segunda-feira, 28 de novembro de 2016

'Fatalidade'

Vítima de tromboembolismo pulmonar, empresária morre após cirurgia plástica

empresariaA empresária Michelle de Souza Pires, de 30 anos, que morreu menos de 36 horas após passar por cirurgias plásticas, em Goiânia, foi vítima de um tromboembolismo pulmonar, que é um problema causado por um coágulo que se forma nas veias e entope a artéria do pulmão, segundo consta na certidão de óbito. Fotos divulgadas pela família mostram a paciente logo após os procedimentos, quando aparentava estar bem (veja no vídeo acima). Os parentes acreditam que houve negligência médica no caso. O profissional nega.
Michelle morreu no domingo (27) depois de fazer uma abdominoplastia e uma lipoaspiração. Ela morava em Morrinhos, no sul do estado, onde o corpo foi sepultado na manhã desta segunda-feira (28).
A ex-sogra da vítima, Maria Clara Pires, conta que hospedou Michelle em Goiânia depois da cirurgia. Ela afirma que a empresária saiu do centro cirúrgico do Hospital Buriti, no Parque Amazônia, às 20h de sexta-feira (25) e recebeu alta médica às 13h do dia seguinte. Ela seguiu para a casa da ex-sogra, mas passou mal e morreu por volta das 5h de domingo na residência.
“No que ela gritou eu saí correndo, pois eu estava na sala, eu fui no quarto e vi que ela já estava desfalecendo. Aí comecei a fazer massagem cardíaca e lipoaspiração boca a boca. Só que, quando o Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência] chegou eles tentaram por mais de 30 minutos reanimá-la e não conseguiram”, relatou.
A ex-sogra acredita que o médico responsável pelo procedimento, Pablo Rassi, foi negligente. “A mãe dela me passou que ela estava com anemia, que o médico sabia que ela estava com anemia, e mesmo assim fez a cirurgia”, afirmou Maria Clara.
Em nota, o advogado que defende o cirurgião plástico, Carlos Marcio Rissi Macedo, destacou que o médico, inscrito no Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego) e na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica em Goiás (SBPC-GO), “lamenta o ocorrido, se solidariza com o sofrimento da família e se coloca à disposição das autoridades para os esclarecimentos”.
O texto ressalta, ainda, que “todos os exames estavam dentro da normalidade e que o ato cirúrgico transcorreu sem intercorrências, além de terem sido adotadas as medidas profiláticas recomendadas”.
Em entrevista à TV Anhanguera, o advogado disse que não houve negligência por parte de Rassi. “A gente acredita que mesmo que eles tivessem tentado falar diretamente com o dr. Pablo, a interferência dele não mudaria o resultado, pois, ao que tudo indica, foi um tromboembolismo, e isso se insere dentro das situações em que o médico no momento pode fazer muito pouco”, afirmou, ressaltando que houve riscos como qualquer procedimento cirúrgico.
Sobre a afirmação da família de uma possível anemia na paciente, o advogado destacou que isso não procede. “Os exames estavam dentro da normalidade, eles não indicavam anemia. Ela estava apta a ser operada”, assegurou Macedo.
Já o Hospital Buriti informou à TV Anhanguera, em nota, que a cirurgia aconteceu sem problemas e, na hora da alta, as condições clínicas da paciente eram adequadas. Como a morte ocorreu fora da unidade, o hospital destacou que aguarda a conclusão de laudos periciais.
Certidão de óbito apontou causa da morte da empresária Michelle de Souza Pires, em Goiás (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
Certidão de óbito apontou causa da morte da 
empresária - (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
O laudo final do Instituto Médico Legal (IML) com as conclusões sobre a morte da empresária deve ficar pronto a partir de 30 dias.
Um boletim de ocorrência foi registrado no 13º Distrito Policial de Goiânia. Além disso, o Cremego destacou que também instaurou uma investigação.
‘Fatalidade’
O cirurgião plástico Roberto Kaluf, membro da SBCP-GO, falou que, a princípio, a morte de Michelle “foi uma fatalidade”.
“Primeiramente porque foi realizado um procedimento nela no dia anterior e foi nos dito que ela foi toda preparada para o procedimento, com exames pré-operatórios, com avaliação do cardiologista, com uso de equipamentos adequados para a cirurgia, tipo botas de insuflação para membros, aparelho de baixo peso molecular, para se evitar uma trombose e uma embolia. Então, até que se prove o contrário, o que aconteceu com ela foi uma fatalidade”, afirmou.
Segundo ele, a paciente estava com quadro grave de tromboembolismo pulmonar quando morreu. “O que foi nos dito é que o trombo era muito grande, em uma área impossível de ser reparada”, destacou.
Sobre o fato de a paciente ter recebido alta menos de 24 horas depois da cirurgia, Kaluf diz que esse prazo foi correto. “O que existe hoje no mundo, não só aqui em Goiânia, é uma permanência menor possível no hospital. Os cirurgiões plásticos hoje tentam liberar o paciente com menos de 24 horas, para que ele possa começar a deambular e não tenha esses problemas quando a gente fica muito temeroso, como a embolia, trombose, entre outras complicações”.
Já o presidente da SBPC-GO, Luiz Humberto Garcia, explicou que o tromboembolismo pulmonar é uma complicação comum após a realização de abdominoplastia e lipoaspiração. “Tanto que o profissional utilizou de todos os recursos para evitar esse terrível sinistro que aconteceu com o paciente. Ele utilizou compressão pneumática intermitente, usou uma substância que busca evitar a formação do trombo, meia compressiva”, sustentou.
Sobre a possível anemia da paciente, Garcia destacou que “ela não é, nem de longe, causa da hipercoagulabilidade. E a anemia em si não gera um estado de formação de trombose”, explicou.
G1

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