Dilma promete depoimento forte no plenário contra o impeachment, na segunda-feira
Publicado por:
Ivyna Souto
A
presidente afastada Dilma Rousseff se reuniu ontem com seu antecessor,
Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio da Alvorada. Chamado por ela, o
ex-presidente desembarcou em Brasília para ajudar na articulação contra o
impeachment e se encontrar com senadores. Na segunda-feira, a
presidente afastada comparecerá ao plenário do Senado para fazer sua
defesa, escoltada por uma comitiva de 35 pessoas, a maioria
ex-ministros. Lula deve estar ao seu lado, mas o PT ainda avalia se é
conveniente levá-lo ao plenário ou se ele deve acompanhar o
pronunciamento de sua afilhada política numa sala reservada. Dilma foi
aconselhada a dar um depoimento forte, sem meias palavras, dizendo que o
processo de impeachment só foi aberto porque ela não cedeu à pressão
para barrar as investigações da Operação Lava-Jato.
A presidente afastada também recebeu sugestões para citar o áudio no
qual o senador Romero Jucá (PMDB-RR) afirma ao ex-presidente da
Transpetro Sérgio Machado que é preciso mudar o governo para “estancar a
sangria” da Lava-Jato e impedir o avanço das investigações.
O tom do pronunciamento foi discutido com Lula. A ideia é que a
petista também evoque o passado de militante de esquerda e o seu
julgamento pela ditadura militar para destacar que, mais uma vez, está
sendo acusada de crimes que não cometeu. “Nunca pensei que viveria de
novo uma situação como essa”, afirmou Dilma na quarta-feira, em
Brasília, no último ato público do qual participou antes do julgamento
final no Senado. Até agora, seus aliados não conseguiram os 28 votos
necessários para barrar o impeachment. Lula já estava em Brasília quando
foi divulgada a notícia de que a Polícia Federal o indiciou no
inquérito que investiga a propriedade de um triplex no Guarujá, sob
suspeita de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e falsidade
ideológica. A ex-primeira dama Marisa Letícia também foi indiciada. Lula
e Marisa negam ser donos do apartamento. Depois de se reunir com
senadores, Lula retornou a São Paulo. O ex-presidente voltará a Brasília
amanhã, na véspera do pronunciamento de Dilma no plenário do Senado.
O senador Humberto Costa (PT-PE), ex-líder do governo Dilma, disse
que a presidente afastada e Lula “trocaram avaliações políticas” sobre o
andamento do processo de impeachment. De acordo com Costa, o objetivo
inicial da viagem de Lula a Brasília era se encontrar com senadores ,a
fim de garantir votos contra o impeachment, mas ele decidiu se se reunir
com Dilma. “Lula defendeu junto a ela uma fala mais política na
segunda-feira”, contou o parlamentar petista. Questionado se a presença
de Lula na segunda-feira vai ajudá-la, o líder do PT afirmou que o
ex-presidente “não está preocupado se vai ajudar, mas vem pela
solidariedade nessa hora difícil”. Conforme Humberto Costa, além dele e
Paulo Rocha, Lula também se reuniu com os senadores Jorge Viana (PT-AC) e
José Pimentel (PT-CE) no aeroporto de Brasília, pouco antes de embarcar
para São Paulo.
AFASTAMENTO
Dilma Rousseff está afastada da Presidência da República
desde 12 de maio, quando a Câmara dos Deputados aceitou o pedido de
impeachment apresentado pelos juristas Janaina Paschoal e Miguel Reali
Jr., que acusam a petista de cometer crime de responsabilidade fiscal
com as chamadas pedaladas fiscais. No último dia 16, ela leu mensagem ao
Senado na qual alegou ser inocente e propôs a realização de um
plebiscito sobre antecipação da eleição presidencial, como forma de
tentar salvar o seu mandato. Mas o discurso não mudou a tendência no
Senado de votar pela sua cassação.
No fim do julgamento, provavelmente na terça-feira, se 54 senadores
votarem pelo impeachment, ele perderá o mandato e o presidente em
exercício, Michel Temer, assumirá definitivamente a Presidência até o
fim de 2018, quando haverá nova eleição presidencial.
Estado de Minas
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