Suicídio de adolescente russa de 12 anos revela lado sombrio das redes sociais
![]() |
Artigos do Grupo da Morte foram já foram lidos mais de 2 milhões de vezes no site da 'Novaya Gazeta' (Foto: Reprodução/Novaya Gazeta)
|
Um
dia como qualquer outro em uma pequena cidade no centro da Rússia. Uma
adolescente de 12 anos se prepara para ir à escola. Seu telefone toca.
Logo
ela está de saída, dizendo que vai à escola com uma amiga. Horas mais
tarde, sua mãe visita a escola, mas não há sinais da menina. Ninguém a
viu.
O telefone da mãe toca. O toque identifica que a ligação vem do celular da filha.
“Querida, onde você está?”, pergunta a mãe, aliviada.
“Não é sua filha”, uma voz estranha responde. “Sua filha está morta.”
Subcultura nas redes
Nos meses seguintes ao suicídio da filha – lançando-se do topo de um
edifício -, a mãe descobriu com a adolescente havia imergido em uma
subcultura de suicídio generalizada nas redes sociais, envolvendo
imagens de autoflagelação, games alternativos e até o culto de outra
adolescente de 16 anos que tirou a própria vida de forma violenta.
A história é o eixo central de uma longa reportagem de capa no jornal independente Novaya Gazeta sobre os chamados “Grupos da Morte”, publicada no dia 16 de maio.
A história é o eixo central de uma longa reportagem de capa no jornal independente Novaya Gazeta sobre os chamados “Grupos da Morte”, publicada no dia 16 de maio.
Nela, a repórter Galina Mursalieva
afirma que diversos grupos usam a rede social mais popular da Rússia,
VKontakte (VK), para levar jovens vulneráveis ao suicídio.
Estes grupos são regularmente banidos, mas outros surgem em seu lugar.
Segundo
a reportagem, pelo menos 80 casos recentes de suicídio podem estar
relacionados a estes grupos online. Quatro mortes, incluindo a da jovem
citada acima, ocorreram no mesmo dia de dezembro do ano passado, e mais
ou menos da mesma forma.
A reportagem gerou grande repercussão:
foi vista mais de 2 milhões de vezes no site do jornal e despertou um
debate nas redes sociais e entre a opinão pública.
Críticos,
entretanto, acusam Mursalieva de ter tratado um assunto complexo com
sensacionalismo e de ter dado – ao lado dos pais das vítimas – ênfase
exagerado ao papel da internet como causa dos suicídios de adolescentes.
A autora não chega a esclarecer quais os propósitos dos “Grupos da Morte” e quem está por trás deles.
Após
a primeira, outra reportagem, do site Lenta.ru, apresentou uma
narrativa mais cheia de nuances, embora não menos preocupante, da
subcultura do suicídio na internet.
O texto sugere que os
indivíduos por trás dos grupos atuantes nas redes não são muito mais
velhos que os adolescentes a quem eles se dirigem; em muitos casos,
exploram cultos suicidas para fortalecer seus próprios egos ou gerar
renda com publicidade.
Suicídio adolescentes na Rússia
– A Rússia tem o terceiro mais alto número de suicídio entre adolescentes no mundo: 22 por 100 mil;
– A média global é de 7 em cada 100 mil;
– 20% dos adolescentes russos dizem conviver com fatores como depressão, ansiedade e agressão; média ocidental é de 5%;
– 45% das jovens e 27% dos jovens na Rússia têm pensamentos suicidas;
– A maioria dos suicídios é relacionada ao alcoolismo dos pais, conflitos familiares e abusos.
Fonte: Unicef 2011/Rosstat 2016
– A Rússia tem o terceiro mais alto número de suicídio entre adolescentes no mundo: 22 por 100 mil;
– A média global é de 7 em cada 100 mil;
– 20% dos adolescentes russos dizem conviver com fatores como depressão, ansiedade e agressão; média ocidental é de 5%;
– 45% das jovens e 27% dos jovens na Rússia têm pensamentos suicidas;
– A maioria dos suicídios é relacionada ao alcoolismo dos pais, conflitos familiares e abusos.
Fonte: Unicef 2011/Rosstat 2016
A
partir da repercussão das matérias, investigadores em São Petersburgo
iniciaram um inquérito criminal para apurar a ação de grupos online que
promovem o suicídio.
Críticos temem que o governo aproveite a investigação para elevar a sua censura na internet.
O que todos concordam é que o suicídio de adolescentes é um problema não apenas na Rússia, como em outras ex-repúblicas soviéticas.
Críticos temem que o governo aproveite a investigação para elevar a sua censura na internet.
O que todos concordam é que o suicídio de adolescentes é um problema não apenas na Rússia, como em outras ex-repúblicas soviéticas.
Um
relatório de 2011 da Unicef afirmou que o país tem a terceira mais alta
taxa de suicídio adolescente do mundo – três vezes maior que a média
global.
Na Rússia, em média 22 em cada 100 mil adolescentes se
suicidam a cada ano – e em duas regiões, Tuva e Chukotka, essa taxa
supera 100 por 100 mil.
No mundo, a média é de 7 por cada 100,000.
O ranking é liderado por outras duas repúblicas integrantes da antiga União Soviética, Cazaquistão e Belarus.
G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário