Eike Batista diz que pagou marqueteiro de Dilma por ‘espírito democrático’
No
depoimento prestado à força-tarefa da Lava-Jato, o ex-presidente do
Conselho de Administração da OSX Eike Batista disse ter feito um
depósito de US$ 2,3 milhões no exterior para as contas do marqueteiro
João Santana e da mulher dele Monica Moura, em atenção ao “espírito
democrático” e para contribuir para que “a democracia flua”.
— Eu fazia isso constantemente como um brasileiro que achava que essa
era minha contribuição política, (para) que a democracia flua e continue
— afirmou o empresário.
Ele assumiu o pagamento em depoimento espontâneo prestado à Lava-Jato no
dia 20 de maio deste ano, 25 dias depois de ter sido procurado pela
primeira vez pelo GLOBO para esclarecer revelação feita por Mônica Moura
à Lava-Jato sobre pagamentos realizados por ele no exterior, durante
tentativa de delação premiada.
Embora tenha associado o pagamento ao casal Santana a um pedido do então
ministro da Fazenda a título de colaboração eleitoral, Eike afirmou aos
Ministério Público Federal (MPF) que esperava que o publicitário
prestasse algum serviço às suas empresas.
- Eu queria uma prestação de serviço para fazer esse pagamento. Eu não
ia fazer uma simples doação. Eu queria algo em troca, que pudesse usar
nos meus trabalhos - disse o empresário, mencionando o bom
relacionamento de João Santana com o governo da Venezuela e Angola, por
exemplo, áreas onde afirma que tinha interesse em atuar.
- Ele poderia me mostrar se valia à pena fazer investimentos nesses
países. (...) Entendo que a empresa deles poderia ter expertise pelo
nível de relacionamento com esses governo - completou Eike.
Depois que começaram a ter suas contas no exterior investigadas na
Lava-Jato, o casal Santana chegou a encaminhar a Eike um relatório de
atividades da Shelbill.
- Se você ver o relatório, não vale o que paguei. Mas tem informação
importante - afirmou o empresário, que se dispôs a apresentar o
documento aos investigadores.
Eike disse à força-tarefa que esta teria sido a única ocasião em que
Mantega teria lhe solicitado recursos para o PT, e que não recebeu
qualquer ameaça do então ministro.
- Ele não fez ameaças, isso nunca existiu. Ele não tinha o que me dar. O capital era meu - afirmou.
O empresário negou ter pagado propina em contratos da Petrobras:
- Eu era carta fora do baralho (...) Era um cartel e o Eike Batista que
trazia empresas estrangeiras e tinha capital próprio não se encaixava
nesse clube. Eu não era parte nesse clube - argumentou.
PF FAZ BUSCA E APREENSÃO NA OSX
Durante a Operação 'Arquivo X', realizada nesta quinta-feira, a Polícia
Federal cumpriu mandado de busca e apreensão na OSX, braço naval do
antigo grupo "X", criado por Eike Batista, como antecipou o colunista
Lauro Jardim, do GLOBO.
A empresa funciona no mesmo prédio da OGPar, ex-OGX, petroleira do
grupo, que assumiu as operações da OSX em março de 2015. A operação
resultou na apreensão de documentos, arquivos e computadores.
As investigações buscaram documentos relacionados a operações
irregulares realizadas pela gestão da OSX anteriores ao pedido de
recuperação judicial da companhia, no fim de 2013. Os advogados
criminalistas de Eike Batista ainda não comentaram.
Jornal Extra
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