Gilvan Freire é de São Mamede(PB, estudou em Patos(PB),
onde foi líder estudantil e vereador. Já foi Deputado Estadual duas
vezes e presidente da Assembleia. Foi Deputado Federal candidato a
Governador da Paraíba em 1998. Atualmente tem banca de advocacia. Atua
também na mídia.
Postado por Gilvan Freire em 06/08/14 as 15:58
O PROBLEMA DE CÁSSIO É O CRESCIMENTO
Antes de decidir romper com RC e colocar a sua
candidatura a governador, Cássio estava ficando assustado com o
descontentamento que causava a seus eleitores mais fiéis, um universo
que ultrapassava um milhão de votos, a medir pela votação que teve para
senador em 2010, afora os simpatizantes de outros segmentos e os
dissidentes de Ricardo Coutinho, desassistidos pelo governo ou atingidos
por atos de perseguição.
Ao todo não se sabe o volume desses eleitores, que pressionavam
Cássio a se afastar do governador e colocar seu nome na disputa, mas já
estava claro naqueles momentos que era uma multidão de aficionados
formando um movimento político fora de época sem precedente na Paraíba
nos últimos anos. Coisa, segundo os mais vividos, que teria acontecido
com Pedro Gondim, nos anos 1960, e um pouco parecido com o que ocorreu a
Burity três anos depois de haver deixado o primeiro governo. Chama-se a
isso, desde os tempos de Getúlio, “voltar nos braços do povo”, que na
Paraíba de Pedro Gondim denominou-se “queremismo”, manifestação de
insistente “quero-quero” da população em defesa de seus líderes.
Mas enquanto crescia a pressão popular contra o governo de RC e a favor da candidatura de Cássio, o
próprio Cássio, em principio, manteve-se reticente, segundo muitos
porque estava muito cedo, e conforme outros porque não estava seguro de
sua elegibilidade, por conta da cassação que sofrera. Além do mais,
queria avaliar melhor o desempenho do governo de RC e sua capacidade de
regeneração, já que nos primeiros três anos chegava a um nível
assustador de rejeição.
Mas ao passo em que foi forçado pelos eleitores e líderes a tomar uma
decisão madura, especialmente tangido pela revolta dos servidores
públicos e, temeroso quanto aos prejuízos eleitorais que decorriam de
sua falta de determinação, Cássio foi se empolgando até sair candidato,
convencido de que não podia fazer vistas grossas à legião de liderados.
Entretanto, mesmo tendo aderido às opiniões majoritárias da
população, Cássio esteve em todo esse tempo com o punhal na garganta,
pois a sua inelegibilidade suscitava controvérsia e dúvida, tendo
adentrado formalmente às portas do judiciário.
Essa questão político-jurídica trouxe a Cássio dois problemas
adicionais: a instabilidade dos eleitores mais vacilantes, e o medo dos
que, ligados por algum favor a RC, temiam trocar de lado, deixando o
candidato certo por um melhor mas duvidoso. Nesse sentido, houve muitas
perdas de votos e apoios, embora alguns líderes tenham aderido a Cássio
pisando no escuro e correndo os riscos, inclusive uns que perderam
vantagens, empregos e prestigio no governo, se é que alguém pode ter
prestigio com RC.
Agora, destravando o embaraço judicial, Cássio toma a corda toda e, possivelmente, deverá ampliar a tendência de voto, de acordo com o que já vem dizendo a pesquisa do Correio da Paraíba.
Mesmo assim, com tantos fatos que conspiram a seu favor e nenhum fato
novo que possa reduzir o seu messianismo, Cássio passa hoje a ter um
problema grave de gestão política, de que não depende só dele a solução:
como conciliar, em dezenas de municípios, o apoio de todas as correntes
locais, porque, depois da decisão do TER, o medo agora é de não ficar
do lado dele.
Ao que se sabe, em regiões como o Sabugi, trava-se uma guerra
religiosa entre os adoradores de Cássio e os que querem se aboletar
perto dele, inclusive com ameaças de rompimento. E se Cássio lavar as
mãos e deixar que eles resolvam o conflito no local, uns vão ter que
matar os outros para ter o direito de adorar o ‘bezerro de ouro’, o
ícone que o povo de Israel forçara Aarão a criar para que o reconduzisse
ao Egito, como se fosse Deus, conforme está escrito em Êxodo 32:1-8.
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