Candidatos apresentam propostas, mas não fogem dos ataques e ofensas no último debate
O
último debate promovido na televisão antes do segundo turno, que será
realizado no próximo domingo (26), foi marcado por ataques, denúncias e
também por propostas. O programa teve três blocos, com os candidatos ao
governo da Paraíba fazendo perguntas entre si e começou com Ricardo
Coutinho (PSB), que indagou Cássio Cunha Lima (PSDB) sobre os projetos
para a educação em tempo integral.
Cássio lembrou os projetos implementado por ele quando governador e
falou de suas propostas. “Elevamos o ensino médio para 57 cidades,
promovi a autonomia da UEPB, construímos a escola Mestre Sivuca e vamos
implementar o bolsa trabalho, que será uma poupança para tocar um
negócio ou financiar novas fases de estudo”, respondeu o tucano.
Ricardo rebateu afirmando que o projeto é a cópia do planejado quando
Cássio era prefeito de Campina Grande. “É a mesma da poupança escola de
Campina Grande dizendo que ia depositar e não depositou um centavo
sequer. Eu saí de 13 para 579 escolas de ensino médio”, disse.
A resposta de Ricardo aqueceu o debate e Cássio continuou mostrando
as propostas para a educação. “Você cita programas que não fiz. Tire a
máscara e vamos falar a verdade. Vamos devolver a autonomia da UEPB,
implementar o bolsa trabalho, vamos revisar o Plano de Cargos e Carreira
dos professores e tratar aposentado melhor. Acabar com a perseguição
que tem. Pode confiar, a educação vai melhorar”, continuou.
A pergunta mudou de lado e dessa vez foi o candidato Cássio Cunha
Lima quem se dirigiu a Ricardo Coutinho perguntando sobre a falta de
investimentos no combate às drogas.
“Na verdade assinei um programa nacional para cuidar de dependentes
do crack. Esse programa avançou pouco, mas vai avançar agora com Dilma.
Vamos fazer com que as três Fazendas da Esperança possam ter parceria
conosco. Esse não é um problema só da Paraíba, é do Brasil”, respondeu o
socialista voltando ao tema educação. “Você assinou a lei criando a lei
do bolsa escola em 1999 e não depositou na conta de ninguém. Talvez se
tivesse feito isso tivesse tirado jovens do mundo das drogas. Política
tem que trabalhar. Ou trabalha ou a população dá as contas e vai
embora”, concluiu.
Cássio retrucou, chamou Ricardo de oportunista e voltou às propostas.
“Ele é oportunista, mas não vou cair no nível dele e vou apresentar
propostas. A Paraíba lhe derrotou. Não fosse as alianças com pessoas que
você atacava… Vamos criar centros de tratamentos de dependentes
químicos e parcerias com as igrejas. Seu governo investiu menos de 125
mil no combate às drogas, menos de 125 mil em quatro anos”, respondeu.
E Ricardo rebateu. “Você está equivocado. O Proerde investiu quase 3
milhões. São 18 mil estudantes que passaram pelo Proerde, se tem alguém
oportunista não sou eu. Passou três anos no governo e só rompeu faltando
poucos meses para a campanha. Quem tem dez minutos de guia e não
consegue passar uma obra durante quase sete anos que governou”, afirmou.
Agora foi a vez de Ricardo perguntar a Cássio e ele mirou na Cagepa.
“Saneamos as finanças da Cagepa, estamos investindo na empresa, porque
sabemos que isso é atribuição do estado. Porque o senhor defende a
privatização da Cagepa?”, indagou o socialista.
