Isso é namoro ou amizade? |
Para os que apostavam num rompimento de Cássio com
Ricardo Coutinho, vai aqui uma ducha de água fria. Reportagem da Folha
dá conta de uma aliança do governador Eduardo Campos com o senador Aécio
Neves contra Dilma Roussef e o acerto para que sejam aparads as arestas
estaduais em torno de um objetivo maior que será a Presidência da
República. Leia a matéria de cabo a rabo, depois dos dois pontos como
costuma dizer o intrépido Rubens Nóbrega:
O governador Eduardo Campos (PSB-PE) e o senador Aécio Neves
(PSDB-MG), virtuais adversários em 2014, ensaiam parceria temporária
para fortalecer seus nomes à disputa presidencial. Aliados querem que
eles evitem agressões mútuas e estabeleçam, sempre que possível,
convergência nas críticas ao governo Dilma Rousseff.
Hoje, Campos receberá o tucano para um jantar no Recife (PE), como
antecipou ontem a coluna Painel. A ideia é mudar a pauta dos encontros
regulares que realizam.
Diálogo recente entre o governador de Pernambuco e o senador mineiro
mostra quão afinados estão os dois virtuais candidatos à Presidência da
República.
"Você é oposição, e eu sou aquele que reconhece quando há acertos [do
governo federal]", disse o pernambucano ao mineiro há pouco mais de
dois meses.
"Esquece, Eduardo, esse sou eu, pô! Só dar porrada é discurso vazio", retrucou, sorrindo, o tucano.
Nos últimos dias, Campos e Aécio fizeram críticas muito parecidas ao
Planalto e à própria presidente Dilma, de quem o governador socialista
ainda é formal aliado.
Campos preside o PSB, partido com cargos no segundo escalão federal e
dois ministérios (Integração Nacional e Secretaria de Portos).
Auxiliares do pernambucano afirmam que as declarações não foram
combinadas. Reconhecem, contudo, que as críticas em dose dupla ganham
dimensão maior na imprensa e podem aprofundar o desgaste da petista.
Interlocutores de ambos os lados ouvidos pela Folha explicam que a
proximidade não significa um pacto de não agressão. Mas nenhum deles
demonstra vontade de tratar o outro como rival agora.
Até porque o limite dessa "parceria tática", como definiu um aliado
do pernambucano, são os números das pesquisas. Ou seja: se um disparar
sobre o espólio eleitoral do outro, o acordo evapora. O jantar de hoje é
justamente para retardar, ao máximo, esse momento.
Outro tema do encontro são eventuais conflitos em candidaturas do
PSDB e do PSB nos Estados. Em Minas, Campos quer que o prefeito Márcio
Lacerda, seu correligionário, dispute o governo. Ocorre que Lacerda é
aliado de Aécio. Há desafios em São Paulo, no Paraná, na Paraíba, mas
também muito esforço para compor palanques onde for possível.
Afora as demandas objetivas, socialista e tucano querem explorar o
simbolismo do encontro. Ao mostrar afinidade, eles indicam que uma
aliança em um eventual segundo turno é um caminho natural. Isso
fortalece a perspectiva de poder de ambos.
Os dois têm desempenho modesto nas pesquisas. Em um dos cenários da
pesquisa Datafolha de 10 de agosto, Aécio tinha 13% de intenção de voto.
Campos, 8%.
Para "eduardistas", a imagem dos dois juntos abre caminho para que
Campos, político com histórico de esquerda, mas que flerta com setores
tidos como mais conservadores, avance sobre o segundo espectro
ideológico.
De outro lado, Aécio tem dificuldade de fazer o movimento contrário.
Ele tenta puxar o governador para conduta mais ofensiva contra Dilma.
Na conversa de hoje, os dois terão de discutir dois fatores que podem
mudar o cenário atual: a possibilidade de Marina Silva não montar a
Rede e a eventual candidatura de José Serra pelo PPS.
Hoje no PSDB, Serra tiraria votos de Aécio sobretudo em São Paulo,
território vital para dar competitividade a qualquer um dos prováveis
candidatos.
Fonte: Blog do Tião Lucena
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