Histórico
O carnaval recifense possui uma música e uma dança carnavalesca
própria e original, nascida do povo. De origem urbana, surgiu nas ruas
do Recife nos fins do século XIX e começo do século XX.
O frevo nasceu das marchas, maxixes e dobrados; as bandas militares do século
passado teriam dado sua contribuição na formação
do frevo, bem como as quadrilhas de origem européia. Deduz-se que a
música apoiou-se desde o início nas fanfarras constituídas
por instrumentos de metal, pela velha tradição bandística
do povo pernambucano.
A palavra é: FREVO!
A palavra frevo vem de ferver, por corruptela, frever, dando origem a palavra
frevo, que passou a designar: "Efervecência, agitação,
confusão, rebuliço; apertão nas reuniões de grande
massa popular no seu vai-e-vem em direções opostas como pelo
Carnaval", de acordo com o Vocabulário Pernambucano de Pereira
da Costa. Divulgando o que a boca anônima do povo já espalhava,
o Jornal Pequeno, vespertino do Recife, que mantinha a melhor secção
carnavalesca da época, na edição de 12 de fevereiro de
1908, faz a primeira referência a palavra frevo.
O Frevo música
Pode-se afirmar que o frevo é uma criação de compositores
de música ligeira, feita para o carnaval. Os músicos pensaram
em dar ao povo mais animação nos folguedos de carnaval, e a
gente de pé no chão, queria música barulhenta e animada,
que desse espaço para extravasar alegria dentro daquele improviso.
No decorrer do tempo a música ganha características próprias
acompanhada por um bailado inconfundível de passos soltos e acrobáticos.
Nas suas origens o frevo sofreu várias influências ao longo do
tempo, produzindo assim variedades. A década de trinta serve de base
para a divisão do frevo em: Frevo-de-Rua, Frevo-Canção,
Frevo-de-Bloco.
FREVO-DE-RUA

FREVO-CANÇÃO
Nos fins do século passado surgiram melodias bonitas, tais como A
Marcha n° 1 do Vassourinhas, atualmente convertido no Hino do carnaval
recifense, presente tanto nos bailes sociais como nas ruas, capaz de animar
qualquer reunião e enlouquecer o passista. O frevo-canção
ou marcha-canção tem vários aspectos semelhantes à
marchinha carioca, um deles é que ambas possuem uma parte introdutória
e outra cantada, começando ou acabando com estrebilhos. Frevos-canção
famosos: Borboleta não é ave de Nelson Ferreira, Na mulher não
se bate nem com uma flor de Capiba, Hino de Pitombeira de Alex Caldas, Hino
de Elefante de Clídio Nigro, Vestibular de Gildo Moreno, entre outros.
FREVO-DE-BLOCO
Deve ter se originado de serenatas preparadas por agrupamentos de rapazes
animados, que participavam simultaneamente, dos carnavais de rua da época,
possivelmente, no início do presente século. Sua orquestra é
composta de Pau e Corda: violões, banjos, cavaquinhos, etc. Nas últimas
três décadas observou-se a introdução de clarinete,
seguida da parte coral integrada por mulheres. Frevos-de-bloco famosos: Valores
do Passado de Edgar Moraes, Marcha da Folia de Raul Moraes, Relembrando o
Passado de João Santiago, Saudade dos Irmãos Valença,
Evocação n° 1 de Nelson Ferreira, entre outros.
O Frevo dança
Vários elementos complementares básicos compõe toda
dança, em especial no frevo os instrumentos musicais serviam como arma
quando se chocavam agremiações rivais. A origem dos passistas
são os capoeiras que vinham à frente das bandas, exibindo-se
e praticando a capoeira no intuito de intimidar os grupos inimigos. Os golpes
da luta viraram passos de dança, embalados inicialmente, pelas marchas
e evoluindo junto com a música do frevo.
A SOMBRINHA
Outro elemento complementar da dança, o passista à conduz como
símbolo do frevo e como auxílio em suas acrobacias. A sombrinha
em sua origem não passava de um guarda-chuva conduzido pelos capoeiristas
pela necessidade de ter na mão como arma para ataque e defesa, já
que a prática da capoeira estava proibida.
