Publicado por vavadaluz | Colocado em Religião | Data: 27 mar 2013
“Eu sou um cirurgião, e dou aulas há algum tempo. Por treze
anos vivi em companhia de cadáveres e durante a minha carreira estudei a
fundo anatomia. Posso portanto escrever sem presunção.
Jesus entrou em agonia no Getsemani – escreve o evangelista
Lucas – orava mais intensamente. “E seu suor tornou-se como gotas de
sangue a escorrer pela terra”. O único evangelista que relata o fato é
um médico, Lucas . E o faz com a precisão dum clínico. O suar sangue, ou
“hematidrose”, é um fenômeno raríssimo. Se produz em condições
excepcionais: para provocá-lo é necessário uma fraqueza física,
acompanhada de um abatimento moral violento causado por uma profunda
emoção, por um grande medo
. O terror, o susto, a angústia terrível de sentir- se
carregando todos os pecados dos homens devem ter esmagado Jesus. Tal
tensão extrema produz o rompimento das finíssimas veias capilares que
estão sob as glândulas sudoríparas, o sangue se mistura ao suor e se
concentra sobre a pele, e então escorre por todo o corpo até a terra.
Conhecemos
a farsa do processo preparado pelo Sinédrio hebraico, o envio de Jesus a
Pilatos e o desempate entre o procurador romano e Herodes. Pilatos
cede, e então ordena a flagelação de Jesus. Os soldados despojam Jesus
e o prendem pelo pulso a uma coluna do pátio. A flagelação se efetua
com tiras de couro múltiplas sobre as quais são fixadas bolinhas de
chumbo e de pequenos ossos. Os carrascos devem ter sido dois, um de cada
lado, e de diferente estatura. Golpeiam com chibatadas a pele, já
alterada por milhões de microscópicas hemorragias do suor de sangue. A
pele se dilacera e se rompe; o sangue espirra. A cada golpe Jesus reage
em um sobressalto de dor. As forças se esvaem; um suor frio lhe impregna
a fronte, a cabeça gira em uma vertigem de náusea, calafrios lhe correm
ao longo das costas. Se não estivesse preso no alto pelos pulsos,
cairia em uma poça de sangue.
Depois o escárnio da coroação. Com longos espinhos, mais
duros que aqueles da acácia, os algozes entrelaçam uma espécie de
capacete e o aplicam sobre a cabeça. Os espinhos penetram no couro
cabeludo fazendo-o sangrar (os cirurgiões sabem o quanto sangra o couro
cabeludo).
Pilatos,
depois de ter mostrado aquele homem dilacerado à multidão feroz, o
entrega para ser crucificado. Colocam sobre os ombros de Jesus o grande
braço horizontal da Cruz; pesa uns cinqüenta quilos. A estaca vertical
já está plantada sobre o Calvário. Jesus caminha com os pés descalços
pelas ruas de terreno irregulares, cheias de pedregulhos. Os soldados o
puxam com as cordas. O percurso, é de cerca de 600 metros. Jesus,
fatigado, arrasta um pé após o outro, freqüentemente cai sobre os
joelhos. E os ombros de Jesus estão cobertos de chagas. Quando ele cai
por terra, a viga lhe escapa, escorrega, e lhe esfola o dorso.
Sobre o Calvário tem início a crucificação. Os carrascos
despojam o condenado, mas a sua túnica está colada nas chagas e tirá-la é
atroz. Alguma vez vocês tiraram uma atadura de gaze de uma grande
chaga? Não sofreram vocês mesmos esta experiência, que muitas vezes
precisa de anestesia? Podem agora vos dar conta do que se trata. Cada
fio de tecido adere à carne viva: ao levarem a túnica, se laceram as
terminações nervosas postas em descoberto pelas chagas. Os carrascos dão
um puxão violento. Como aquela dor atroz não provoca uma síncope? O
sangue começa a escorrer.
