Mais sexo, mais nudez, mais pancadaria: o que esperar do 'BBB15'
Clara cumpre promessa por Vanessa não ter sido eliminada no 'BBB14' - Reprodução.
Não pode repetir. E não pode ser “menos” que o anterior. As leis
sagradas do entretenimento pressupõem um avanço contínuo – nem sempre em
direção à qualidade, ressalte-se. Partindo desse raciocínio, o público
pode esperar do BBB15, com inscrições abertas, mais sexo, mais
nudez, mais pancadaria e uma overdose de tudo o que gera burburinho e
audiência. Olhar para o passado do primeiro reality show brasileiro
ajuda a entender o futuro do programa e, até, um pouco do futuro da TV.
Enquanto o beijo gay entre Félix e Nico era só uma expectativa na novela
Amor à Vida, as sucções quase amidalíticas de Clara e Vanessa
da edição encerrada nesta semana deixam a sensação de que o público quer
mais – e a Globo, ao anunciar a 15ª edição, está disposta a saciá-lo.
O Big Brother está, como seus participantes, em uma
permanente corrida contra a eliminação. Se as cenas não são edificantes,
os lucros e o resultado da audiência, não só na televisão, tratam de
perdoar a baixaria e as críticas de uma ala de espectadores que rejeita o
“lixo cultural”. O público talvez nem tenha percebido, mas da primeira
edição, em 2002, até o BBB14, houve transformações radicais no
que é exibido na TV aberta. Antes, a poesia de Pedro Bial e a edição do
dia eram o programa, propriamente dito. Progressivamente, o horário
depois da novela das 21h passou a ser mero boletim do que o público já
viu, conheceu ou, no mínimo, leu a respeito nas redes sociais. E,
espalhadas pela internet, estão também as formas de faturamento que
tornam o produto perfeito para uma era em que televisão e web fundem-se
de forma acelerada. A audiência do BBB na TV aberta caiu ao
longo desses catorze anos, mas a 14ª edição bateu recorde de patrocínios
– na casa dos 160 milhões, fora ações de merchandising.
A lógica do reality, como fenômeno de redes sociais, sepulta também
o velho conselho dos que odeiam o ‘grande irmão’: se não gosta,
desligue e não veja. Nos dias de hoje, é praticamente impossível passear
por redes sociais ou sites de entretenimento sem dar de cara com os
seios imensos de Clara, exibidos propositalmente na hora do banho e
encobertos pelo símbolo do “olho” do BBB. Quando o espectador,
ainda assim, mantém-se firme no propósito de nada consumir sobre o
reality show e sua fartura de corpos à mostra, o BBB invade o
noticiário. Foi assim, por exemplo, no caso da suspeita de estupro
envolvendo Daniel e Monique no BBB12, e quando a mesma acusação
recaiu sobre Marcelo, em uma briga com Cássio com direito a vidro
estilhaçado com um chute. Em versões bem menos dramáticas, há, também,
os casos de declarações infelizes – para não dizer criminosas – como a
de Franciele, que nesta edição afirmou que usa desodorante para não
ficar “com cheiro de neguinha”, ou de Dhomini, que contou bravatas sobre
tortura com animais, no BBB13.
A ideia do programa não é mais ser um espelho da sociedade. Quando
coloca em pauta assuntos como aids, é porque alguma declaração bizarra
foi feita por um de seus confinados. Nesta temporada, uma especialista
em doenças sexualmente transmissíveis passou uma tarde com os brothers
dias depois de Angela dizer que os portadores do vírus HIV deveriam ser
“exterminados” - uma espécie de eliminação da vida real. A medida foi
tomada quando o Ministério da Saúde divulgou uma nota de repúdio à TV
Globo, e exigiu retratação. Foi também pressionado, desta vez pelo
marasmo na casa, que Boninho decidiu abrir as portas para a participação
de mães e tias. O resultado, porém, não surtiu o efeito desejado. Os
participantes interromperam, sim, as infinitas sonecas da tarde, mas
ficaram acanhados e ainda mais infantis com as matriarcas à curta
distância de um muro. Dizem até que a saída delas precisou ser
antecipada.
Com a mãe tão perto, talvez Diego não tivesse tomado banho tantas
vezes pelado, Clara não teria feito tantas vezes topless, nem Cássio
teria pulado como veio ao mundo na piscina, ou Letícia teria se
envolvido com três na casa. Franciele ficaria com vergonha de ir para
debaixo do edredom com seu affaire – mesmo que durasse, no máximo, três
minutos. Inúmeras vezes, ela se dizia preocupada com o que o pai poderia
pensar. Mas, na cama com Diego, a empolgação fez até cair o cobertor. A
câmera seguia o casal animadinho para onde quer que fossem, porque eles
eram os únicos que não tentavam disfarçar o óbvio. Vanessa e Clara
também eram explícitas, mas o receio de como o público receberia o
primeiro relacionamento gay em um BBB deixavam as imagens mais
comedidas, enquanto elas garantiam ter feito “de tudo”. Ambas, porém,
chegaram à final, que teve a modelo campeã e a stripper em terceiro
lugar. Uma prova de que o telespectador não só aceita como espera sempre
por mais. E, enquanto ele quiser, Boninho dará.
Veja
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