Aumento de prazo é positivo mas requer cuidado, diz economista
Para servidores públicos, por exemplo, o período aumentou de 60 para 96 meses
Recentemente, o governo ampliou
o prazo de pagamento do crédito consignado para aposentados,
pensionistas e servidores públicos federais. No caso de aposentados e
pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o número
máximo de parcelas passou de 60 a 72, valendo para desconto em folha ou
cartão de crédito. Para servidores, o período aumentou de 60 para 96
meses. Segundo economista ouvido pela Agência Brasil, a medida tem um
viés positivo, pois o prazo maior permite diminuir o valor da prestação.
Mas os contemplados devem saber administrar o benefício, alerta.
“O efeito positivo é que permite uma folga no valor do desconto do
consignado. A pessoa pode transformar o empréstimo atual em um mais
longo e, assim, suavizar seu orçamento mensal. Por outro lado, o
comprometimento da renda diminui e aumenta o espaço para contrair novos
empréstimos. Então aumenta o montante total da dívida. Esse é o risco
implícito nessa operação”, analisa o economista Gilberto Braga,
professor de Finanças do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais
(Ibmec).
Segundo Braga, apesar de a taxa de juros ter sido mantida inalterada nos
dois casos – de 2,14% a 3,06% ao mês no caso de aposentados e
pensionistas, e 2,5% ao mês, no caso de servidores públicos – o tomador
de crédito deve se lembrar que, quanto maior o prazo do empréstimo,
maior o valor em juros que terá pago ao final dele. Ele recomenda
critério na hora de contrair dívidas.
“O servidor não deve tomar a decisão [de fazer um empréstimo consignado]
pelo valor da prestação, e sim pelo que realmente precisa para resolver
uma situação emergencial. O ideal, se puder, é reduzir o número de
prestações, para reduzir o valor dos juros e também para diminuir o
tempo que o servidor ou aposentado fica preso à obrigação”, aconselha.
De acordo com Edison Costa, presidente da Associação Nacional das
Empresas Promotoras de Crédito e Correspondentes no País (Aneps), as
instituições representadas pela entidade estão sujeitas a ajustes dos
bancos para ofertar os novos prazos. “O [empréstimo] de 72 meses [para
aposentados e pensionistas], a maioria dos bancos já comunicou que a
gente pode operar. Do funcionalismo público, ainda não recebemos
comunicado”, disse.
Na avaliação de Edison, do ponto de vista das empresas de crédito, o
prazo maior pode ser benéfico. “Para nós é bom, pois reativa os
processos. Os créditos já estavam um pouco estrangulados. Dá um alívio
no caixa das pessoas, melhora um pouco a movimentação da economia, pois
põe mais recursos em circulação. Mas é uma medida paliativa. Vai durar o
tempo que você recicla a carteira”, destaca ele, que acredita em
aumento nos empréstimos feitos por aposentados.
“O aposentado é capaz de aquecer um pouco mais que o tomador
tradicional. Ele tem uma demanda maior por crédito, com o salário cada
vez mais achatado”, comenta o presidente da Aneps, que faz um alerta. “O
aposentado está tomando crédito de maneira que é até difícil. Não é
para constituir patrimônio, é mais para cobrir uma deficiência de caixa
que ele tem”, ressalta.
Procurada, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) disse, por meio
de sua assessoria de comunicação, que ainda não há como estimar o
impacto dos novos prazos na procura por crédito. A entidade informou
ainda que “a implementação do novo prazo das operações de consignado
depende de pequenos ajustes sistêmicos das instituições financeiras”. A
Febraban também destacou que o cliente pode optar por prazos inferiores
ao limite máximo e que, antes de finalizar qualquer operação, deve ter
certeza de que o valor da parcela não irá comprometer as outras despesas
do mês.
Agência Brasil
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