Cássio respondeu negando que pense em privatizar a estatal. “Não
coloque palavras na minha boca. Não basta criar números? Pare de mentir,
nunca falei em privatização. O povo lhe rejeitou. Não fosse dois turnos
você teria perdido. O povo conhece meu trabalho como o Boa Nova e vamos
retomar, vamos investir em saneamento, pavimentação, drenagem e
abastecimento com adutoras que construímos, muitas começadas no nosso
governo e você ainda não terminou por incompetência e ineficiência. Não
vamos privatizar. Você, de forma maldosa, quer fazer com que a Paraíba
acredita nisso. A Paraíba lhe derrotou por essa postura”, falou.
Ricardo respondeu atacando. “Como a Paraíba me rejeitou? A tua raiva e
teu ódio mostram isso. Até o Ibope disse isso. Mostram o teu desespero.
O teu Boa Nova não tem um sistema de esgotamento funcionando. Você só
enterrou tubos e canos. Tinha deputado que dizia que você era o
governador tatu, você quer privatizar sim a Cagepa”.
O candidato tucano rebateu. “É lamentável. Ao invés de olhar para o
futuro, ele tenta desqualificar indo para agressão e vai mais além e
coloca na minha boca palavras que nunca disse. O que vamos fazer é
investir na qualidade de vida das pessoas. Dobramos a coleta de esgoto e
vamos voltar a investir em saneamento e vamos continuar as obras de
adutoras que você, por incompetência, não terminou”.
A réplica e tréplica terminaram e Cássio voltou a perguntar a
Ricardo. “Em 2010 você prometeu que não ia perseguir pessoas e demitiu
mais de 30 mil substituindo por cabos eleitorais. Prometeu uma
maternidade em cada município e disse que ia resolver em seis meses a
violência”.
A resposta de Ricardo foi negando as afirmações de Cássio. “Não
demiti. O único problema que tivemos foi em Campina Grande. E adivinha
quem perseguiu? Mesmo eu pedindo para que se preservasse, mas você com
sua ânsia e política, mexeu em pessoas lá. Você está mentindo perante a
Paraíba. Não é possível fazer isso, o debate não evolui. Uma maternidade
em cada município quem tem conhecimento técnico sabe que não é viável.
Ampliei o número de hospitais, fizemos maternidade de alta complexidade
em Patos, vou transformar a Frei Damião no hospital da mulher”.
E Cássio voltou ao assunto das demissões. “Tire a máscara. Pare de
mentir. A Paraíba inteira está nos vendo. Estive no Lastro e faltando
cinco dias para as eleições dez funcionários foram demitidos. Depois de
26 anos o professor Tico foi demitido. A Paraíba inteira sabe das
perseguições. Vamos trazer transparência. A Paraíba perdeu espaço no
ranking por ter uma política carcomida que persegue pessoas. Vamos
corrigir esse atraso”.
Ricardo rebateu citando a saúde e a educação. “A Paraíba tem avançado
na saúde, na educação, porque esse discurso de pele de lobo com pele de
cordeiro. Ele faz isso para encobrir a sua ineficiência, porque não
pode comparar sete anos com três e meio meus. Duas escolas técnicas
funcionando e 5 para serem inauguradas. Dilma me garantiu mais 15. Você
olha para traz, eu não, penso em construir o futuro”.
No segundo bloco os temas foram definidos em sorteio e Cássio Cunha
Lima foi o candidato que começou perguntando sobre incentivo à
industria. “Bahia, Pernambuco, Ceará têm crescido mais que o nosso
estado pela presença do governo federal com Portos, Pólos petroquímicos.
A Paraíba nunca recebeu atenção. Qual a indústria de grande porte você
trouxe?”.
E a resposta de Ricardo foi: “trouxe 197 indústrias. Temos estaleiro
programado ao mesmo tempo 6 bilhões em investimentos que estão chegando.
A Paraíba cresceu 14,6% em ICMS. A economia, apesar do problema
mundial, reage. Eu fico olhando você falar como se nunca tivesse ocupado
nada. Você foi da Sudene e a Paraíba sabe o que aconteceu. Foi
prefeito, governador, teve todo mundo da família na esfera política.