Jesus é deitado de costas, as suas chagas se incrustam de pé e
pedregulhos. Depositam-no sobre o braço horizontal da cruz. Os algozes
tomam as medidas. Com uma broca, é feito um furo na madeira para
facilitar a penetração dos pregos; horrível suplício! Os carrascos pegam
um prego (um longo prego pontudo e quadrado), o apoiam sobre o pulso de
Jesus, com um golpe certeiro de martelo o plantam e o rebatem sobre a
madeira. Jesus deve ter contraído o rosto assustadoramente. No mesmo
instante o seu pólice, com um movimento violento se posicionou
opostamente na palma da mão; o nervo mediano foi lesado. Pode-se
imaginar aquilo que Jesus deve ter provado; uma dor lancinante,
agudíssima, que se difundiu pelos dedos, e espalhou-se, como uma língua
de fogo, pelos ombros, lhe atingindo o cérebro. Uma dor mais
insuportável que um homem possa provar, ou seja, aquela produzida pela
lesão dos grandes troncos nervosos. De sólido provoca uma síncope e faz
perder a consciência. Em Jesus não. Pelo menos se o nervo tivesse sido
cortado! Ao contrário (constata-se experimentalmente com freqüência) o
nervo foi destruído só em parte: a lesão do tronco nervoso permanece em
contato com o prego: quando o corpo for suspenso na cruz, o nervo se
esticará fortemente como uma corda de violino esticada sobre a cravelha.
A cada solavanco, a cada movimento, vibrará despertando dores
dilacerantes. Um suplício que durará três horas.
O carrasco e seu ajudante empunham a extremidade da trava;
elevam Jesus, colocando-o primeiro sentado e depois em pé;
conseqüentemente fazendo-o tombar para trás, o encostam na estaca
vertical. Depois rapidamente encaixam o braço horizontal da cruz sobre a
estaca vertical. Os ombros da vítima esfregaram dolorosamente sobre a
madeira áspera. As pontas cortantes da grande coroa de espinhos o
laceraram o crânio. A pobre cabeça de Jesus inclinou-se para frente, uma
vez que a espessura do capacete o impedia de apoiar-se na madeira. Cada
vez que o mártir levanta a cabeça, recomeçam pontadas agudíssimas.
Pregam-lhe os pés. Ao meio-dia Jesus tem sede. Não bebeu
desde a tarde anterior. As feições são impressas, o vulto é uma máscara
de sangue. A boca está semi-aberta e o lábio inferior começa a pender. A
garganta, seca, lhe queima, mas ele não pode engolir. Tem sede. Um
soldado lhe estende sobre a ponta de uma vara, uma esponja embebida em
bebida ácida, em uso entre os militares. Tudo aquilo é uma tortura
atroz.
Um estranho fenômeno se produz no corpo de Jesus. Os músculos
dos braços se enrijecem em uma contração que vai se acentuando: os
deltóides, os bíceps esticados e levantados, os dedos se curvam. Se
diria um ferido atingido de tétano, presa de uma horrível crise que não
se pode descrever. A isto que os médicos chamam tetania, quando os
sintomas se generalizam: os músculos do abdômen se enrijecem em ondas
imóveis, em seguida aqueles entre as costelas, os do pescoço, e os
respiratórios. A respiração se faz, pouco a pouco mais curta. O ar entra
com um sibilo, mas não consegue mais sair. Jesus respira com o ápice
dos pulmões. Tem sede de ar: como um asmático em plena crise, seu rosto
pálido pouco a pouco se torna vermelho, depois se transforma num violeta
purpúreo e enfim em cianítico. Jesus atingido pela asfixia, sufoca. Os
pulmões cheios de ar não podem mais esvaziar-se. A fronte está
impregnada de suor, os olhos saem fora de órbita. Que dores atrozes
devem ter martelado o seu crânio! Mas o que acontece? Lentamente com um
esforço sobre- humano, Jesus tomou um ponto de apoio sobre o prego dos
pés. Esforçando-se a pequenos golpes, se eleva aliviando a tração dos
braços. Os músculos do tórax se distendem. A respiração se torna mais
ampla e profunda, os pulmões se esvaziam e o rosto recupera a palidez
inicial. Porque este esforço? Porque Jesus quer falar: “Pai, perdoa-lhes
porque não sabem o que fazem”. Logo em seguida o corpo começa
afrouxar-se de novo, e a asfixia recomeça.
Foram transmitidas sete frases pronunciadas por ele na cruz:
cada vez que quer falar, deverá elevar-se tendo como apoio o prego dos
pés, inimaginável! Enxames de moscas, grandes moscas verdes e azuis,
zunem ao redor do seu corpo; irritam sobre o seu rosto, mas ele não pode
enxotá-las. Pouco depois o céu escurece, o sol se esconde: de repente a
temperatura se abaixa. Logo serão três da tarde. Jesus luta sempre: de
vez em quando se eleve para respirar. A asfixia periódica do infeliz que
está destroçado. Uma tortura que dura três horas. Todas as suas dores, a
sede, as cãibras, a asfixia, o latejar dos nervos medianos, lhe
arrancaram um lamento: “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?”.
Jesus grita: “Tudo está consumado!”. Em seguida num grande brado disse:
“Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”. E morre”.
Fonte: Blog do Vavá da Luz
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