Jornalistas e cientistas concordam: impeachment de Dilma não tem volta
Jornalistas e cientistas políticos debateram, na noite desta
segunda-feira, os desdobramentos do processo de impeachment da
presidente Dilma Rousseff. Durante o programa Frente a Frente (TV
Arapuan), apresentado pelo jornalista Heron Cid, especialistas em
ciências políticas e jornalismo político, afirmaram que não há como
reverter o processo de impedimento da gestora petista.
Eles também disseram que dois deputados federais paraibanos (dos nove
que votaram a favor do impeachment) saem fortalecidos com a confirmação
do PMDB tomando o poder (com Michel temer assumindo a Presidência da
República): Manoel Júnior e Veneziano Vital do Rego, ambos do PMDB e
pré-candidatos ao cargo de prefeito nas cidades de João Pessoa e Campina
Grande, respectivamente. Cientistas políticos disseram, porém, que
ainda é cedo para falar em sucesso eleitoral e também nas alianças.
“Dilma é uma militante de extrema confiança de Lula. Ela sabotou sua
base política pela dificuldade de dialogar. O Senado vai afastar Dilma.
Já são favas contadas””, disse Aécio Melo, advogado e cientista
político. Ele também comentou a ‘teoria de conspiração’ apontada pelo
governo, que tem como principal alvo o vice-presidente Michel Temer.
“Conspirador é um termo muito forte. Há uma pressão das ruas e do
empresariado, para que Temer tome as rédeas da situação, pois o país
está desgovernado”.
Também cientista político, José Artigas discorda sobre a conspiração.
“Há uma conspiração a olhos vistos. O vice que quer tomar o lugar da
presidente. Estamos vivendo a pior crise do nosso país e vai piorar com
ou sem Dilma”. Artigas destacou que as investigações da Polícia Federal
tinham objetivo claro de interferir no processo político. Ele também
falou que foi o PT quem permitiu o aprofundamento das investigações,
dando mais autonomia à Polícia Federal e ampliando os mecanismos de
controle.
“Desde a chegada do governo do PT, ainda com Lula, tivemos a
autonomia da Polícia Federal, que tornou-se mais ativa. A própria
delação premiada foi sugerida pelo governo Dilma, que também criou a
possibilidade de condenação de corruptores. Os mecanismos de controle
foram ampliados, permitindo investigações mais profundas. Mas, a PF
construiu provas ilegais e foi de encontro aos direitos humanos. O
objetivo era interferir no processo político”, disse Artigas.
O jornalista Adelton Alves declarou que Dilma não tem apoio político.
“Não tem traquejo. No primeiro governo o apoio já era fragilizado. Não é
muito afeita a fazer política. E Temer faz o tempo todo. É a praia dele
e não é a praia dela”. Dilma, conforme ele, tem um colapso de
governabilidade. Adelton explicou a ‘debandada’ dos partidos da base
aliada levando em conta que as legendas estão pensando na perspectiva de
poder.
João Costa, jornalista, também acredita que é impossível reverter a
situação. “Inês é morta”, disse ele. Para Costa, Temer não terá
dificuldades de governar porque terá apoio da mídia que manipulou a
percepção da sociedade com relação ao processo de impeachment. “O que me
preocupa é o que se estabeleceu a partir de ontem: a coação moral.
Dilma não conseguiu governar um dia sequer quando foi reeleita. Parte
dos políticos abandonou o governo com a esperança de não ser investigada
na Lava Jato”, finalizou João Costa.
Jãmarrí Nogueira-MaisPB
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