Roberto Carlos fala de acidente na perna e diz ser a favor de biografias
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Roberto Carlos falou pela primeira vez sobre acidente na perna e se mostrou favorável ao projeto de lei que defende a publicação de biografias não autorizadas
Roberto Carlos
falou pela primeira vez sobre a polêmica das biografias não autorizadas
e demonstrou uma postura mais flexível sobre o assunto ao dizer que é a
favor do projeto de lei que pede a modificação do artigo 20 do Código
Civil. Ele, no entanto, pondera: desde que haja um "acordo".
"Isso aí tem que se discutir.Tem que haver um equilíbrio e alguns
ajustes para que essa lei não venha a prejudicar nem o lado do
biografado, nem o lado do biógrafo. E que não fira a liberdade de
expressão e o direito à privacidade", afirmou Roberto em entrevista ao
"Fantástico" neste domingo (27). Questionado, mais especificamente, se
era a favor ou contra o projeto de lei, disse: "Eu sou a favor, eu sou a
favor".
O artigo 20 prevê autorização prévia para a divulgação de imagens, escritos e informações biográficas e possibilitou que Roberto Carlos proibisse a comercialização de sua biografia não autorizada, "Roberto Carlos em Detalhes",
lançada pelo jornalista Paulo César de Araújo, em 1997. "Não é que eu
mudei de opinião. Há algum tempo, para você proteger o direito à
privacidade, a única maneira era impedir a publicação de uma biografia
não autorizada", justificou.
Com a entrevista, Roberto parece se distanciar de Gilberto Gil, Caetano
Veloso, Milton Nascimento, Chico Buarque e Djavan, que fazem parte do
grupo Procure Saber. Liderado pela empresária Paula Lavigne, o grupo
defende a autorização prévia e até mesmo a participação nos lucros de
vendas.
Ao falar especificamente de "Roberto Carlos em Detalhes", o cantor
afirmou: "O biógrafo também pesquisa uma história que está feita. Que
está feita pelo biografado. Então ele na verdade ele não cria uma
história. Ele faz um trabalho e narra aquela história que não é dele.
Que é do biografado. E partir do que ele escreve, ele passa a ser dono
da história. E isso não é certo". Questionado pela jornalista Renata
Vasconcelos se o acordo era uma questão comercial, Roberto respondeu:
"(É) por tudo".
Para o cantor de "Esse Cara Sou Eu", acionar a Justiça em caso de
calúnia e difamação, é um processo que leva muito tempo. "É um resultado
vem um pouco tardio. Depois que todo mundo já leu, já viu na internet.
Alguns já compraram até os livros, aqueles que foram colocados à venda.
Isso não funciona muito não", explicou.
Acidente na perna e anúncio da autobiografia
Além de sinalizar que pode ter mudado de opinião sobre a autorização de
biografias, Roberto comentou pela primeira vez sobre o acidente que
sofreu aos seis anos de idade e que o fez perder parte da perna direita.
A história, ele garante, estará em sua autobiografia, em produção. "Eu
estou fazendo minha história. E informando muito melhor. Muito mais do
que qualquer outra fonte", afirmou.
O compositor diz que não proibiu o livro por conta da história do
acidente. "Eu vou contar tudo que eu vejo sentido em contar. Pessoas têm
dito que eu sou contra por causa do meu acidente. Não é isso, não.
Quando eu escrever meu livro, vou contar sobre meu acidente. Ninguém
pode contar melhor sobre esse episódio do que eu. Isso aí só eu sei",
disse.
Polêmica entre artistas
Uma proposta que libera as biografias não autorizadas (PL 393/11) está para ser votada na Câmara dos Deputados do Brasil. O debate excedeu os corredores de Brasília depois de artistas como Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil, se declararem a favor da autorização prévia para a publicação de uma biografia.
O projeto de lei, de autoria do deputado Newton Lima (PT-SP), pede a
modificação do artigo 20 do Código Civil, que prevê autorização prévia
para a divulgação de imagens, escritos e informações biográficas. "Os
artistas ajudaram a colocar luz ao assunto. Eles já tinham ajudado no caso do Ecad
[Escritório Central de Arrecadação e Distribuição], mas dessa vez eles
acabaram entrando em uma linha do raciocínio que colabora para a censura
prévia", afirmou o deputado Newton ao UOL.
Felizmente, o debate publico fez o parlamento despertar para tomar a
decisão", comemorou o deputado Newton Lima. "Precisamos votar, pelo sim
ou pelo não, mas precisamos votar. Esse é um assunto político, não
jurídico".
O STF anunciou no último dia 14 que vai realizar audiência pública
para discutir o tema das biografias não autorizadas. A ministra Cármen
Lúcia, relatora da Ação Direta de Inconstitucionalidade inciada pela
Anel (Associação Nacional dos Editores de Livros), que questiona a
validade dos artigos 20 e 21 do Código Civil, anunciou audiência pública
para discutir o assunto nos dias 20 e 21 de novembro.
O presidente do STF, Joaquim Barbosa, e o ministro Marco Aurélio Mello
já deram entrevistas sinalizando que são a favor da publicação de
biografias sem autorização prévia.
Escritores e biógrafos como Ruy Castro e Lira Neto já mandaram o recado.
"Caso o código civil brasileiro não seja alterado, como queremos,
extinguindo a autorização obrigatória, as biografias vão entrar em
extinção no Brasil. Minha carreira de biógrafo estará encerrada",
afirmou Lira.
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