Policiais do Senado tentaram impedir busca na casa de Collor, diz Polícia Federal
O
inquérito da Polícia Federal na Operação Métis, que investiga suposta
tentativa da Polícia do Senado de inibir ações da Operação Lava Jato,
narra que policiais legislativos tentaram impedir uma busca realizada no
apartamento funcional do senador Fernando Collor de Mello (PTC-AL).
Collor é um dos parlamentares investigados na Lava Jato.
De acordo com o inquérito, em julho de 2015, a PF cumpria mandados de
busca e apreensão no apartamento funcional e também na Casa da Dinda, de
propriedade do ex-presidente.
Segundo relato da delegada que chefiava a missão, Andréa Pinho
Albuquerque, os policiais legislativos apareceram no local exigindo o
mandado judicial e alegando que a Polícia do Senado deveria ter sido
previamente comunicada.
"No momento em que a equipe abriu a porta para sair da residência, fomos
surpreendidos pela presença de aproximadamente sete policiais
legislativos, que impediram nossa saída", relatou a delegada,
acrescentando que o diretor da Polícia do Senado, Pedro Ricardo de
Araújo Carvalho, "esbravejava de forma bastante ríspida que a diligência
estava eivada de nulidade".
A saída dos policiais federais só teria sido permitida por Carvalho
depois de um "bate-boca" entre um membro do Ministério Público que
acompanhava a operação e um diretor da Polícia Civil, também presente.
"Esta signatária [delegada Andréa Pinho Albuquerque] dirigiu-se a esse
senhor [diretor da Polícia Civil] informando-lhe que ele estaria
praticando cárcere privado, e se não permitisse a saída imediata da
equipe policial e das demais pessoas que acompanharam a diligência,
ser-lhe-ia dada voz de prisão", relatou a advogada.
O relato foi enviado num ofício datado de 15 de julho enviado ao
delegado Tiago Delebary, coordenador da Operação Politeia, fase da Lava
Jato que apreendeu documentos e veículos de luxo do ex-presidente,
investigado por suposto recebimento de propina da BR Distribuidora,
subsidiária da Petrobras.
A Operação Métis, deflagrada nesta sexta (21), apura a conduta de
policiais legislativos suspeitos de prestar serviço de
contrainteligência para ajudar senadores investigados na Lava Jato e em
outras operações.
A suspeita é que esses policiais faziam varreduras nas casas dos
políticos para, por exemplo, identificar e eliminar escutas instaladas
com autorização judicial.
O principal suspeito é o diretor da Polícia do Senado, Pedro Ricardo de
Araújo Carvalho, apontado pelo juiz federal que autorizou a operação,
Vallisney de Souza Oliveira, como líder da "associação criminosa" e
"responsável pelas condutas e autor das ordens aos demais membros", com
"domínio pleno dos fatos".
Em depoimento à Métis em junho deste ano, o policial legislativo Carlos
André Ferreira Alfama, que não é investigado no caso, confirmou a
atuação de Pedro Carvalho na busca no apartamento de Collor.
“Houve ordem de Pedro Ricardo de Araújo Carvalho no sentido de os
policiais envidarem esforços para impedir a entrada da Polícia Federal
em apartamentos funcionais de senadores, no cumprimento de mandado de
busca", disse Alfama aos investigadores.
O policial legislativo acrescentou que após a busca da PF, Carvalho
ordenou uma varredura na casa de Collor para encontrar equipamento de
escuta eventualmente instalado pela PF.
G1
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