Rodeio
Definições e Origens
O rodeio originou-se na Espanha, foi adotado pelos mexicanos e logo após
a guerra com os norte-americanos, no século XIX, adaptou-se à América colonial
inglesa.
No Brasil, o rodeio é um sincretismo do esporte importado dos EUA. na década
de 1950. Esta última versão do rodeio que hoje convive com a vaquejada - um
jogo tradicional praticado desde o século XVI em todo o país - consiste em
montar touros e cavalos não domados, com o cavaleiro permanecendo no mínimo
oito segundos na montaria segurando apenas com uma das mãos, e se apoiando
em uma corda, presa ao animal.
Nos EUA, a primeira competição de rodeio aparece em 1869 e desde 1975 esta
manifestação tem sido interpretada como um esporte com regras de aceitação
internacional, provas credenciadas e profissionalismo.
Tal tendência estendeu-se em épocas subsequentes ao Canadá, Austrália, Nova
Zelândia e Brasil, com adaptações locais em termos de organização e práticas.
Daí a versão brasileira manter traços de uma outra modalidade de esporte equestre,
isto é, a vaquejada, e clima de festa, associando-se a disputas artísticas,
jogos de futebol, desfiles, danças, músicas e comidas típicas.
Enquanto tal, o rodeio brasileiro é hoje um modelo de conciliação de folklore
com marketing e competição esportiva, distinguindo-se todavia da influência
norte-americana por não ter uma entidade central de filiações mas um pólo
de radiação do esporte (cluster) representado pela cidade de Barretos-SP.
Nesta origem, o rodeio assumiu uma postura de festa associando-se a disputas
artísticas, jogos de futebol, desfiles, danças, músicas e comidas típicas,
segundo a cultura de Barretos, considerada, na época, a capital da pecuária
nacional.
1955 - Um grupo de jovens da cidade de Barretos funda um clube batizado de
“Os Independentes”, que tinha como regra inicial para participação, a exigência
do interessado ser independente economicamente, solteiro e ter mais de 21
anos.
1956 - Por iniciativa do clube de jovens “Os Independentes” tem lugar o primeiro
rodeio oficial na cidade de Barretos, então denominado de “Festa do Peão de
Boiadeiro de Barretos”, realizada no mês de agosto em um velho picadeiro de
circo de touradas. A partir deste ano, sempre no mês de agosto, as festas
passaram a fazer parte do calendário oficial de festividades da cidade, e
a mobilizar adesões nos municípios vizinhos.
Década de 1960 - A festa de peões e boiadeiros de Barretos assume progressivamente
alcance e renome nacional.
1964 - A fama dos rodeios começa a atrair turistas do Chile, Peru, Bolívia,
Paraguai e Uruguai. Neste ano o evento foi declarado como de utilidade pública
em Barretos, em função de sua contribuição para o desenvolvimento econômico
do município e benefício a várias entidades assistenciais.
Década de 1980 - O local da festa em Barretos foi se revelando insuficiente
para atender ao crescimento do número de seus participantes. Fez-se, então,
um projeto para uma nova arena em contrato com Oscar Niemeyer. Em 1986, inaugurava-sese
o Parque do Peão em formato de ferradura e capacidade para 35 mil pessoas
sentadas, hoje considerado uma das maiores arenas de rodeio do mundo.
1993 - Na cidade de Barretos realizou-se o primeiro “Rodeio Internacional”,
com presença de cowboys americanos e canadenses.
1994 - A internacionalização da “Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos” incluiu
também peões da Nova Zelândia, Austrália e Cuba. Ainda neste ano, o país conhece
seu primeiro campeão mundial de montaria em touros, o brasileiro Adriano Moraes
que teve seu nome gravado no Guinnes Book, por ter “parado” em 10 touros seguidos,
um em cada dia, na final mundial de rodeios realizados nos EUA.
1998 - No último domingo do mês de agosto, data do encerramento da 43ª Festa
de Barretos e do 16º “Freio de Ouro”, realizado em Esteio, no Rio Grande do
Sul, o número de assistentes totalizou 45 mil, superando naquele dia o público
dos estádios de futebol, em quatro jogos de campeonato brasileiro, realizados
em São Paulo, que contabilizaram um número de 33.448 torcedores. Neste mesmo
ano empresários americanos do Texas visitaram no mês de setembro o Jaguariúna
Rodeio Festival, em São Paulo, a fim de observar a organização e o mercado
em expansão do rodeio brasileiro.
Interpretação do Desenvolvimento – anos 1990 Nesta década consolidou-se o
rodeio no Brasil como festival esportivo popular a partir do cluster de Barretos.
A evidência deste fato foi o crescimento da cobertura de revistas, jornais,
rádios e TV aos rodeios organizados em todo o sudeste e sul do Brasil. Além
do reforço dado pela internacionalização de eventos, gerou-se nesta década
um estilo de roupas, objetos de uso pessoal e musica popular relacionada tanto
ao rodeio como ao mundo rural – e sertanejo – brasileiro em geral, com grande
apelo mercadológico. A estes eventos e produtos típicos associaram-se feiras
de equipamentos e veículos já resultantes do importante impulso econômico
pelo qual passava o meio rural do país na década em foco. Outras cidades de
referência do rodeio surgiram neste período seguindo o impacto de Barretos.
Em conseqüência, também surgiu uma nova fonte de turismo interno e externo
com impacto na arrecadação de vários municípios até então sem notoriedade.
Além de Barretos, outras cidades como Jaguariúna, Americana, São José do Rio
Preto, Presidente Prudente e outras ficaram conhecidas como pontos de referência
de rodeios fora do interior do Estado de SP, como localidades de Mato Grosso
do Sul, Paraná, Minas Gerais e Goiás.
Situação atual O Brasil pode ser identificado, no momento, como o segundo
país do mundo no tocante ao nível técnico e organizacional de rodeios, considerando-se
a reconhecida liderança neste esporte exercida pelos EUA. Tal posição é freqüentemente
relacionada ao número de eventos por ano produzidos no país, estimado em cerca
de 1300 festivais de competição, sobretudo concentrados nas regiões sudeste
e centro-sul. O número de arenas já ultrapassa 140, num mercado avaliado em
US$ 2,2 bilhões por ano entre negócios diretos e indiretos. Somente no ano
de 2000, o rodeio de Barretos atraiu em torno de 1,2 milhões de visitantes
movimentando US$ 90 milhões, segundo cálculos do Sebrae-SP.
O público pagante por temporada nos rodeios apresenta-se em torno de 26 milhões
e gera aproximadamente 240 mil empregos diretos e indiretos por ano. Seus
patrocinadores são bancos, seguradoras, agências de turismo, fabricantes de
automóveis, bebidas, confecções, calçados, eletrônicos etc., que compõem a
“Indústria Brasileira do Rodeio” já considerada como a segunda maior do mundo.
A credibilidade e a valorização do rodeio em relação aos demais esportes ficou
evidente no ano de 2001, quando da regularização da profissão do peão de boiadeiro.
Uma segunda lei regulamentou a realização dos rodeios no Brasil a partir de
17 de julho de 2002, determinando que haja uma fiscalização sanitária; que
todos os animais sejam vacinados; e que nenhum material utilizado pelos peões
e animais ponham em risco a integridade física dos touros e cavalos.
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