Vereador é ameaçado de prisão dentro da própria Câmara e obrigado a se retirar
O vereador de Boa Ventura, Cícero Jacinto da Silva, mais conhecido por
Micoca (PC do B - foto), procurou a redação da Folha
(www.folhadovali.com.br) na manhã desta sexta-feira, 16, para denunciar
que foi impedido do exercício parlamentar em sessão realizada na noite
dessa quinta-feira, 15, pelo presidente da Câmara Municipal, Antônio
Madalena (PMDB), e pela Polícia Militar, acionada para retirá-lo do
recinto legislativo, o que ele classificou como abuso de autoridade.
Segundo o parlamentar mirim, tudo foi gerado pelas duras críticas que
ele fez na tribuna da Câmara à saúde pública municipal, insatisfazendo o
presidente e demais vereadores ligados ao prefeito, tanto que, segundo
Micoca, a ordem da sessão foi quebrada para que um aliado do gestor
municipal pudesse usar da palavra e responder às queixas, mesmo depois
de ter desistido de se pronunciar no tema livre, cedendo seu espaço para
outro colega.
Ao reclamar que José Gervásio Júnior (PRB) não poderia usar a tribuna
porque já havia passado a sua vez na ordem de inscrições para o tema
livre, Micoca foi repreendido pelo presidente. “Incomodado com minha
reclamação naquele momento e raivoso pelas críticas que eu tinha feito
sobre a precariedade da saúde, o presidente mandou que eu calasse a boca
ou me retirasse, aí eu mandei ele vir me calar”, narrou Micoca.
Vereador Micoca |
Segundo ainda o vereador, depois desse desentendimento, o presidente
deixou a sessão e foi, pessoalmente, ao destacamento da Polícia Militar
pedir a retirada do vereador da sessão, e os policiais pediram reforço
ao batalhão de Itaporanga. “Chegaram três viaturas cheias de policiais e
ocuparam rapidamente a Câmara, e eu fui ameaçado de prisão por um
tenente, caso não me retirasse do recinto”, lamentou o vereador, ao
comentar que a PM se precipitou, agiu sem conhecimento de causa e feriu a
Constituição, que garante o exercício parlamentar.
Para evitar um constrangimento ainda maior do que já tinha passado,
Micoca, que é policial civil, deixou o legislativo e foi acompanhado
pelos demais companheiros da oposição, mas, conforme ele, vai processar o
presidente da Câmara e o comando da PM por abuso de autoridade. “Hoje
mesmo irei registrar um Boletim de Ocorrência contra os dois na
delegacia de Itaporanga e, depois, estarei conversando com meu advogado
para a gente fazer valer nosso direito”, disse ele, que é um dos quatro
parlamentares de oposição ao prefeito Miguelzinho (PMDB).
“Eu fui impedido de exercer a função de vereador pelo presidente e pela
PM, que invadiu, sem nenhum argumento legal e de forma autoritária, o
lugar onde devo exercer o meu mandato, até porque não houve agressão
física nem verbal a ninguém, e a Câmara é um lugar do debate de ideias
em beneficio da população”.
Para Micoca, o presidente poderia ter evitado a confusão “Se tivesse
agido com imparcialidade e não permitido que José Gervásio usasse a
tribuna depois de ter passado a sua vez”.
Balancetes da Prefeitura retidos - Micoca tem sido um dos mais ferrenhos
críticos à gestão do prefeito Miguelzinho, e acusa o presidente Antônio
Madalena de não fornecer aos vereadores oposicionistas os balancetes da
Prefeitura Municipal. "Desde janeiro, quanto tomou posse o prefeito,
não temos acesso aos balancetes da Prefeitura, mas já entramos com um
pedido de providências ao Ministério Público para que resolva essa
situação", informou o parlamentar mirim.
Dudu continua prefeito - Para Micoca, Miguelzinho faz uma péssima
administração e vive em João Pessoa e Brasília lutando para permanecer
no cargo de prefeito. Em Boa Ventura, segundo o oposicionista, “quem
continua administrando o município é o ex-prefeito e atual tesoureiro da
Prefeitura, Dudu Pinto”.
Queixas contra a gestão – Micoca diz que, até agora, o prefeito não tem
nenhuma realização importante no município, apesar da Prefeitura já ter
recebido cerca de R$ 8 milhões do Governo Federal de janeiro para cá,
segundo o vereador. “Os PSFs estão sem funcionar a contento e o povo
pobre sofre com falta de medicamento de uso contínuo; os agentes de
endemias estão com salários atrasados; o açougue e matadouro está
funcionado de forma precária; estudantes de algumas comunidades rurais,
como Lagoa seca e Tamanduá, sendo transportados em pau de arara; enfim,
enquanto o prefeito luta na Justiça para ficar no cargo, Boa Ventura
está abandonada”, enfatizou.
Fonte: Folha do Vali
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