Este argumento baseia-se no fato de que os primeiros frevistas, não
conduziam guarda-chuvas em bom estado, valendo-se apenas da solidez da armação.
Com o decorrer do tempo, esses guarda-chuvas, grandes, negros, velhos e rasgados
se vêm transformados, acompanhando a evolução da dança,
para converter-se, atualmente, em uma sombrinha pequena de 50 ou 60 centímetros
de diâmetro.
O VESTUÁRIO
Também como elemento imprescindível em algumas danças
folclóricas, o vestuário que se precisa para dançar o
frevo, não exige roupa típica ou única. Geralmente a
vestimenta é de uso cotidiano, sendo a camisa mais curta que o comum
e justa ou amarrada à altura da cintura, a calça também
de algodão fino, colada ao corpo, variando seu tamanho entre abaixo
do joelho e acima do tornozelo, toda a roupa com predominância de cores
fortes e estampada. A vestimenta feminina se diferencia pelo uso de um short
sumário, com adornos que dele pendem ou mini-saias, que dão
maior destaque no momento de dançar.
Passos do frevo
A dança do frevista é geralmente caracterizada pela sua individualidade
na exibição dos passos. Os passos nasceram da improvisação
individual dos dançarinos, com o correr dos anos, dessa improvisação
se adotaram certos tipos ou arquétipos de passos. Existem atualmente
um número incontável de passos ou evoluções com
suas respectivas variantes. Os passos básicos elementares podem ser
considerados os seguintes: dobradiça, tesoura, locomotiva, ferrolho,
parafuso, pontilhado, ponta de pé e calcanhar, saci-pererê, abanando,
caindo-nas-molas e pernada, este último claramente identificável
na capoeira. A seguir descrições dos cinco primeiros citados:
DOBRADIÇA
Flexiona-se as pernas, com os joelhos para frente e o apoio do corpo nas
pontas dos pés. Corpo curvado para frente realizando as mudanças
dos movimentos: o corpo apoiado nos calcanhares, que devem está bem
aproximados um do outro, pernas distendidas, o corpo jogado para frente e
para trás, com a sombrinha na mão direita, subindo e descendo
para ajudar no equilíbrio. Não há deslocamentos laterais.
Os pés pisam no mesmo local com os calcanhares e pontas.
TESOURA
A - Passo cruzado com pequenos deslocamentos à direita e à
esquerda. Pequeno pulo, pernas semiflexionadas, sombrinha na mão direita,
braços flexionados para os lados.
B - O dançarino cruza a perna direita por trás da esquerda
em meia ponta, perna direita `a frente, ambas semiflexionadas. Um pulo desfaz
o flexionamento das pernas e, em seguida, a perna direita vai apoiada pelo
calcanhar; enquanto a esquerda, semiflexionada, apoia-se em meia ponta do
pé, deslocando o corpo para esquerda. Refaz-se todo o movimento, indo
a perna esquerda por trás da direita para desfazer o cruzamento. Neste
movimento, o deslocamento para a direita é feito com o corpo um pouco
inclinado.
LOCOMOTIVA
Inicia-se com o corpo agachado e os braços abertos para frente, em
quase circunferência e a sombrinha na mão direita. Dão-se
pequenos pulos para encolher e estirar cada uma das pernas, alternadamente.
FERROLHO
Como a sapatear no gelo, as pernas movimentando-se primeiro em diagonal
(um passo) seguido de flexão das duas pernas em meia ponta, com o joelho
direito virado para a esquerda e vice-versa. Repetem-se os movimentos, vira-se
o corpo em sentido contrário ao pé de apoio, acentuando o tempo
e a marcha da música. Alternam-se os pés, movimentando-se para
frente e para trás, em meia ponta e calcanhar; o passista descreve
uma circunferência.
PARAFUSO
Total flexão das pernas. O corpo fica, inicialmente, apoiado em um
só pé virado, ou seja, a parte de cima do pé fica no
chão, enquanto o outro pé vira-se, permitindo o apoio de lado
(o passista arria o corpo devagar).
Fonte: www.fundaj.gov.br
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