Temer conquista fidelidade do PMDB no impeachment de Dilma Rousseff
Três
meses após assumir interinamente a Presidência, Michel Temer conseguiu
conquistar o apoio de boa parte de seu partido, o PMDB. Se, nos dias que
antecederam o afastamento de Dilma Rousseff, determinadas alas do
partido de Temer ainda mostravam-se fiéis à petista, a votação da
pronúncia da presidente afastada, ocorrida na última quarta-feira (10),
indica que ela não conta mais com esse suporte.
A ampliação dos
votos favoráveis ao impeachment na última votação no Senado, em relação à
que culminou no afastamento de Dilma, deve-se sobretudo à mudança de
posições de peemedebistas.
Durante a votação da pronúncia, 16 dos
19 integrantes do partido votaram pelo impeachment — um percentual de
84% dos senadores peemedebistas.
Na primeira votação, que definiu o
afastamento de Dilma, o apoio havia sido menor: 13 dos 18 peemedebistas
votaram pelo prosseguimento do processo contra a presidente — um apoio
de 72%. Na época, o partido tinha um senador a menos, já que Kátia Abreu
ainda era ministra.
Entre a primeira e a segunda votação, quatro
senadores cujos votos que não apoiavam o impeachment passaram a votar a
favor da continuidade do processo. Três deles são peemedebistas: Eduardo
Braga, Jader Barbalho e João Alberto Souza. O outro voto conquistado
por Temer foi de Pedro Chaves, do PSC-MS, que ainda não havia assumido
sua cadeira na primeira votação.
João Alberto de Souza havia
votado a favor de Dilma. Segundo a assessoria de imprensa do senador, a
mudança de posicionamento aconteceu para acompanhar a decisão de voto da
sua legenda. Já Braga e Barbalho haviam se ausentado na primeira
votação.
Procurados pela reportagem do R7, os
três afirmaram, por meio de suas assessorias de imprensa, que manterão
seus votos favoráveis ao afastamento da presidente Dilma Rousseff no julgamento final, previsto para o dia 25 de agosto.
Caso
todos os senadores mantenham seus votos, os governistas conseguirão
cinco votos além do necessário para afastar Dilma da Presidência em
definitivo — durante a votação da pronúncia 59 senadores manifestaram-se
favoráveis à continuidade do processo (o mínimo necessário para aprovar
impeachment na votação final são 54 votos).
Além da fidelidade
dos três peemedebista, Temer conquistou também, entre a primeira e a
segunda votação, o apoio de Pedro Chaves, que assumiu sua cadeira no
Senado após a cassação do ex-petista Delcídio do Amaral.
Quais peemebedistas não apoiaram Temer?
Dos
19 integrantes do PMDB presentes no Senado, apenas três deles não deram
aval ao impeachment. O presidente do Senado, Renan Calheiros, procurou
se manter imparcial desde a primeira votação, alegando que tomaria
partido somente durante a votação final devido a seu cargo.
Fiel a
Dilma, a ex-ministra Kátia Abreu votou contra o relatório de Anastasia.
Roberto Requião também não seguiu a decisão do partido e, na última
votação, declarou apoio à presidente afastada, votando pela não
continuação do processo do impeachment.
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