José Maria Marin faz um ano preso em imóvel de luxo com idas ao Central Park
Exatamente
um ano atrás, parecia que a vida de José Maria Marin em Nova York seria
mais difícil. Mas o que poderia ser uma temporada em uma prisão
americana se transformou em rotina tranquila numa das áreas mais caras
de Manhattan.
Enquanto aguarda julgamento, previsto para o fim de
2017, o ex-presidente da CBF está em prisão domiciliar em seu
apartamento na Trump Tower, na esquina entre a Quinta Avenida e a Rua
56, bem perto do Central Park.
Marin pode sair de casa quatro
vezes por semama (terças, quintas e sábados de 12h até 17h, e aos
domingos de 12h a 18h) para caminhadas num raio de três quilômetros de
seu apartamento. O dirigente de 84 anos também frequenta uma igreja,
cuida da saúde e se encontra com advogados.
Seu apartamento está a
menos de um quilômetro de distância de atrações turísticas como o
Central Park, o MoMA (Museu de Arte Moderna), o Rockfeller Center, o
Carnegie Hall e quatro restaurantes com três estrelas no Guia Michelin.
Marin
recebe todos os dias o jornal “The New York Times” e se informa do que
acontece no Brasil pela TV. Segundo o GloboEsporte.com apurou, Marin
está menos ansioso com sua situação, mas não deixa de estar apreensivo
com o julgamento, que deve ocorrer em novembro de 2017.
Último voo
No
dia 3 de novembro de 2015, o ex-presidente da CBF (de 2012 a 2015)
desembarcou no aeroporto JFK de um voo da Swiss procedente de Zurique,
onde havia sido preso cinco meses antes a pedido de autoridades
americanas, que o acusam de fraude, lavagem de dinheiro e de receber
propinas milionárias em contratos relacionados a Fifa, CBF e Conmebol.
Voou algemado e na classe econômica.
Ele nega as acusações e se
declara inocente, motivo pelo qual descarta fazer algum tipo de acordo
de colaboração com as autoridades americanas. O atual presidente da CBF,
Marco Polo Del Nero, foi indiciado pelos mesmos crimes. A exemplo de
Marin, ele nega as acusações e diz ser inocente. Desde maio de 2015, o
presidente da CBF não viaja para fora do Brasil.
Assim que foi
extraditado aos EUA para aguardar seu julgamento, Marin entregou seu
passaporte para as autoridades americanas e costurou um acordo: pagou
US$ 1,2 milhão em dinheiro, garantiu outros US$ 15 milhões em
propriedades e assim evitou a estadia numa cadeia para ficar em prisão
domiciliar até o julgamento.
Inicialmente, o acordo restringiu sua
liberdade e sangrou suas economias, já que era ele quem tinha que arcar
com os custos de segurança.
Durante quatro meses e meio, o
cartola foi vigiado 24 horas por dia, de dentro de seu apartamento, por
um agente indicado pelo tribunal. No total, nove homens se revezavam
para cumprir turnos de oito horas diárias. Isso lhe custou R$ 1,5
milhão.
Aos poucos, as exigências foram sendo afrouxadas. O
segurança dentro do apartamento foi dispensado, o que baixou
drasticamente o custo para a família. Marin ainda usa uma tornozeleira
eletrônica está sob vigilância de câmeras instaladas na porta de seu
apartamento e em todas as saídas do prédio onde mora.
Há três
semanas, o jornal “O Estado de S. Paulo” noticiou que a família de Marin
pôs para aluguar uma mansão da família num bairro nobre de São Paulo
com o objetivo de pagar o custo da prisão nos EUA. Segundo o
GloboEsporte.com apurou, não houve interessados no imóvel.
De
acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, a corrupção no
futebol latino-americano desviou US$ 190 milhões. De acordo com
investigações e delações, entre 1991 e 2015 houve pagamento sistemático
de propinas e subornos para dirigentes da América do Sul e da América
Central em vários contratos.
Além de Marin, há outras 40 pessoas
indiciadas, entre cartolas que receberam e empresários que pagaram
subornos. Entre elas estão os últimos três presidentes da Conmebol e os
últimos três presidentes da CBF.
Um dos principais colaboradores
da Justiça dos EUA é o empresário J. Hawilla, que confessou ter
subornado dirigentes durante este período. O dinheiro da propina
circulou por empresas e bancos com sede nos Estados Unidos, motivo pelo
qual o processo corre no Tribunal Federal do Brooklyn, em Nova York.
Globo

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