quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Assassinato e esquartejamento

Suspeito de matar e esquartejar família paraibana na Espanha se entrega à guarda civil

Vídeo mostra desembarque de sobrinho que teria esquartejado família. Jovem não confessa; ele viajou para responder ao processo, diz advogado.



O jovem François Patrick Gouveia, suspeito de assassinar e esquartejar o tio, a esposa deste e os dois filhos do casal na Espanha, se entregou à Guarda Civil espanhola na manhã desta quarta-feira (19), segundo o advogado Eduardo de Araújo. De acordo com a defesa, Patrick saiu de João Pessoa na noite da terça-feira (18), e foi preso assim que desembarcou no aeroporto de Adolfo Suárez-Madrid Barajas, em Madri.
A Guarda Civil espanhola divulgou em uma rede social um vídeo que mostra o desembarque do suspeito no aeroporto de Madri. (Veja vídeo acima)
“Quando eu voltei da Espanha, conversei com a família e com ele, relatando o que eu vi do processo lá. Ele entendeu que seria melhor voltar para a Espanha e responder ao processo lá do que esperar abrir um aqui no Brasil. Inclusive, ele destaca que resolveu voltar para lá justamente para ver que ele não estava foragido, como as pessoas falavam”, disse Eduardo de Araújo.
Segundo o advogado, Patrick comprou a passagem e saiu da capital paraibana em um voo convencional, com escalas em Recife e São Paulo. Ele resolveu se entregar após acertar um acordo com a polícia espanhola. “Como ele não tinha nenhum mandado de prisão no Brasil, ele não precisou viajar com a polícia, e foi sozinho”, explicou Eduardo. O voo saiu de São Paulo às 22h (horário de Brasília) e pousou na Espanha no início da manhã desta quarta-feira, no horário brasileiro.
Ainda de acordo com Eduardo Cavalcanti, os parentes mais próximos do jovem estão abalados com o caso e acenaram uma ajuda para trazer os corpos da família assassinada de volta para o Brasil.
"A família ainda está muito abalada com tudo isso. Afinal de contas, Patrick volta para a Espanha. E a família agora está preocupada com a repatriação dos corpos. A família [de Patrick] quer ajudar na medida do possível para que os corpos das vítimas cheguem logo ao Brasil para que aqui recebam as condolências finais dos seus familiares”, comentou o advogado.
De acordo com uma nota publicada no site oficial da Guarda Civil espanhola, Patrick foi levado para o comando da Guarda Civil de Guadalajara, onde vai aguardar para ser entregue à Justiça do país.
Ordem de prisão
A Justiça espanhola tinha emitido uma ordem de prisão europeia e internacional contra François Patrick Gouveia, mas até então o suspeito ainda não havia recebido nenhuma notificação sobre o mandado de prisão no Brasil. De acordo com Eduardo Cavalcanti, advogado da família de Patrick, ele prestou depoimento à Polícia Federal no dia 30 de setembro.
Fontes da investigação informaram à agência EFE que Patrick, que é sobrinho de Marcos Campos Nogueira, pai da família assassinada, decidiu se entregar após conversas entre os investigadores espanhóis e seu advogado, que esteve na Espanha na semana passada.
A ordem foi emitida no dia 22 de setembro, mas o Superior Tribunal de Justiça da região de Castilla-La Mancha só divulgou uma nota sobe a ordem na terça-feira (4). À época, o ministro de Interior da Espanha, Jorge Fernández Díaz, deu por "esclarecido" o quádruplo assassinato e descartou a possibilidade de que os crimes tenham relação com o tráfico de drogas ou o crime organizado.
A imprensa espanhola noticiou ainda que o DNA do suspeito foi encontrado no local do crime e que o celular dele dava indícios de que ele esteve no local "durante a tarde, a noite e a manhã seguinte" ao crime.
A Polícia Federal disse que estava aguardando informações do Chefe da Interpol no Brasil e monitorava o caso, sendo considerada inválida a ordem de prisão emitida na Espanha, até que houvesse alguma homologação feita por tribunal superior no Brasil.
O suspeito
Em 2013, François Patrick foi apreendido aos 16 anos por esfaquear um professor em sala de aula no estado do Pará e cumpriu 45 dias de medida socioeducativa. Em março deste ano, se mudou para a Europa para tentar a vida como jogador de futebol e foi morar com a família do tio na cidade de Torrejón, onde ficou por quatro meses.
Segundo o advogado da família de Patrick, a família de Marcos tinha o costume de mudar de endereço. “Ele disse que Marcos estava se mudando, o que era muito comum, ele mudar de residência. E disse também que Marcos falou que depois voltaria para buscá-lo. Patrick nem sabia o novo endereço dele”, explicou o advogado.
A Guarda Civil espanhola afirmou que Patrick é "violento" e ressaltou que ele tem antecedentes criminais no Brasil. Segundo o comandante Reina, o acusado tem características de psicopatia, demonstradas por "sua falta de apego à vida humana e de afetividade" e "seu narcisismo e egoísmo".
Missa em homenagem
Na terça-feira (19), foi celebrada na igreja São Gonçalo, na torre, uma missa em homenagem a família paraibana. A data foi escolhida pelos parentes pois marca o aniversário da filha do casal, Maria Carolina Américo, que faria 4 anos. Durante a missa, amigos e familiares usaram blusas com fotos do casal e dos filhos e um banner com a foto dela foi confeccionado como homenagem.
Relembre o caso
Os corpos do casal e das duas crianças foram encontrados esquartejados no dia 18 de setembro, na casa onde eles moravam, a cerca de 60 km de Madri. Os investigadores calculam que os corpos se encontravam na casa há cerca de um mês.
As autoridades foram alertadas por um vizinho "que percebeu o odor" procedente da residência, segundo a polícia. De acordo com a imprensa espanhola, os corpos esquartejados foram achados em bolsas de plástico fechadas com uma fita adesiva.
Os agentes não encontraram sinais de que os assassinos tenham forçado a entrada na casa da família. "A entrada não foi forçada, nem qualquer tipo de janela, porta, nada", indicou o porta-voz da Guarda Civil. Vários vizinhos entrevistados indicaram que a família alugava a casa e que foram pouco vistos desde que se mudaram para lá no final de julho.
"O que está claro é que a forma com que os corpos foram achados indica uma intenção de não deixar pistas e depois se desfazer deles", afirmou Jesús García, tenente-coronel e investigador da Guarda Civil. "Dá a impressão de que algo foi abortado em um determinado momento, porque não é lógico que os cadáveres ficassem ali, dentro de casa", acrescentou.
Parentes das duas famílias viajaram para a Espanha no dia 26 de setembro para tentar transportar os corpos ao Brasil.
G1

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