Temos a Cinep articulando, temos um novo clima de respeito às empresas,
pólo industrial em Caaporã”.
E Cássio recomeça falando do nível do debate. “Ricardo não responde.
Fiz pergunta de bom nível e ele volta a tentar desqualificar o debate.
Não fale de honrabilidade com um irmão como você tem. No nosso governo
não vamos fazer a Paraíba crescer a receita do ICMS com arrocho como ele
faz. Vamos fazer o pólo de Itaporanga, vamos vocacionar Patos e vamos
brigar para trazer grandes investimentos industriais”.
Ricardo pede respeito a Cássio. “Você me respeite. Quem tem sócio
como Olavinho não pode dizer nada e você sabe o que estou dizendo. Neste
governo tanto tenho respeito com o dinheiro do povo, que a Paraíba
virou canteiro de obras. Como era no governo desse senhor? Quais obras
existiam? Observem onde está esse dinheiro? Nas diárias? O tal de Boa
Nova foram 230 milhões, estamos com 7 bilhões com a ajuda de Dilma e com
recursos próprios”.
Depois foi a vez de Ricardo perguntar a Cássio e ele voltou a falar
da Cagepa. “Você afirmou que tinha dobrado a cobertura de saneamento de
26% para 52%. Diga em que período que dobrou”.
E foi a vez de Cássio pedir respeito. “Eu que digo que você respeite a
mim e a Paraíba. Queremos um governo que se reconcilie. A Paraíba está
cansada de um verdadeiro oportunista. Governo eivado de críticas, de
corrupção. Sumiu inquérito na Paraíba. Quero levar para o campo
propositivo, investimentos que jamais foram feitos. No Bessa as pessoas
sabem a transformação lá, por meio da Cagepa. Vamos manter os
investimentos para expandir a rede coletora de egosto em Bayeux, Santa
Rita onde seu governo não investiu nada em 6 anos de prefeito e 4 de
governador e João Pessoa não expandiu nada, além do nosso governo”.
Ricardo diz que as afirmações de Cássio são inverdades. “É uma grande
inverdade. Vejam bem, antes eram 150 mil, em janeiro de 2003, agora são
226 mil, 76 mil é o número de ligações a mais, 33,6 mil foi minha. Como
você diz que dobrou, você passou três anos na secretaria de Recursos
Hídricos e zerou em três anos. Não venha com agressões, vamos fazer
debate das ideias”.
E Cássio lembrou do caso conhecido como “propinoduto” onde
secretários foram acusados de supostamente receber propinas. “A questão
do inquérito é grave e precisa ser tratada. Você disse que tinha mandado
inquérito onde seu irmão e secretários estavam recebendo propina, mas o
Ministério Público atestou que o inquérito não mandado para o
Ministério. Foi atestado que houve prevaricação e isso é grave. Fazemos
da Paraíba um estado honrado”.
Cássio voltou a perguntar sobre educação a Ricardo. “De todas as
ações da educação,levamos o ensino médio para todas as cidades, PCCR
dos professores, ações com o Instituto Airton Sena, com dois anos de
antecedência atingimos as metas do Ideb e o governo atual não fez isso.
Porque promoveu retrocesso na autonomia da UEPB?”.
O socialista negou o retrocesso. “Não há retrocesso. Em abril de 2012
dizia que a lei de autonomia era incompatível, porque se fosse colocada
em prática o orçamento da UEPB seria maior que o do estado. O senhor é
camaleão, quer votos, mudou de opinião. O senhor investiu 518 milhões na
UEPB e eu investi 925 milhões. Investi na formação continuada para
professores, complementação salarial de quase 50 milhões, vamos fazer
mestrado para professores, nomeação de reitor que era oposição a mim.
Vamos falar sério, deixar de média”.
A resposta de Cássio veio em forma de pergunta. “Você que é
professor, estudante, eu pergunto: o que foi afirmado aqui é a verdade?
