Pintor prega os ovos em sinal de protesto.
Por Tião Lucena
O pintor russo Piotr Pavlenski foi internado neste domingo (10) depois de
ter pregado seus testículos com uso de um martelo na Praça Vermelha de
Moscou, uma ação artística que ele chamou de “Fixação” e que protestava
contra as políticas do Kremlin, coincidindo com o Dia da Polícia.
Completamente nu e com seus testículos pregados nos paralelepípedos da
praça, Pavlenski ficou imóvel durante mais de uma hora olhando o
ferimento, uma ação que, segundo ele, representava a “metáfora da
apatia, a indiferença política e o fatalismo da sociedade russa
atual”.
“Não é a arbitrariedade dos cargos públicos que priva a sociedade
de sua capacidade de agir, mas sua fixação em derrotas e perdas que nos
prega com cada vez mais força aos paralelepípedos do Kremlin,
convertendo as pessoas em estátuas que aguardam, resignadas, seu
destino”, explicava o manifesto assinado pelo pintor.
No entanto, após
uma hora e meia do inicio de seu protesto, o artista foi levado a um
hospital da capital russa, embora uma fonte das forças de segurança
tenha adiantado à agência RIA Novosti que ele será detido após receber
tratamento.
Na ocasião, o policial qualificou a ação do pintor como algo
“normal para um doente psíquico”. Pavlenski, por sua vez, acredita que
“a sociedade, agora que o poder transformou o país em uma grande prisão,
permite a arbitrariedade e, esquecendo sua superioridade numérica,
assiste com sua inação o triunfo de um Estado policial na Rússia”.
Essa
não é a primeira vez que o artista de São Petersburgo, a segunda cidade
da Rússia, se agride como forma de protesto contra o governo do
presidente russo, Vladimir Putin.
No último dia 3 de maio, ele se enrolou
em arames farpados em frente ao edifício da Assembleia Legislativa de
São Petersburgo, uma ação que foi chamada de “Corpo” e que, segundo ele,
simbolizava “a existência humana em um ambiente de repressão legal,
quando um mínimo movimento provoca uma duríssima reação do sistema
legislativo, a qual é cravada no corpo do indivíduo”.
Em junho de 2012,
Pavlenski também costurou sua boca em uma ação de apoio ao grupo punk
Pussy Riot, cujo duas integrantes ainda estão presas por cantar contra
Putin no principal templo da Igreja Ortodoxa.
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