Em depoimento, Delcídio do Amaral afirma que Lula era chefe da quadrilha do Petrolão
Delcídio do Amaral revelou detalhes de como o ex-presidente conduzia o esquema que desviou cerca de 20 bilhões de reais dos cofres públicos
A defesa de Lula tem repetido que ele é inocente - (Foto: Divulgação) |
Em março, O ex-senador Delcídio do Amaral assinou um
acordo de delação premiada com a justiça, apontando Lula como o
comandante do esquema de corrupção na Petrobras — uma suspeita com a
qual os investigadores sempre trabalharam, mas que ainda não haviam
colhido evidências capazes de sustentar uma acusação. O site do jornal O Globo informou hoje que o ex-senador formalizou a denúncia contra Lula.
A VEJA apurou que o depoimento de Delcídio foi dado na quinta-feira
(1). Segundo o ex-senador, Lula distribuiu as diretorias da estatal
entre políticos aliados em troca do apoio deles no Congresso. Além de
cuidar pessoalmente de cada detalhe do loteamento, da divisão dos postos
à escolha dos nomeados, Lula teria pleno conhecimento de que os
partidos usavam os cargos para cobrar propina de empreiteiras e
financiar seus caixas e campanhas eleitorais. Era, segundo o
ex-senador, uma ação coordenada de governo que tinha o objetivo de
comprar apoio político-partidário com propina desviada de contratos
superfaturados da Petrobras.
Ex-líder do governo Dilma e ex-líder do PT na gestão Lula, Delcídio
depôs ao procurador Januário Paludo, integrante da força-tarefa da
Lava-Jato. O ex-senador pontuou sua narrativa com uma espécie de divisor
de águas. Ele declarou que havia nichos isolados de corrupção na
empresa até a descoberta do mensalão, em 2005. Com o estouro do
escândalo, Lula teve de reorganizar a base governista para escapar do
impeachment. Para tanto, abriu ainda mais as portas da Petrobras a PMDB e
PP.
A corrupção, então, passou a ser sistêmica. Delcídio declarou ainda
que nenhum outro presidente usou tanto a Petrobras politicamente como
Lula. O petista despachava pessoalmente com os diretores da estatal.
Além disso, lançava mão da companhia como instrumento de disputa
eleitoral — por exemplo, ao defender uma política de conteúdo nacional,
em contraposição à suposta intenção do PSDB de privatizar a petroleira.
Delcídio foi preso em novembro do ano passado, ao ser flagrado
tentando comprar o silêncio de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras
que negociava uma colaboração premiada e prometia revelar segredos que
comprometeriam Lula. Na cadeia, o ex-senador negociou o próprio acordo
de colaboração.
Suas revelações mostraram que, além de Lula, a então presidente Dilma
estava envolvida em tentativas de sabotar a Operação Lava-Jato. A
ex-presidente é alvo de um inquérito da Polícia Federal. Lula já foi
indiciado por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e falsidade
ideológica.
Na entrevista concedida a VEJA, Delcídio fez uma segunda e grave
revelação: quando ocupava o cargo de ministro da Justiça do governo
Dilma, o advogado José Eduardo Cardozo vazava informações sigilosas
sobre as investigações policiais para empreiteiros envolvidos no
escândalo.
Os advogados de Delcídio do Amaral não quiseram comentar o caso. A
defesa de Lula tem repetido que ele é inocente. Recentemente, o
ex-presidente lançou cartilha em quatro idiomas em que se apresenta como
alvo “da mais violenta campanha de difamação da história do país”.
Veja
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