Hoje a UEPB está faltando papel. Há retrocesso onde sequer o diálogo
existe. Eu vou devolver a real autonomia, no meu governo o orçamento
aumentou em 250%. Levamos para cidades do interior. Quantas novas
unidade você criou da UEPB?”.
Ricardo retrucou. “Não criei novas unidades porque não sou
irresponsável. Eu planejo. Pegar uma universidade sem pensar que ia
existir três turmas, sem dar chance da universidade se planejar.
Respeito a universidade pública. Ela não te pertence e sim a população.
Os dados entre o que você investiu e o que eu investi está no Sagre”.
Ricardo voltou a perguntar a Cássio, dessa vez sobre transposição do
Rio São Francisco. “O senhor governou sete anos, o senhor pegou o início
da transposição. Quero saber quais as medidas tomou para a Paraíba se
preparar para receber as águas do São Francisco?”.
“Fiz um dos mais importantes projetos, mas você não tem generosidade
de reconhecer que obra pública tem um processo. A maior obra hoje Canal
Acauã-Araçagi nasceu no nosso governo. Garanti os recursos e você pegou a
garapa de só executar a obra. Isso vale para estradas, adutoras, Centro
de Convenções e se chegasse água o estado não poderia receber porque o
seu governo não tomou providência para sanear as cidades ribeirinhas.
Você pegou só o que já tínhamos deixado pronto e não fez nada para
preparar nosso estado. A inoperância é sua”.
A réplica de Ricardo veio da seguinte forma: “Dois equívocos. Não foi
o senhor quem fez o projeto, foi o Ministério da Integração. Você
engavetou, foi Maranhão quem resgatou. Das 55 cidades das bacias, 20 já
iniciaram as obras de saneamento, 11 já concluso e nove para iniciar e
18 conveniadas com os municípios, 17 aguardam recursos para o próximo
ano”.
E Cássio retrucou. “Você cita números sem apresentar fontes, cria
realidade que não existe e sabe que o que você disse não corresponde a
realidade. Recebeu um governo saneado, equilibrado financeiramente e um
estoque de projetos fantásticos, fruto do nosso trabalho que você nunca
teve generosidade de reconhecer. Vamos fazer o saneamento dessas cidades
para receber as águas da transposição”.
Nas considerações finais foi Cássio quem se despediu primeiro.
“Agradecer a Deus por esse momento e a você paraibano, que no estado
inteiro nos trouxe uma campanha com emoção e crença no futuro. Lamento
que mais uma vez, ao invés de olhar para o futuro, o governador, temendo
discutir os reais temas, olhe para trás. Vou olhar para o futuro
apresentando propostas para transformar a realidade do nosso estado.
Temos a chance histórica de trazer investimentos industriais. Na saúde
vamos descentralizar o atendimento, fazer com que os hospitais de
pequeno porte sejam reabertos, além de um mutirão de saúde com centrais
de diagnóstico por imagem. Voltar a autonomia da UEPB e bolsa trabalho.
Na segurança, polícia na rua, monitoramento por câmera. Na mobilidade um
grande projeto para transformar a mobilidade de Cabedelo, Santa Rita,
Bayeix e com transparência garantir ética, zelo e honestidade”.
Depois foi a vez de Ricardo se despedir do último debate antes do
segundo turno. “A Paraíba conquistou 2,4 mil quilômetros de estradas, 10
novos hospitais, dignidade, respeito, um governo sério, que muitas
vezes ficou sem aliados porque não aceitou fazer o jogo de depredação do
erário público. Faria tudo de novo porque sei que é o certo. Coloquei
meus pés nos quilombolas, na agricultura familiar, indígena. Olhar para
as pequenas cidades. Tive essa coragem de cortar privilégios e que o
governante na batida do pé o governante corria para fazer o que queria.
Reafirmar meu compromisso, princípio com ética participação popular,
desenvolvimento econômico”.
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