A
Aliança Liberal foi criada em agosto de 1929 para fazer oposição à candidatura de
Júlio Prestes
à presidência da república. Formavam a Aliança Liberal: Minas Gerais,
Rio Grande do Sul e Paraíba e partidos políticos de oposição de diversos
estados, inclusive do
Partido Democrático (1930) de São Paulo.
O Partido Democrático surgiu, em 1926, de uma dissidência do
PRP, o partido de Júlio Prestes e Washington Luís. Sendo que um dos líderes do Partido Democrático (
Paulo Nogueira Filho) participou do "Congresso Libertador", realizado em
Bagé, em 1928. Em contrapartida, em Minas Gerais, a aliança política denominada Concentração Conservadora apoiou Júlio Prestes.
No dia 5 de agosto, os líderes das bancadas mineira e gaúcha na
Câmara dos Deputados declaram que não faziam mais parte da maioria
parlamentar governista.
A formalização da Aliança Liberal foi feita em 20 de setembro de
1929, numa convenção dos estados e partidos oposicionistas, no Rio de
Janeiro, presidida por Antônio Carlos de Andrada, lançando os candidatos
da Aliança Liberal às eleições presidenciais: Getúlio Vargas para
presidente da República e
João Pessoa,
presidente da Paraíba, para a vice-presidência da República. Washington
Luís tentou convencer os presidentes gaúcho e mineiro de desistirem
dessa iniciativa. Em carta dirigida a Andrada, argumentava que dezessete
estados apoiavam a candidatura oficial. Não obteve êxito.
Em 12 de outubro de 1929, realizou-se, no Rio de Janeiro, uma
convenção dos 17 estados governistas, que indicou Júlio Prestes de
Albuquerque como candidato à presidência da República e o presidente da
Bahia,
Vital Soares, pertencente ao
Partido Republicano Baiano, a vice-presidente.
Getúlio Vargas enviou o
senador Firmino Paim Filho
para dialogar em seu nome com Washington Luís e Júlio Prestes. Em
dezembro de 1929, formalizou-se um acordo, no qual Getúlio Vargas
comprometia-se a aceitar os resultados das eleições e, em caso de
derrota da Aliança Liberal, se comprometia a apoiar Júlio Prestes. Em
troca, Washington Luís comprometia-se a não ajudar a oposição gaúcha a
Getúlio, a qual praticamente não existia, pois Getúlio unira o Rio
Grande do Sul.
No dia 2 de janeiro de 1930, Getúlio Vargas lê, na
Esplanada do Castelo, no Rio de Janeiro, a
Plataforma da Aliança Liberal, tratando dos principais problemas brasileiros, na qual, destaca as questões sociais:
"Não
se pode negar a existência da Questão Social no Brasil como um dos
problemas que terão de ser encarados com seriedade pelos poderes
públicos. O pouco que possuímos em matéria de legislação social não é
aplicada ou só o é em parte mínima, esporadicamente, apesar dos
compromissos que assumimos a respeito, como signatários do Tratado de Versalhes".
E criticou a política de valorização do café que vinha sendo feita até então: "A
valorização do café, com se fazia, teve tríplice efeito negativo:
diminuiu o consumo, fez surgir sucedâneos e intensificou a concorrência,
que, se era precária antes do plano brasileiro, este a converteu em
opulenta fonte de ganho. Foram, com efeito, os produtores estrangeiros e
não os nossos, paradoxalmente, os beneficiários da valorização que aqui
se pôs em prática".
A Aliança Liberal contou com o apoio, também, da corrente político-militar chamada "
Tenentismo". Destacavam-se, entre os
tenentes:
Cordeiro de Farias,
Newton de Andrade Cavalcanti,
Eduardo Gomes,
Antônio de Siqueira Campos,
João Alberto Lins de Barros,
Juarez Távora,
Luís Carlos Prestes,
João Cabanas,
Newton Estillac Leal,
Filinto Müller e os três tenentes conhecidos como os "tenentes de Juarez":
Juracy Magalhães,
Agildo Barata e
Jurandir Bizarria Mamede. E ainda na
marinha do Brasil:
Ernâni do Amaral Peixoto,
Ari Parreiras,
Augusto do Amaral Peixoto,
Protógenes Pereira Guimarães. E o
general reformado
Isidoro Dias Lopes, o general honorário do exército brasileiro
José Antônio Flores da Cunha e o
major da
Polícia Militar de São Paulo
Miguel Costa. O tenente Cordeiro de Farias, que chegou a
marechal,
afirmou, em suas memórias, que os tenentes estavam em minoria no
exército brasileiro em 1930, mas que mesmo assim fizeram a revolução de
1930.
Os objetivos e os ideais da Aliança Liberal podem ser sintetizados
pela frase do presidente de Minas Gerais, Antônio Carlos, que afirmava,
ainda em 1929, em um discurso interpretado como um presságio e uma
demonstração do instinto de sobrevivência de um político experiente, ao
implantar, em
Belo Horizonte, pela primeira vez no Brasil, o
voto secreto:
"Façamos serenamente a revolução, antes que o povo a faça pela violência".
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