Crimes políticos já mataram 96 pessoas esse ano no Brasil, aponta levantamento
Levantamento realizado pelo jornal O Estado de S. Paulo
aponta que ao menos 96 pessoas, entre prefeitos, secretários
municipais, candidatos e militantes, foram executadas por motivações
políticas entre janeiro e setembro deste ano. Os dados têm como base
registros policiais, em sua maioria, além de documentos de fóruns,
denúncias do Ministério Público e processos nos Tribunais de Justiça.
Uma
série de treze assassinatos de pré-candidatos e candidatos a vereador e
cabos eleitorais no Rio de Janeiro, neste ano, contribuiu para tornar
2016 o mais sangrento na política desde a Lei de Anistia, em 1979.
O
levantamento não inclui as três mortes ocorridas na quarta-feira na
cidade goiana de Itumbiara. A polícia ainda investiga o motivo que levou
o funcionário público Gilberto Ferreira do Amaral a matar o candidato a prefeito José Gomes da Rocha
(PTB) e ferir o governador em exercício José Eliton (PSDB) durante uma
carreata. Amaral e o policial Vanilson João Pereira morreram após o
tiroteio.
Entre os motivos para as mortes de políticos neste ano
está o controle do dinheiro dos municípios. Foram mortos Cícero Lopes,
de Maraã (AM), Gilmar Pinheiro, de Praia Norte (TO), e José Gomes, de
Goianésia (PA). Com saída apenas pelo Rio Japurá, Maraã, a 630
quilômetros de Manaus, viveu dias de guerra civil em fevereiro, quando o
prefeito do PROS, de 65 anos, foi alvejado com um tiro de espingarda
nas costas, numa emboscada. O vice-prefeito Magno Moraes, 24 anos, do
PT, que tinha divergência com Cícero, assumiu o poder. A família de
Cícero o acusa pelo assassinato.
A Polícia Civil, no entanto,
indiciou quatro comerciantes que tinham dívida a receber da prefeitura.
Destes, dois admitiram o crime: Lázaro e Anderson Moraes, primos de
Magno.
A lista de políticos mortos neste ano inclui também
candidato a vereador pelo PP do Rio e presidente da tradicional escola
de samba Portela, Marcos Vieira de Souza, o Falcon, de 52 anos. Ele foi
assassinado a tiros, no dia 26 de setembro, por dois homens que
invadiram o seu comitê de campanha, em Madureira. A série de mortes de
políticos no Estado nestas eleições é quase a mesma das disputas
municipais de quatro anos atrás, quando onze pessoas morreram.
A
busca do poder por meio de crimes de mando ocorre também em cidades
pacatas. É o caso de Luiziana, de 7.000 habitantes, no Paraná, a 328
quilômetros de Curitiba, onde o secretário municipal de Fazenda,
Lindolfo Angelo Cardoso, de 31 anos, foi morto dentro de casa e diante
de um filho.
Desde a redemocratização, entidades de direitos
humanos cobram dos três Poderes dados oficiais. Desta vez, o Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) apresentou um número de vinte assassinatos
políticos nos últimos nove meses, um avanço nas divulgações da Justiça,
que sempre apresentou versões genéricas e números ainda mais baixos.
De
agosto de 1979 para cá, 1.269 pessoas morreram por motivações de
disputas pelo poder político no país. Este número é fruto de um
monitoramento dos homicídios na política feito pelo jornal O Estado de S. Paulo há três anos.
Veja com Estadão Conteúdo
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