Dia do Trovador
Jorge
Amado já disse: “Não pode haver criação literária mais popular e que
mais fale diretamente ao coração do povo do que a trova. É através dela que
o povo toma contato com a poesia e por isto mesmo a trova e o trovador são
imortais”. Hoje é comemorado o Dia do Trovador. Volta Redonda tem representante
na UBT (União Brasileira de Trovadores): Silvia Helena Xándy, que é delegada
da entidade no município. E também um autor premiado, Pedro Viana Filho.
Silvia
explica que o Dia do Trovador é comemorado nessa data por ser o dia do nascimento
de Gilson de Castro (RJ), cujo pseudônimo literário é Luiz Otávio. “E
por ele ter, juntamente com J.G. de Araújo Jorge, começado a estudar e propagar
a quadra popular brasileira junto a um seleto grupo de poetas”, diz.
Em 1960, depois de participar de um Congresso do GBT (Grêmio Brasileiro de
Trovadores), em Salvador, Luiz Otávio implantou uma série de seções desta
entidade no sul do Brasil.
Mas
o que é trova? “A trova é uma composição poética concisa. É um micro
poema, o menor da língua portuguesa, que deve obedecer a características rígidas”,
enfatiza Pedro Viana. É preciso que a trova seja uma quadra, ou seja, tenha
quatro versos (em poesia cada linha é denominada verso). E cada verso deve
ter sete sílabas poéticas, ser setessilábico. As sílabas são contadas pelo
som. Ter sentido completo e independente.
-
O autor da trova deve colocar nos quatro versos toda a sua idéia. A trova
tem apenas quatro versos, ou seja, quatro linhas. A trova, para ser bem feita,
tem de ter um achado. Achado é algo diferente e que faça valer a pena ler
a trova - explica.
Parece
complicado. Afinal, é fácil fazer trovas? “Uma vez que a trova é composta
de quatro versos ou linhas de sete sons, é só educar o ouvido e aprender a
contar as sete sílabas métricas”, resume Pedro Viana, que nasceu em Barra
do Piraí e mora em Volta Redonda. Licenciado em Ciências Sociais pela Faculdade
de Filosofia e Letras de Volta Redonda, onde se tornou diretor cultural e
promoveu o primeiro concurso de trovas, em 1978.
Outro
aspecto importante é que a trova tem que ter rima. Conforme Silvia, a rima
poderá ser do primeiro verso com o terceiro e o segundo com o quarto, no esquema
ABAB, ou ainda, somente do segundo com o quarto, no esquema ABCB. Existem
trovas também nos esquemas de rimas ABBA e AABB. “Comece a trova sempre
com letra maiúscula. A partir do segundo verso use letra minúscula, a menos
que a pontuação indique o início de nova frase. Nesse caso, use a maiúscula
novamente”, detalha a escritora, acrescentando que são três os gêneros
básicos da trova:
Trovas
líricas - Falando dos sentimentos, amor, saudade;
Trovas
humorísticas (satíricas) - São as que fazem rir, engraçadas, tem bom humor;
Trovas
filosóficas - Contendo ensinamentos, pensamentos.
NO
BRASIL - A trova chegou ao Brasil com o os portugueses, continuou com Anchieta,
Gregório de Matos, intensificou-se com Tomaz Antonio Gonzaga, Claudio Manuel
da Costa, com os românticos - Gonçalves Dias, Casimiro de Abreu, Castro Alves,
com os parnasianistas - Olavo Bilac, Vicente de Carvalho e com os modernistas
- Mário de Andrade, Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade.
A
trova é, hoje, o único gênero literário exclusivo da língua portuguesa. Originária
da quadra popular portuguesa, encontrou campo fértil no Brasil, mas só depois
de 1950 começou a ser estudada e difundida literariamente.
Conversa
literária: exemplo de trova
(Pedro
Viana Filho)
Para
alguns eu sou benquisto
para outros, um atrevido...
Meu consolo é que nem Cristo
foi por todos compreendido.
As
espadas ferem tanto,
como também os punhais...
A língua humana, entretanto,
é menor e fere mais.
O
que na vida aprendi
e tenho aprendido mais,
provém das lições que ouvi
das tradições dos meus pais.
Trovador,
qual o motivo
desse teu mundo risonho?
O segredo é porque vivo
envolvido no meu sonho!
Fonte: www.diarioon.com.br
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