Morre no Rio de Janeiro o escritor e acadêmico João Ubaldo Ribeiro
Autor, que ocupava a cadeira 34 da ABL, foi vítima de embolia pulmonar
Morreu de madrugada desta
sexta-feira (18), em casa, no Leblon, Zona Sul do Rio, o escritor e
acadêmico João Ubaldo Ribeiro, aos 73 anos. Como mostrou o Bom Dia Rio,
ele teve uma embolia pulmonar. João Ubaldo era casado e tinha quatro
filhos. O corpo de João Ubaldo será velado a partir das 10h na Academia
Brasileira de Letras (ABL), no Centro do Rio. Ainda não há informações
se o velório será aberto ao público ou restrito aos familiares e amigos.
O escritor era o 7º ocupante da cadeira número 34 da Academia Brasileira
de Letras. Ele foi eleito em 7 de outubro de 1993, na sucessão de
Carlos Castello Branco.
João Ubaldo Ribeiro ganhou em 2008 o Prêmio Camões, o mais importante da
literatura em língua portuguesa. Ele é autor de livros como “Sargento
Getúlio”, “O sorriso dos lagartos”, “A casa dos budas ditosos” e “Viva o
povo brasileiro”. Também ganhou dois prêmios Jabuti, da Câmara
Brasileira do Livro, em 1972 e 1984, respectivamente para o melhor autor
e melhor romance do ano, por ‘Sargento Getúlio’ e ‘Viva o povo
brasileiro".
Nascido em Itaparica (BA), Ribeiro viveu até os 11 anos com a família em
Sergipe, onde o pai era professor e político. Passou um ano em Lisboa e
um ano no Rio para, em seguida se estabeleceu em Itaparica, onde viveu
aproximadamente sete anos.
João Ubaldo também se formou em bacharel em Direito, em 1962, pela
Universidade Federal da Bahia, mas nunca chegou a advogar. Entre 1990 e
1991, o escritor morou em Berlim, a convite do Instituto Alemão de
Intercâmbio (DAAD – Deutscher Akademischer Austauschdienst).
Ele era pós-graduado em Administração Pública pela UFBA e mestre em
Administração Pública e Ciência Política pela Universidade da Califórnia
do Sul.
O escritor foi professor da Escola de Administração e da Faculdade de
Filosofia da Universidade Federal da Bahia e professor da Escola de
Administração da Universidade Católica de Salvador. Como jornalista, foi
repórter, redator, chefe de reportagem e colunista do Jornal da Bahia;
colunista, editorialista e editor-chefe da Tribuna da Bahia.
Era colunista do jornal Frankfurter Rundschau, na Alemanha; colaborador
de diversos jornais e revistas no país e no exterior, entre os quais,
além dos citados, Diet Zeit (Alemanha), The Times Literary Supplement
(Inglaterra), O Jornal (Portugal), Jornal de Letras (Portugal), Folha de
S. Paulo, O Globo, O Estado de S. Paulo, A Tarde e muitos outros.
A formação literária de João Ubaldo Ribeiro iniciou ainda nos primeiros
anos de estudante. Foi um dos jovens escritores brasileiros que
participaram do International Writing Program da Universidade de Iowa.
Trabalhando na imprensa, pôde também escrever seus livros de ficção e
construir uma carreira que o consagrou como romancista, cronista,
jornalista e tradutor.
Obras
Os primeiros trabalhos literários de João Ubaldo Ribeiro foram
publicados em diversas coletâneas – “Reunião”, “Panorama do Conto
Baiano”. Aos 21 anos de idade, escreveu o seu primeiro livro, “Setembro
não Tem Sentido”, que ele desejava batizar como “A Semana da Pátria”,
contra a opinião do editor. O segundo foi “Sargento Getúlio”, de 1971.
Em 1974, publicou “Vencecavalo e o Outro Povo”, que por sua vontade se
chamaria “A Guerra dos Paranaguás”.
Consagrado como um marco do moderno romance brasileiro, Sargento Getúlio
filiou o seu autor, segundo a crítica, a uma vertente literária que
sintetiza o melhor de Graciliano Ramos e o melhor de Guimarães Rosa. A
história é temperada com a cultura e os costumes do Nordeste brasileiro
e, em particular, dos sergipanos. Esse regionalismo extremamente rico e
fiel dificultou a versão do romance para o inglês, obrigando o próprio
autor a fazer esse trabalho. A seu respeito pronunciaram-se, nos Estados
Unidos e na França, as colunas literárias de todos os grandes jornais e
revistas.
Em 1999, foi um dos escritores escolhidos em todo o mundo para dar
depoimento, ao jornal francês Libération, sobre o Terceiro Milênio. E
Viva o Povo Brasileiro foi o tema do exame de Agrégation, concurso para
detentores de diploma de graduação na universidade francesa. Este
romance e Sargento Getúlio constaram da maior parte das listas dos cem
melhores romances brasileiros do século.
Prêmios
- Prêmio Golfinho de Ouro, do Estado do Rio de Janeiro, conferido, em
1971, pelo romance Sargento Getúlio;
- Dois prêmios Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1972 e 1984,
respectivamente para o Melhor Autor e Melhor Romance do Ano, pelo
romances Sargento Getúlio e Viva o povo brasileiro;
- Prêmio Altamente Recomendável - Fundação Nacional do Livro Infantil e
Juvenil,1983, para Vida e Paixão de Pandonar, o Cruel ;
- Prêmio Anna Seghers, em 1996 (Mogúncia, Alemanha);
- Prêmio Die Blaue Brillenschlange (Zurique, Suíça);
- Detém a cátedra de Poetik Dozentur na Universidade de Tubigem,
Alemanha (1996).
- Prêmio Lifetime Achievement Award, em 2006;
- Prêmio Camões, em 2008.
Globo.com
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