Vítima de tromboembolismo pulmonar, empresária morre após cirurgia plástica

Michelle morreu no domingo (27) depois de fazer
uma abdominoplastia e uma lipoaspiração. Ela morava em Morrinhos, no
sul do estado, onde o corpo foi sepultado na manhã desta segunda-feira
(28).
A ex-sogra da vítima, Maria Clara Pires, conta que hospedou
Michelle em Goiânia depois da cirurgia. Ela afirma que a empresária saiu
do centro cirúrgico do Hospital Buriti, no Parque Amazônia, às 20h de
sexta-feira (25) e recebeu alta médica às 13h do dia seguinte. Ela
seguiu para a casa da ex-sogra, mas passou mal e morreu por volta das 5h
de domingo na residência.
“No que ela gritou eu saí correndo,
pois eu estava na sala, eu fui no quarto e vi que ela já estava
desfalecendo. Aí comecei a fazer massagem cardíaca e lipoaspiração boca a
boca. Só que, quando o Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência]
chegou eles tentaram por mais de 30 minutos reanimá-la e não
conseguiram”, relatou.
A ex-sogra acredita que o médico
responsável pelo procedimento, Pablo Rassi, foi negligente. “A mãe dela
me passou que ela estava com anemia, que o médico sabia que ela estava
com anemia, e mesmo assim fez a cirurgia”, afirmou Maria Clara.
Em
nota, o advogado que defende o cirurgião plástico, Carlos Marcio Rissi
Macedo, destacou que o médico, inscrito no Conselho Regional de Medicina
de Goiás (Cremego) e na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica em
Goiás (SBPC-GO), “lamenta o ocorrido, se solidariza com o sofrimento da
família e se coloca à disposição das autoridades para os
esclarecimentos”.
O texto ressalta, ainda, que “todos os exames
estavam dentro da normalidade e que o ato cirúrgico transcorreu sem
intercorrências, além de terem sido adotadas as medidas profiláticas
recomendadas”.
Em entrevista à TV Anhanguera, o advogado disse que
não houve negligência por parte de Rassi. “A gente acredita que mesmo
que eles tivessem tentado falar diretamente com o dr. Pablo, a
interferência dele não mudaria o resultado, pois, ao que tudo indica,
foi um tromboembolismo, e isso se insere dentro das situações em que o
médico no momento pode fazer muito pouco”, afirmou, ressaltando que
houve riscos como qualquer procedimento cirúrgico.
Sobre a
afirmação da família de uma possível anemia na paciente, o advogado
destacou que isso não procede. “Os exames estavam dentro da normalidade,
eles não indicavam anemia. Ela estava apta a ser operada”, assegurou
Macedo.
Já o Hospital Buriti informou à TV Anhanguera, em nota,
que a cirurgia aconteceu sem problemas e, na hora da alta, as condições
clínicas da paciente eram adequadas. Como a morte ocorreu fora da
unidade, o hospital destacou que aguarda a conclusão de laudos
periciais.
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Certidão de óbito apontou causa da morte da
empresária - (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
|
O
laudo final do Instituto Médico Legal (IML) com as conclusões sobre a
morte da empresária deve ficar pronto a partir de 30 dias.
Um
boletim de ocorrência foi registrado no 13º Distrito Policial de
Goiânia. Além disso, o Cremego destacou que também instaurou uma
investigação.
‘Fatalidade’
O cirurgião plástico Roberto Kaluf, membro da SBCP-GO, falou que, a princípio, a morte de Michelle “foi uma fatalidade”.
“Primeiramente
porque foi realizado um procedimento nela no dia anterior e foi nos
dito que ela foi toda preparada para o procedimento, com exames
pré-operatórios, com avaliação do cardiologista, com uso de equipamentos
adequados para a cirurgia, tipo botas de insuflação para membros,
aparelho de baixo peso molecular, para se evitar uma trombose e uma
embolia. Então, até que se prove o contrário, o que aconteceu com ela
foi uma fatalidade”, afirmou.
Segundo ele, a paciente estava com
quadro grave de tromboembolismo pulmonar quando morreu. “O que foi nos
dito é que o trombo era muito grande, em uma área impossível de ser
reparada”, destacou.
Sobre o fato de a paciente ter recebido alta
menos de 24 horas depois da cirurgia, Kaluf diz que esse prazo foi
correto. “O que existe hoje no mundo, não só aqui em Goiânia, é uma
permanência menor possível no hospital. Os cirurgiões plásticos hoje
tentam liberar o paciente com menos de 24 horas, para que ele possa
começar a deambular e não tenha esses problemas quando a gente fica
muito temeroso, como a embolia, trombose, entre outras complicações”.
Já
o presidente da SBPC-GO, Luiz Humberto Garcia, explicou que o
tromboembolismo pulmonar é uma complicação comum após a realização de
abdominoplastia e lipoaspiração. “Tanto que o profissional utilizou de
todos os recursos para evitar esse terrível sinistro que aconteceu com o
paciente. Ele utilizou compressão pneumática intermitente, usou uma
substância que busca evitar a formação do trombo, meia compressiva”,
sustentou.
Sobre a possível anemia da paciente, Garcia destacou
que “ela não é, nem de longe, causa da hipercoagulabilidade. E a anemia
em si não gera um estado de formação de trombose”, explicou.
G1
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