sábado, 20 de agosto de 2016

Caso raro

Bebê de mãe com morte cerebral deve ficar por no mínimo um mês na UTI, diz médico

Grávida teve morte cerebral e médicos mantiveram
gestação (Foto: Arquivo Pessoal)
Grávida teve morte cerebral e médicos mantiveram gestação - (Foto: Arquivo Pessoal)
A bebê de Rosiele Onofre Pires, 17 anos, pode ter de ficar mais um mês na UTI do Hospital Maternidade São José, em Colatina, Noroeste do Espírito Santo. Ela nasceu 44 dias depois de a mãe ter tido morte cerebral e ser mantida viva por aparelhos para continuar a gestação.
O bebê, uma menina, nasceu com 1 kg e 110 gramas, na noite desta quinta-feira (18). Depois da cesárea, os aparelhos foram desligados já que a família de Rosiele se recusou a doar os órgãos.
Esse é o primeiro caso da história do Espírito Santo em que uma mãe com quadro de morte cerebral foi mantida viva para que o parto acontecesse.
De acordo com o coordenador da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital Maternidade São José, Rafael Ribeiro Teixeira, a internação da bebê na UTI neonatal pode durar no mínimo um mês.
“Deve ser uma internação longa de UTI porque, além dos problemas respiratórios, é um bebê que nasceu com 1,1 quilo e ainda vai perder peso. Ela precisa atingir no mínimo dois quilos, pois diminui bastante o risco de outras complicações”, afirma.
A bebê está recebendo suporte respiratório, nutricional e suporte de aquecimento para manter as funções vitais adequadas.
“Como é muito pequena, ela tem que ficar na incubadora para manter a temperatura corporal adequada. O pulmão não está completamente preparado para funcionar sem ajuda. Então ela está respirando com a ajuda de aparelhos e a nutrição está sendo realizada pela veia. Mas ela nasceu bem e chorou na hora do parto”, comenta o médico Rafael.
A recém-nascida está recebendo os cuidados necessários do hospital, mas ainda corre risco. “É uma paciente prematura e pode evoluir para uma insuficiência respiratória mais grave. Tem risco de pegar uma infecção, mas estamos otimistas, pois a equipe é preparada e especializada nesse tipo de caso”, conclui.
Caso raro é o primeiro no Estado
A equipe do Hospital Maternidade São José afirma que este tipo de caso é raro, sendo o primeiro na história do Espírito Santo no qual uma mãe com quadro de morte cerebral foi mantida por aparelhos para que o parto fosse realizado.
Segundo o coordenador da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Maternidade São José, Rodrigo Cruvinel Figueiredo, para o hospital é uma conquista cuidar de um caso como o de Rosiele.
“Para nós é muito gratificante. É um caso raro, e a gente conseguiu manter a mãe até uma maturidade ideal para a criança”, comenta.
O médico diz que Rosiele chegou praticamente em coma no hospital e foi prontamente atendida. “É uma paciente com morte encefálica desde o dia 5 de julho. A causa da morte foi um vaso intracraniano que sangrou. Estamos mantendo ela há 44 dias por aparelhos”, comenta. Essa é a quarta gestação de Rosiele, que já sofreu dois abortos.
Rodrigo Cruvinel Figueiredo afirma que era um quadro delicado, mas que deu certo porque há uma equipe especializada para esse tipo de atendimento. Uma das formas de acompanhar a bebê foi realizando o ultrassom duas vezes por semana para saber a vitalidade fetal.
“Sempre estávamos acompanhando para realizar o parto no melhor momento. Sempre monitoramos”, finaliza.
G1

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