Polícia Federal usou agente infiltrado para prender suposto grupo terrorista
Eles estariam planejando ataques no Rio de Janeiro durante os Jogos Olímpicos
A Polícia Federal (PF) usou um agente infiltrado para ter acesso aos
grupos de bate-papo em que os investigados pela Operação Hashtag
conversavam sobre a possibilidade de realizar ataque terrorista durante
os Jogos do Rio.
A Folha apurou que, com essa técnica de monitoramento,
as forças de segurança reuniram elementos suficientes para comprovar
que os simpatizantes das facções extremistas migraram de meras
manifestações de apoio ao Estado Islâmico aos chamados atos
preparatórios, o que sustentou a realização das prisões na última quinta
(21).
Com acesso aos diálogos, os policiais descobriram que, além dos planos
para o Rio, o grupo chegou a cogitar uma investida no exterior. Em outro
momento, falaram inclusive em ir à Síria, mas não conseguiram angariar
recursos para a viagem.
O acompanhamento do infiltrado também foi útil para traçar o perfil dos integrantes do grupo de conversa.
Os investigadores identificaram, por exemplo, que parte dos suspeitos
não se dizia convertida ao islamismo, mas, sim "revertida" porque
consideravam que haviam nascido muçulmanos, foram batizados em outras
religiões, mas acabaram retornando aos preceitos islâmicos.
O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, disse, em entrevista após a
operação, que os suspeitos se auto-intitulavam Defensores da Shaira e,
na maior parte do tempo, recorriam aos aplicativos e à internet para se
comunicarem. Em virtude disso, o acesso às conversas rendeu farto
material à investigação.
INÍCIO
Segundo relato de fontes à reportagem, o caso teve origem em
monitoramento iniciado há mais de um ano pela Abin (Agência Brasileira
de Inteligência), que em determinado momento passou a compartilhar
informações com a DAT (Divisão Antiterrorismo) da Polícia Federal.
Pelo menos desde 2014 é feito o acompanhamento dos passos, na internet e
fora dela, do suspeito Marco Mário Duarte, que nas redes sociais diz se
chamar Zaid Duarte.
Dois anos atrás, ele foi objeto de texto de um blog que procurava
denunciar suas atividades como simpatizante do Estado Islâmico e de
ações terroristas. Nessa publicação, foram divulgadas duas fotos em que
Zaid supostamente portava armas.
Na época, os órgãos de inteligência colocartam holofote sobre Zaid e
apuraram que na primeira imagem ele portava não arma de fogo, mas de
brinquedo, usada em paintball. A segunda, um fuzil AK-47, era real,
porém o homem que o carregava não era Zaid –ele teria copiado a imagem
em outro site.
A partir desse primeiro contato com Zaid, os órgãos de inteligência
continuaram monitorando suas atividades que, ao longo dos últimos dois
anos, se intensificaram, o que levou a PF a agir.
Folha de São Paulo
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