Dilma cogita cancelar viagem aos EUA após denúncia de espionagem
VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA
ANDRÉIA SADI
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
DE BRASÍLIA
ANDRÉIA SADI
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
Indignada, Dilma Rousseff cogita a possibilidade de cancelar a viagem
oficial aos Estados Unidos programada para outubro caso o presidente
Barack Obama não dê "respostas satisfatórias" sobre as ações de
espionagem da NSA (Agência de Segurança Nacional) que teriam atingido a
presidente brasileira.
Dilma está não só "indignada", mas também "muito irritada", segundo
assessores da área diplomática, porque sente-se "enganada" pelo governo
norte-americano.
Afinal, quando surgiram as primeiras notícias sobre espionagem da
agência americana no Brasil, os Estados Unidos garantiram que a atuação
da NSA estava circunscrita a operações de "metadados", com cruzamentos
de informações que seriam inclusive de interesse do governo brasileiro.
Ainda não há uma decisão final sobre a possibilidade de cancelamento da
viagem de Estado, e o Palácio do Planalto espera que o presidente Obama
explique de forma cabal e tome as medidas necessárias para contornar o
"grande mal-estar" que foi gerado pela informação de que a presidente
Dilma foi alvo direto da espionagem feita pela NSA, conforme reportagem
do programa "Fantástico".
Oficialmente, o Palácio do Planalto informa que "esta possibilidade
[cancelamento da viagem] não está na mesa" e não está em análise.
A Folha obteve a informação com três assessores do governo.
Segundo eles, sem uma resposta de Obama, Dilma não teria como viajar aos
Estados Unidos e ficar "tirando foto" ao lado do americano.
De acordo com eles, seria o mesmo que o Brasil dizer, mundialmente, que não se importa em ser espionado.
No governo brasileiro, a informação de que Dilma foi alvo da espionagem é
considerado o "episódio mais grave" desde o início do vazamento de
documentos secretos envolvendo a ação da NSA.
O Palácio do Planalto espera não ser obrigado a cancelar a viagem,
prevista para o dia 23 de outubro, pois isso representaria uma crise
diplomática. A expectativa é que a pressão brasileira sobre Obama dê
resultado e o caso seja superado.


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