Vítima de tromboembolismo pulmonar, empresária morre após cirurgia plástica
A
 empresária Michelle de Souza Pires, de 30 anos, que morreu menos de 36 
horas após passar por cirurgias plásticas, em Goiânia, foi vítima de um 
tromboembolismo pulmonar, que é um problema causado por um coágulo que 
se forma nas veias e entope a artéria do pulmão, segundo consta na 
certidão de óbito. Fotos divulgadas pela família mostram a paciente logo
 após os procedimentos, quando aparentava estar bem (veja no vídeo 
acima). Os parentes acreditam que houve negligência médica no caso. O 
profissional nega.
Michelle morreu no domingo (27) depois de fazer
 uma abdominoplastia e uma lipoaspiração. Ela morava em Morrinhos, no 
sul do estado, onde o corpo foi sepultado na manhã desta segunda-feira 
(28).
A ex-sogra da vítima, Maria Clara Pires, conta que hospedou 
Michelle em Goiânia depois da cirurgia. Ela afirma que a empresária saiu
 do centro cirúrgico do Hospital Buriti, no Parque Amazônia, às 20h de 
sexta-feira (25) e recebeu alta médica às 13h do dia seguinte. Ela 
seguiu para a casa da ex-sogra, mas passou mal e morreu por volta das 5h
 de domingo na residência.
“No que ela gritou eu saí correndo, 
pois eu estava na sala, eu fui no quarto e vi que ela já estava 
desfalecendo. Aí comecei a fazer massagem cardíaca e lipoaspiração boca a
 boca. Só que, quando o Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência] 
chegou eles tentaram por mais de 30 minutos reanimá-la e não 
conseguiram”, relatou.
A ex-sogra acredita que o médico 
responsável pelo procedimento, Pablo Rassi, foi negligente. “A mãe dela 
me passou que ela estava com anemia, que o médico sabia que ela estava 
com anemia, e mesmo assim fez a cirurgia”, afirmou Maria Clara.
Em
 nota, o advogado que defende o cirurgião plástico, Carlos Marcio Rissi 
Macedo, destacou que o médico, inscrito no Conselho Regional de Medicina
 de Goiás (Cremego) e na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica em 
Goiás (SBPC-GO), “lamenta o ocorrido, se solidariza com o sofrimento da 
família e se coloca à disposição das autoridades para os 
esclarecimentos”.
O texto ressalta, ainda, que “todos os exames 
estavam dentro da normalidade e que o ato cirúrgico transcorreu sem 
intercorrências, além de terem sido adotadas as medidas profiláticas 
recomendadas”.
Em entrevista à TV Anhanguera, o advogado disse que
 não houve negligência por parte de Rassi. “A gente acredita que mesmo 
que eles tivessem tentado falar diretamente com o dr. Pablo, a 
interferência dele não mudaria o resultado, pois, ao que tudo indica, 
foi um tromboembolismo, e isso se insere dentro das situações em que o 
médico no momento pode fazer muito pouco”, afirmou, ressaltando que 
houve riscos como qualquer procedimento cirúrgico.
Sobre a 
afirmação da família de uma possível anemia na paciente, o advogado 
destacou que isso não procede. “Os exames estavam dentro da normalidade,
 eles não indicavam anemia. Ela estava apta a ser operada”, assegurou 
Macedo.
Já o Hospital Buriti informou à TV Anhanguera, em nota, 
que a cirurgia aconteceu sem problemas e, na hora da alta, as condições 
clínicas da paciente eram adequadas. Como a morte ocorreu fora da 
unidade, o hospital destacou que aguarda a conclusão de laudos 
periciais.
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Certidão de óbito apontou causa da morte da  
empresária - (Foto: Reprodução/TV Anhanguera) 
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O
 laudo final do Instituto Médico Legal (IML) com as conclusões sobre a 
morte da empresária deve ficar pronto a partir de 30 dias.
Um 
boletim de ocorrência foi registrado no 13º Distrito Policial de 
Goiânia. Além disso, o Cremego destacou que também instaurou uma 
investigação.
‘Fatalidade’
O cirurgião plástico Roberto Kaluf, membro da SBCP-GO, falou que, a princípio, a morte de Michelle “foi uma fatalidade”.
“Primeiramente
 porque foi realizado um procedimento nela no dia anterior e foi nos 
dito que ela foi toda preparada para o procedimento, com exames 
pré-operatórios, com avaliação do cardiologista, com uso de equipamentos
 adequados para a cirurgia, tipo botas de insuflação para membros, 
aparelho de baixo peso molecular, para se evitar uma trombose e uma 
embolia. Então, até que se prove o contrário, o que aconteceu com ela 
foi uma fatalidade”, afirmou.
Segundo ele, a paciente estava com 
quadro grave de tromboembolismo pulmonar quando morreu. “O que foi nos 
dito é que o trombo era muito grande, em uma área impossível de ser 
reparada”, destacou.
Sobre o fato de a paciente ter recebido alta 
menos de 24 horas depois da cirurgia, Kaluf diz que esse prazo foi 
correto. “O que existe hoje no mundo, não só aqui em Goiânia, é uma 
permanência menor possível no hospital. Os cirurgiões plásticos hoje 
tentam liberar o paciente com menos de 24 horas, para que ele possa 
começar a deambular e não tenha esses problemas quando a gente fica 
muito temeroso, como a embolia, trombose, entre outras complicações”.
Já
 o presidente da SBPC-GO, Luiz Humberto Garcia, explicou que o 
tromboembolismo pulmonar é uma complicação comum após a realização de 
abdominoplastia e lipoaspiração. “Tanto que o profissional utilizou de 
todos os recursos para evitar esse terrível sinistro que aconteceu com o
 paciente. Ele utilizou compressão pneumática intermitente, usou uma 
substância que busca evitar a formação do trombo, meia compressiva”, 
sustentou.
Sobre a possível anemia da paciente, Garcia destacou 
que “ela não é, nem de longe, causa da hipercoagulabilidade. E a anemia 
em si não gera um estado de formação de trombose”, explicou.
G1

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