domingo, 4 de agosto de 2013

Zé do Caixão

José Mojica Marins

Por_ Juliano Coelho // Fotos_ Gisele Sanfelice


José Mojica Marins
Vamos fazer um brinde a quê?
Ao nosso futuro e que realmente, pra onde quer que a gente vá, tenhamos um restaurante à nossa disposição e grandes mulheres pra gente realmente avaliar e... sei lá (risos), namorar, paquerar...

Você trabalhava com elencos enormes em seus filmes. Como fazia para dirigir todo mundo?
Eu cheguei a trabalhar com até mil figurantes. Sabia que aquele figurante ia levar os amigos e a família no cinema. Eu entendia de comércio. Tive filmes que ficaram um ano em cartaz, como o 24 Horas de Sexo Explícito, que, nossa, explodiu!

Tinha umas feias, né?
Tinha! Eu usava as feias e os feios para determinadas coisas...

(Risos) Que tipo de coisa?
Uma feia incompetente só traz desarranjo. Por isso, nunca procurei feia competente. E o feio também, nunca inteligente. Porque eu procurava tudo o que era coisa estranha e diferente. Nunca me interessou fazer coisa para os bonitos. Então eu pegava um galã para atuar com aquela bem estranha mesmo. Houve um caso que nunca vou esquecer. A fulana era banguela, tinha um dente só. Eu fiz com que o cara que era requisitado namorasse ela. Eu falei: "Se você namorar e falar com o pai, vai aparecer na mídia mais do que nunca". Virou casamento. Aí levei a imprensa pra cobrir.

O que foi estranho até para você?
Eu estive em Santa Catarina uma vez e me fizeram passar por coisas fantásticas. Uns caras meio doidos chamaram eu e minha noiva na época pra visitar uma igreja. Fomos lá e até o padre fugiu. Depois o cara nos levou para o cemitério da família e pegou o esqueleto da avó dele. Ele disse que a avó dele gostava de dançar com pessoas corajosas. Ou eu dançava ou o cara matava a gente. Dancei uma valsa e um bolero com a avó do cara.

O personagem Zé do Caixão faz 50 anos este ano. Não tem nada preparado para a comemoração?
Minha filha, Mariliz Marins, tá preparando essa minha viagem em outubro para o México e Texa (Texas, nos EUA). Minha mulher, Lenir Dark, também está filmando uma fita, chamada Carne e Sal, em que eu participo como um canibal.

Você não confunde o Zé do caixão com o Zé mojica?
Eu não tenho a coragem do Zé do Caixão. Já eu tenho sete filhos e ele procura um só. Ele procura a dita "mulher superior" e eu já fui casado e divorciado muitas vezes, com mulheres lindas. E eu era um magrelo e feinho, sempre com mulherão. Mas eu vim da época do romantismo. Quando estava solteiro, uma mulher terminou comigo porque eu dei a ela uma caixa de bombons. Ela achou que eu era boiola.

Mas há um contraste entre esse romantismo e o que acontecia no seu set de filmagem, como as cenas de sexo explícito...
Mas se eu visse um cara se aproveitando de uma mulher fora do estúdio, eu pegava meus guarda-costas e mandava bater. Mas eu tinha que ter prova, e pra isso eu punha sempre dois seguranças meus como detetive. Até porque eu sou professor de detetive. A cada dois meses dou aula.

(Risos) diga qual a primeira coisa que o cara tem que saber antes de começar a investigação.
Ele, realmente, nunca pode se meter em qualquer caso sem saber quem é o pai e a mãe da vítima e, realmente, o pai e a mãe do agressor!

O que você acha do padrão de beleza de hoje?
Eu acho que hoje você sai com uma mulher e fica com medo de ver a moça sem roupa. Porque não sabe se a bunda é postiça, se o seio é postiço. No passado eu namorei uma mulher que chegou pra mim e disse: "Olha, eu sei que um dia você vai querer avançar. Então vou ser sincera. Eu não tenho seio e o bumbum, realmente, é enchimento". Aí eu respondi:"Também vou ser sincero. O que me chamou a atenção em você foi seu seio e sua bunda. Vamos ser amigos (risos)".

Mas diga, Zé, você já traiu?
É isso mesmo?! (impressionado) Você já traiu?.

Já...
Eu já traí também. Traí mulher, amante, amante da amante. Houve época em que, no mesmo dia, eu saía com uma de manhã, outra de tarde e outra de noite?

(Gisele, a fotógrafa) Mas nenhuma nunca descobriu?
Não. Eu era um cara que não prestava. A única coisa gostosa que tinha é que o mesmo papo que eu usava com a da manhã, eu usava com a da tarde e a da noite: "É só você" (risos). Depois, eu falava: "Eu tenho um pobrema. Fui no médico e ele me falou que eu realmente tenho uma tara". Eu acho que sofria de uma doença, que hoje já deve ter nome. Que o fulano precisa fazer sexo tantas vezes por dia.

Eu fiz uma reportagem sobre vício em sexo pra SEXY. E não precisa ser só sexo. Pode ser masturbação...
Você sabe que, na minha vida, me masturbei três vezes.

Não minta (risos)!
Mas é verdade. Porque sempre tinha as mulheres quando me dava vontade. (pensativo) Não! Foram quatro! Porque uma vez eu precisava de esperma para um exame de não sei o quê e realmente tive que me masturbar. Já fui muito masturbado por mulher. Mas sozinho foram quatro.


José Mojica Marins
DRINQUE DA VEZ

Mojica escolheu lubrificar esse papo com o Bloody Mary da cantina O Gato Que Ri, no centro de SP. O entrevistador acompanhou Zé nessa tarefa realmente etílica. Foram 10 ao todo. O gato que ri_ Largo do arouche, 37-41, Santa Efigênia, São Paulo (SP). Tel.: (11) 3

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