Donald Trump dá sinais de que pode recuar em promessas de campanha eleitoral
Assessores indicam que as medidas serão de difícil viabilização
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, está dando sinais
de que pode recuar em algumas promessas feitas durante a campanha
eleitoral, entre as quais a construção de um muro na fronteira com o
México (a ser pago com dinheiro do governo mexicano), a proibição de
muçulmanos de entrar em território norte-americano, a expulsão de
imigrantes sem documentos e a revogação do Obamacare, uma lei
aprovada pelo pelo presidente Barack Obama em março de 2010 que reduz os
custos do seguro saúde de milhões de americanos.
Trump foi escolhido o novo presidente dos Estados Unidos em eleições
realizadas na terça-feira (8). Mas agora, tanto Donald Trump quanto seus
principais assessores estão passando a mensagem de que algumas medidas
vão ter de esperar, porque serão revistas, e que outras só serão
cumpridas parcialmente.
Donald Trump, que havia repetidamente prometido durante a campanha que
iria revogar o Obamacare, disse em uma entrevista ao The Wall Street
Journal que pensa em manter partes importantes da lei. Ele mudou de
opinião depois de ouvir ponderações do presidente Barack Obama, em um
encontro que eles tiveram na Casa Branca um dia depois do anúncio da
vitória de Trump nas eleições para presidente dos Estados Unidos.
Na entrevista ao jornal americano, Trump disse que está disposto a
deixar em vigor disposições que proíbem as seguradoras de negar
cobertura aos pacientes, alegando condições de saúde preexistentes. E
disse também que pretende manter a parte da lei que garante aos filhos
dos segurados a cobertura do plano até a idade de 26 anos. "Eu gosto
muito disso", disse Trump na entrevista.
Segundo o jornal The Washington Post, o ex-presidente da Câmara dos
Representantes (que equivale à Câmara dos Deputados brasileira) Newt
Gingrich, hoje um dos principais assessores do presidente eleito, lançou
dúvidas esta semana sobre a viabilidade de o novo governo conseguir
recursos do México para pagar o muro que Trump pretende construir na
fronteira sul dos Estados Unidos. "Ele já vai gastar muito tempo
controlando a fronteira. Mas ele pode não [ter esse tempo todo para]
gastar para fazer com que o México pague por ele, mas [de qualquer
forma] foi uma grande promessa de campanha ", disse Gingrich.
O ex-prefeito de Nova York Rudolph W. Giuliani, um dos conselheiros
mais próximos de Trump, disse que sem dúvida o muro será construído, mas
a data da construção está longe de ser uma questão resolvida. Ele disse
em uma entrevista à emissora de televisão CNN que o que Trump deve
priorizar inicialemente é a aprovação da reforma fiscal, e não a
construção do muro na fronteira mexicana.
Se realmente Donald Trump quiser cumprir a promessa de campanha de
expulsar imigrantes sem documentos, a primeira dificuldade será saber
quantas pessoas estão nessa situação. A falta de números confiáveis pode
atrasar ou inviabilizar a proposta. As estimativas sobre o número de
imigrantes que trabalham sem documentos nos Estados Unidos variam de 1
milhão a 6 milhões de pessoas. Durante a campanha eleitoral, Donald
Trump disse, em vários comícios, que pretendia expulsar 11 milhões de
pessoas que estariam em território norte-americano sem documentos.
Banir a entrada de muçulmanos nos Estados Unidos é uma das propostas de
campanha mais difíceis de serem viabilizadas porque envolve questões
éticas e de religião. Ao longo da campanha, Donald Trump foi fazendo
modificações nessa proposta. No início, ele se referia genericamente aos
muçulmanos. Depois, disse que só seriam barrados os muçulmanos vindos
de países "comprometidos com o terrorismo".
Agora, depois de eleito, Trump sequer mencionou a expulsão dos
muçulmanos. Ao fazer a primeira visita ao Congresso americano, Trump
citou como propostas a serem executadas por seu governo apenas as
questões de fronteira (imigrantes), os cuidados com a saúde (Obamacare) e
a criação de empregos.
Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário