Em quatro anos, Paraíba perde 465 leitos de internação na rede pública
Nova análise do Conselho Federal de Medicina aponta queda acentuada de leitos desde 2010
A Paraíba perdeu nos últimos
quatro anos, durante a gestão do governador Ricardo Coutinho (PSB), 465
leitos de internação, destinados a pacientes que precisam permanecer num
hospital por mais de 24 horas. Em julho de 2010, a Paraíba tinha 8.048
leitos. Já em julho deste ano, 7.588. Houve crescimento dos leitos
complementares: de 515 para 542 (um aumento de 27 leitos em quatro
anos). Também houve alta nos leitos de repouso e observação, que
passaram de 2.119 para 2.317 (aumento de 198 leitos).
Conforme relatório do Conselho federal de Medicina, todas as regiões do
País perderam leitos de internação, menos a região Sul, que – em quatro
anos – ganhou 417. O Sudeste perdeu 9,7 mil. O Centro-Oeste, 1,3 mil. A
região Norte perdeu 545 leitos. E a região Nordeste teve decréscimo de
3.533 leitos de internação.
O número de leitos de internação em hospitais de João Pessoa também
sofreu redução, entre 2010 e 2014, durante a gestão dos prefeitos
Luciano Agra (PEN, mas à época no PSB) e Luciano Cartaxo (PT). Nestes
quatro anos, João Pessoa perdeu três leitos de internação. Houve
crescimento dos leitos complementares: de 229 para 268 (um aumento de 39
leitos em quatro anos). Também houve alta nos leitos de repouso e
observação, que passaram de 448 para 490 (aumento de 42 leitos).
Nordeste
O Nordeste perdeu nos últimos quatro anos 3.533 leitos de internação,
destinados a pacientes que precisam permanecer num hospital por mais de
24h horas. Em julho de 2010, a região dispunha de 101.132 leitos de
internação para uso exclusivo do Sistema Único de Saúde (SUS), número
que caiu para 97.599 em julho deste ano. As informações foram apuradas
pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) junto ao Cadastro Nacional de
Estabelecimentos de Saúde (CNES), do Ministério da Saúde. O período
escolhido levou em conta informação do governo federal de que os números
anteriores a 2010 poderiam não estar atualizados.
Para o presidente do CFM, Carlos Vital, os dados revelam uma realidade
que, diariamente, aflige médicos e pacientes em unidades hospitalares de
todo o país. “A insuficiência de leitos para internação ou realização
de cirurgias é um dos fatores que aumenta o tempo de permanência dos
pacientes nas emergências. Por falta desses leitos, os pacientes acabam
‘internados’ nas emergências à espera do devido encaminhamento ou
referenciamento”. Segundo Vital, a falta de leitos para internação é
considerada a principal causa da superlotação e do atraso no diagnóstico
e no tratamento, que, por sua vez, aumentam a taxa de mortalidade.
Em números absolutos, o estado do Maranhão foi o que mais sofreu com
redução no período, 888 leitos desativados desde julho de 2010. Na
sequência aparece Piauí (-501), Bahia (-470 leitos), Paraíba (-460) e
Ceará (-444). Em todos os demais estados da região houve decréscimo.
Dentre as especialidades mais afetadas no período, em nível local,
constam pediatria (-2898 leitos) e obstetrícia (-1235), dentre outras.
Leitos de observação e UTI
O levantamento do CFM apurou ainda os chamados leitos complementares
(reservados às Unidades de Terapia Intensiva (UTI), isolamento e
cuidados intermediários). Ao contrário dos leitos de internação, essa
rede complementar apresentou alta de 26%, passando de 5.067 em julho de
2010 para 6.407 no mesmo mês de 2014. O maior acréscimo aconteceu no
Estado de Pernambuco (464), seguido por Maranhão (315).
Também foram apurados na pesquisa os leitos de repouso, utilizados para
suporte das ações ambulatoriais e de urgência, como administração de
medicação endovenosa e cirurgias ambulatoriais ou de emergência com
permanência até 24 horas. Nesta categoria, houve um aumento de 11% na
quantidade de leitos no período.
Brasil abaixo da média mundial
Em todo o país, quase 15 mil leitos de internação foram desativados na
rede pública de saúde desde julho de 2010, segundo o levantamento do
CFM. Naquele mês, o país dispunha de 336,2 mil deles para uso exclusivo
do SUS. Em julho deste ano, o número passou para 321,6 mil – uma queda
de quase 10 leitos por dia.
Jãmarrí Nogueira-MaisPB com CFM
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