Marina Silva perde metade dos apoios estaduais fechados por Campos
Apoio na Paraíba ainda está mantido pelo governador socialista Ricardo Coutinho
A candidata do PSB à
Presidência, Marina Silva, deve perder ou abrir mão de cerca de metade
dos palanques estaduais que tinham sido articulados por seu antecessor
no posto, Eduardo Campos.
O ex-governador de Pernambuco, que morreu em um acidente aéreo, havia
negociado apoios em todos os Estados. Dos 27 acordos fechados por ele,
ao menos 14 devem naufragar com a substituição da candidatura.
Nesses locais, ou as alianças foram fechadas contra a vontade de Marina
–que defendia candidatura própria–ou são protagonizadas por políticos
que atuam em campo completamente diverso ao da ex-senadora.
Há ainda o risco de a campanha ficar esquálida em colégios eleitorais
importantes, com a defecção de puxadores de votos que desistiram de
disputar cargos após a morte de Campos.
Foi o que ocorreu em Minas Gerais, onde o candidato a governador do PSB,
Tarcísio Delgado, não alcança dois dígitos. Os pessebistas, então,
apostavam na candidatura de Alexandre Kalil, presidente do Atlético
Mineiro, para assegurar uma boa bancada de deputados federais, e, por
consequência, divulgar a candidatura presidencial. Mas ele desistiu de
concorrer.
"Nada neste partido [PSB] me interessa. O que me interessava caiu de avião", disse, ao explicar a decisão.
Herança
Adversários de Marina esperam herdar parte do capital político que está se afastando da ex-senadora.
O PSDB, por exemplo, acredita que "naturalmente" deve haver uma
aproximação maior entre seu candidato, Aécio Neves (MG), e candidatos de
Estados como Mato Grosso do Sul, Alagoas e Santa Catarina.
Neste último, Campos havia costurado um acordo para que Paulo Bauer
(PSDB) mantivesse um palanque duplo, indicando o candidato a senador da
coligação, Paulo Bornhausen (PSB).
O pessebista tem dito que a coligação continuará ajudando Marina. Ele
foi a uma das reuniões que o partido fez em Brasília que decidiu o
futuro da campanha presidencial –mas ficou do lado de fora da sala onde
foram tomadas as resoluções.
Há ainda dificuldades ideológicas no alinhamento de Marina com
candidatos defendidos por Campos no resto do país. No Mato Grosso do
Sul, Nelson Trad Filho (PMDB) havia feito um acordo com Eduardo Campos,
que indicou a candidata a vice na chapa do peemedebista.
Muito ligado ao agronegócio, Nelson Trad encontra resistência entre os
marineiros, e, por sua vez, teme a resistência de seus aliados e
financiadores a Marina.
A escolha do novo vice de Marina, Beto Albuquerque, deputado gaúcho com
trânsito entre os ruralistas, foi vista como uma tentativa da
ex-senadora de facilitar o contato com esse grupo ou ao menos reduzir a
antipatia do setor à sua candidatura.
Folha de SP
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