Senador deixa PMDB, critica aliança com a Dilma e vai para o PSDB
O senador Ricardo Ferraço (ES)
anunciou nesta sexta-feira (15) o desligamento dele do PMDB, partido que
compõe a base do governo. Com a saída do senador, o PMDB deixa de ter
18 nomes no senado e passa a ter 17. O PSDB pode ser o próximo partido
do parlamentar..
Em nota, Ferraço afirmou que apelou “reiteradas vezes” para que o PMDB deixasse a aliança com o PT e com a presidente Dilma Rousseff.
“Tenho defendido que o partido abandone o quanto antes essa aliança
política responsável pela atual derrocada política, moral e econômica do
Brasil, com graves consequências sociais. Ingenuamente, cheguei a
acreditar que esse afastamento se daria, mas o que temos visto é a
insistência na manutenção da aliança espúria, sem perspectivas de novos
rumos”, escreveu.
Atualmente, o senador é membro titular de sete comissões no Senado,
entre as quais, as de Assuntos Econômicos (CAE) e Constituição, Justiça e
Cidadania (CCJ). Ferraço também é relator da CPI do HSBC, que apura
eventuais irregularidades relacionadas a brasileiros nas denúncias do
“Swissleaks”, como ficou conhecido o escândalo gerado a partir do
vazamento de informações bancárias de clientes do banco inglês.
Próximo destino
Apesar de Ferraço estar em negociação com oPSDB, a assessoria do senador não oficializou o destino do parlamentar e disse que ele deve fazer o anúncio nas próximas semanas.
Mesmo quando estava no PMDB, Ferraço foi, nas eleições de 2014, o coordenador da campanha presidencial do senador Aécio Neves(PSDB-MG) no Espírito Santo.
O líder do PSDB no Senado, Cassio Cunha Lima
(PB), afirmou que a negociação de Ferraço com os tucanos “está bem
avançada” e que após o Carnaval a situação deve ser decidida. Se a ida
de Ferraço para o PSDB for confirmada, o partido passará a ter 12 nomes
no Senado.
“Só não está 100% fechado porque há preocupação tanto do PSDB quanto
do senador Ferraço de tentar construir um caminho que possa gerar
conciliação na política do Espírito Santo”, disse.
De acordo com o senador tucano, Ferraço tem compromisso de apoiar a
reeleição do prefeito de Vitória em 2016, Luciano Rezende, do PPS.
Ao mesmo tempo, o PSDB pode ter um candidato, Luiz Paulo Vellozo Lucas.
“Ferraço tem constrangimento natural de ir para o PSDB e na chegada ter
divergência interna por força do compromisso que tem com o atual
perfeito”, explicou.
Cássio Cunha Lima
disse que o PPS é um aliado importante do PSDB e disse que vê com
“naturalidade” a possibilidade de os tucanos apoiarem o PPS em Vitória.
Ele destacou, no entanto, que é necessário ouvir o PSDB no estado.
Leia a íntegra da nota divulgada pela assessoria de imprensa do senador:
Informei esta manhã ao líder do PMDB no Senado, Eunício de
Oliveira, e ao presidente regional do PMDB no Espírito Santo, deputado
federal Lelo Coimbra, o meu desligamento do partido.
Tomei esta decisão a despeito de minha sintonia com a legenda no
estado, liderada pelo governador Paulo Hartung, que, desde a sua última
administração, vem realizando profundas e positivas mudanças das quais
fui e sou parceiro, além de ser um exemplo de gestão pública e de
práticas políticas.
Deixo bons amigos e companheiros no PMDB capixaba, com os quais
tenho grande apreço e pretendo continuar tendo as mesmas respeitosas
relações. A postura digna da legenda no estado se compara a das
representações no Rio Grande do Sul, de Pedro Simon, em Pernambuco, de Jarbas Vasconcelos, e em Santa Catarina, do saudoso Luiz Henrique da Silveira, entre outras. A independência e a coragem foram e são as suas marcas.
Mas, infelizmente, a grande mudança que precisamos e devemos
realizar no país não será feita pelos nossos estados, mas, sim, no plano
nacional. Apelei reiteradas vezes ao PMDB que deixasse a aliança
liderada pelo PT e pela presidente Dilma Rousseff na Presidência da República, em nome de suas grandes tradições, notadamente na luta pela redemocratização de nosso país.
Tenho defendido que o partido abandone o quanto antes essa
aliança política responsável pela atual derrocada política, moral e
econômica do Brasil, com graves consequências sociais. Ingenuamente,
cheguei a acreditar que esse afastamento se daria, mas o que temos visto
é a insistência na manutenção da aliança espúria, sem perspectivas de
novos rumos.
É chegado o momento de buscarmos a união de forças para derrotar
de vez esse projeto de poder que tanto mal faz ao nosso país e às
futuras gerações.
Com os meus sinceros cumprimentos aos colegas do PMDB,
particularmente os do Espírito Santo, continuarei lutando em outras
trincheiras por dias melhores para todos, resgatando a honra na
política, a justiça social e o desenvolvimento. Como disse o pensador
Thiago de Mello, não tenho um caminho novo. O que eu tenho de novo é um
jeito de caminhar.
Ao expor essa minha convicção, desejo sinceramente que o
governador Hartung possa refletir sobre ela e tomar igual decisão de
deixar o PMDB.
Vitória, 15 de janeiro de 2016
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