstra apreensão com uma casa em Miguel (Pereira). O pai, Ricardo, tranquiliza o filho dizendo que a compra do imóvel foi em dinheiro vivo.
O último diálogo, mais abaixo, é aquele no qual os investigadores acreditam que provas possam ter sido destruídas ou ocultadas.
Veja abaixo a transcrição das gravações:
Bangu
Fani: Tá todo mundo preocupado com o Sérgio em Bangu, né?
Ricardo: É, mas eu tava falando com mamãe. Não vão mandar ele para lá, né? O cara não é maluco. Se mandar ele pra lá, vão mandar para uma cela especial, separada de tudo, porque o advogado bota.
Prisão de Cabral
Fani: Laviola ligou pra Célia cinco e meia dizendo que precisava falar com o governador, e que era muito urgente. Célia bateu no quarto e disse que Laviola precisava falar com ele muito urgente. O Sergio já sabia, né?
Ricardo: Já…
Fani: Ele se virou e disse pra Célia que a polícia iria bater a qualquer momento.
Ricardo: Polícia bateu e foram chegando pedindo o telefone da Célia, e pedindo os telefones de todos da casa.
Filho preocupado
Pedro: Se investigarem pra caralho, pode chegar em mim, né?
Ricardo: Por que, pô?
Pedro: Por causa da casa de Miguel.
Ricardo: Não, foi dinheiro vivo, Pedro. Não teve nenhuma transação do Sergio Cabral pra gente.
Ocultação e destruição de provas
R: Mas ele sabia o que que ele tava fazendo. Esse que é o problema. Né?
Fani: É… Acabei de falar agora com a Adriana. Mas eles estavam esperando semana que vem.
Ricardo: Quem, o Rodrigo?
Fani: É. Lembra que falei que o Rodrigo tava na casa dele semana passada? Ele falou: Fui levar uns negócios que ele pediu, mas depois mandou que levasse de volta, que não era pra ficar nada lá.
Ricardo: Isso é bom. Sinal de que não devem ter achado nada.
G1

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