quinta-feira, 22 de setembro de 2016

"Eu fazia isso constantemente"

Eike Batista diz que pagou marqueteiro de Dilma por ‘espírito democrático’

Eike diz que pagou marqueteiro de Dilma por ‘espírito democrático’
No depoimento prestado à força-tarefa da Lava-Jato, o ex-presidente do Conselho de Administração da OSX Eike Batista disse ter feito um depósito de US$ 2,3 milhões no exterior para as contas do marqueteiro João Santana e da mulher dele Monica Moura, em atenção ao “espírito democrático” e para contribuir para que “a democracia flua”.
— Eu fazia isso constantemente como um brasileiro que achava que essa era minha contribuição política, (para) que a democracia flua e continue — afirmou o empresário. Ele assumiu o pagamento em depoimento espontâneo prestado à Lava-Jato no dia 20 de maio deste ano, 25 dias depois de ter sido procurado pela primeira vez pelo GLOBO para esclarecer revelação feita por Mônica Moura à Lava-Jato sobre pagamentos realizados por ele no exterior, durante tentativa de delação premiada.
Embora tenha associado o pagamento ao casal Santana a um pedido do então ministro da Fazenda a título de colaboração eleitoral, Eike afirmou aos Ministério Público Federal (MPF) que esperava que o publicitário prestasse algum serviço às suas empresas.
- Eu queria uma prestação de serviço para fazer esse pagamento. Eu não ia fazer uma simples doação. Eu queria algo em troca, que pudesse usar nos meus trabalhos - disse o empresário, mencionando o bom relacionamento de João Santana com o governo da Venezuela e Angola, por exemplo, áreas onde afirma que tinha interesse em atuar.
- Ele poderia me mostrar se valia à pena fazer investimentos nesses países. (...) Entendo que a empresa deles poderia ter expertise pelo nível de relacionamento com esses governo - completou Eike.
Depois que começaram a ter suas contas no exterior investigadas na Lava-Jato, o casal Santana chegou a encaminhar a Eike um relatório de atividades da Shelbill.
- Se você ver o relatório, não vale o que paguei. Mas tem informação importante - afirmou o empresário, que se dispôs a apresentar o documento aos investigadores.
Eike disse à força-tarefa que esta teria sido a única ocasião em que Mantega teria lhe solicitado recursos para o PT, e que não recebeu qualquer ameaça do então ministro.
- Ele não fez ameaças, isso nunca existiu. Ele não tinha o que me dar. O capital era meu - afirmou.
O empresário negou ter pagado propina em contratos da Petrobras:
- Eu era carta fora do baralho (...) Era um cartel e o Eike Batista que trazia empresas estrangeiras e tinha capital próprio não se encaixava nesse clube. Eu não era parte nesse clube - argumentou.
PF FAZ BUSCA E APREENSÃO NA OSX Durante a Operação 'Arquivo X', realizada nesta quinta-feira, a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão na OSX, braço naval do antigo grupo "X", criado por Eike Batista, como antecipou o colunista Lauro Jardim, do GLOBO.
A empresa funciona no mesmo prédio da OGPar, ex-OGX, petroleira do grupo, que assumiu as operações da OSX em março de 2015. A operação resultou na apreensão de documentos, arquivos e computadores.
As investigações buscaram documentos relacionados a operações irregulares realizadas pela gestão da OSX anteriores ao pedido de recuperação judicial da companhia, no fim de 2013. Os advogados criminalistas de Eike Batista ainda não comentaram.
Jornal Extra

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