OS SUPLÍCIOS DE ZÉ MARANHÃO
Gilvan Freire
As estapafúrdias declarações do deputado Benjamim contra seu tio, o
ex-governador José Maranhão, soa de uma agressividade bombástica. Menos
pela procedência de suas alegações, mas pelo desamor que revela com
relação a um parente de quem se serviu muito, especialmente durante dez
anos de governo.
Não se discute a lealdade com que sua mãe, dona Wilma, tratou o irmão
em todos os momentos de sua demorada vida pública, unidos que sempre
foram. O que se questiona é se ela e seus filhos – Benjamim e Olenka –
tiraram ou não enorme proveito do sucesso e dos tempos áureos de Zé
Maranhão, a ponto de os dois se elegerem deputado federal e estadual ao
mesmo tempo, condição que não tiveram antes dele ocupar o governo. E o
questionamento fica mais imperioso por conta do tom virulento e
desrespeitoso que o sobrinho adotou mirando o tio e benfeitor.
A política de compadrio e familiaresca, além de inconveniente ao
interesse público, porque esses projetos são todos agraciados com
recursos oficiais de prefeituras e do Estado, ainda são capazes de gerar
grandes dissabores e fiascos, e inimizades piores do que as dos piores
adversários.
No caso dos Maranhão, a amizade de Zé e Wilma está comprometida, e os
filhos dela terão de sobreviver em seus postos atuais sem o bafejo de
quem lhes garantiu mandatos. Isso não fez parte do reconhecimento de
Benjamim, que só encontrou no tio defeitos, exatamente aqueles defeitos
que não tinha quando podia oferecer as mamadeiras do poder, pelas quais
tiravam o leito para crescimento e a sobrevivência eleitoral.
O problema real é que o sobrinho de Zé se acha no direito de herdar do
tio até o que ainda lhe sobra na vida pública, um mandato de deputado
federal, que o ex-governador busca sem roubar votos de ninguém, mas
apenas granjeando a solidariedade de seus correligionários, dos quais
recebe a gratidão que a família lhe nega hoje.
A repercussão negativa das declarações de Benjamim chegam numa hora em
que Zé Maranhão está lembrado como o presumível candidato ao Senado mais
forte em todo o Estado, e demonstra que Benjamim, não podendo ganhar do
tio eleitoralmente, também não faz questão de perdê-lo como protetor.
Conseguiu pelo menos ser mais perverso e ingrato do que a própria
atividade política. Oh! Brutus!
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