Conselho Federal de Medicina diz que 44% das cassações de registro de médico é por assédio
Entre 2008 e 2013, foram 286 denúncias de assédio praticado por médicos em São Paulo
O assédio sexual contra
pacientes foi responsável por 44% das cassações de registros
profissionais de médicos ocorridas no País desde 2009, conforme dados
inéditos do CFM (Conselho Federal de Medicina) obtidos pelo Estado. De
2009 até julho deste ano, 61 médicos brasileiros perderam em definitivo o
direito de trabalhar após serem julgados culpados pelo conselho por
algum tipo de delito ético. Em 27 dos casos, mostram os dados, o motivo
da cassação foi assédio sexual.
O recorde de cassações por este motivo aconteceu em 2011, mesmo ano em
que Roger Abdelmassih perdeu o registro após ter sido considerado
culpado pelo CFM nas investigações de violência sexual contra pacientes
de sua clínica de reprodução assistida. Além de ser impedido de exercer a
medicina, ele foi condenado pela Justiça a 278 anos de prisão por 48
estupros contra 37 pacientes.
Naquele ano, das 13 cassações referendadas pelo CFM, dez estavam
relacionadas com denúncias de assédio sexual, o que representa 77% do
total.
Nos outros anos, os casos de abuso foram responsáveis por, no máximo,
58% das cassações. No ano anterior ao recorde, 2010, apenas quatro
médicos tiveram seu registro cassado, nenhum por assédio.
Segundo Roberto Luiz d’Avila, presidente do CFM, embora não haja um
estudo que comprove a relação do caso Abdelmassih com o aumento de
denúncias, a ampla divulgação da história pode ter estimulado vítimas de
outros médicos a procurar os conselhos de classe para denunciar o
delito.
— Ao verem a possibilidade de justiça (com a punição de Abdelmassih), as
pessoas que vivenciaram essas situações e não viam, até aquele momento,
perspectiva de buscar a punição dos culpados podem ter tomado coragem
para ir até a polícia, ao Conselho de Medicina ou até dividir seu trauma
com um amigo, que, por sua vez, dá o apoio para que ela rompa seu
silêncio.
R7
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