domingo, 24 de março de 2013


TEM FATO NOVO NA PRAÇA

Estrategistas políticos estão debruçados sobre o cenário que se monta na Paraíba com vista às eleições de 2014, já que é a partir de 2013 que esse cenário começa a ser desenhado. Há duas questões emblemáticas que estão sendo estudadas com maior profundidade, pois delas depende o resto: a possibilidade das candidaturas de Cássio e a de Veneziano, por coincidência as duas que mais sensibilizam o eleitor de Campina Grande – que vem decidindo as eleições governamentais do Estado nos últimos anos.

Cássio está vivendo o seu melhor momento político, sentado na cadeira senatorial, mesmo que a sua atuação no Senado ainda não seja marcante e nem seja também por isso que seu prestigio eleitoral na Paraíba tenha chegado às estratosferas. O crescimento de Cássio decorre do fato dele ter sido eleito Senador em clima de uma revanche política contra Zé Maranhão e o PMDB, que fizeram a campanha de 2010 com o objetivo claro de expurgá-lo da vida pública, embora Cássio não fosse o candidato principal do pleito. Como se sabe, Cássio fez de sua via crucis, percorrida com o peso de uma cassação que ao povo parecia injusta, uma cristianização – ou seja: um sofrimento de vítima injustiçada e perseguida que lembra, guardadas as desproporções, o calvário de Cristo, no imaginário religioso do povo. De sobra, Cássio elegeu Ricardo Coutinho, um homem enigmático incapaz de ser grato, característica política que terminou por ampliar os horizontes de Cássio, que não pára de crescer por conta disso.

Cássio e Ricardo Coutinho formam hoje a principal banda larga eleitoral do Estado, mas o segredo, para o futuro, depende de estarem juntos e não quererem a mesma coisa ao mesmo tempo. Há muitas possibilidades de não estarem harmônicos em 2014.

A SEGUNDA BANDA LARGA DA POLÍTICA da Paraíba é Veneziano, a cria nova do PMDB que há algum tempo vem sendo preparado para enfrentar Cássio, e que já derrubou os portões de sua cidadela duas vezes em quatro turnos eleitorais – 2004 e 2008, só perdendo em 2012 com uma candidata que desafiou a lógica mas, surpreendentemente, chegou no segundo turno. Vené está avariado, com as asas chumbadas e os cabelos tesourados, por conta do final de sua administração que puxa seu projeto para baixo, a não ser que, como ocorreu a Cássio, a cristianização entre na disputa, a partir de Campina Grande.
É neste cenário móvel que o PT passa a entender, com base em reflexões divididas com o genial Zé Dirceu – o impuro -, que é chegado o momento de colocar na praça uma terceira alternativa política para o Estado, partindo do mesmo principio usado com êxito nas eleições de 2012, na Capital, misturando dissidências com alianças de ocasião e zero de combustão ideológica.

O PROJETO DE TERCEIRA VIA tem uma lógica irrefutável: se Cássio e RC, juntos ou separados, representam o mesmo setor; se Veneziano, em razão de sua vulnerabilidade aparente, não une a oposição, por que não construir uma candidatura alternativa? Por que não transformar Luciano Agra, com o apoio do PT e de Luciano Cartaxo, no candidato do terceiro setor, antes que o próprio PT o mate afogado ou o sepulte vivo?

Por enquanto a teoria fascina porque, além disso, tem dois outros fatores importantes: Dilma teria um palanque seguro no Estado e, por cima, poderia colocar na chapa como candidato a Senador, seu ministro da mobilidade social, operador do PAC e do Minha Casa Minha Vida, o deputado federal licenciado Aguinaldo Ribeiro, e seu partido o PP. A sopa idealizada tem ingredientes para congestão e nenhum tempero ideológico, mas ocupa estrategicamente um vazio existente hoje na política local, o mesmo que Nonato Bandeira enxergou quando tangeu Luciano Agra para a aventura vitoriosa de parecer, sem ser, anti-ricardista fervoroso em João Pessoa. Ninguém se surpreenderá mais se der tudo certo.

É bom lembrar que a única possibilidade de dá tudo errado é o PT esfolar Agra antes do previsto, ou Aguinaldinho entender que quem confia no PT se assusta com ele. Mas que a idéia tá tomando forma de fato, tá. E germina.

Fonte: Paraíba Confidencial

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