quinta-feira, 21 de março de 2013

As Redações Do Enem


Enviado por Ricardo Noblat -
O Estado de S. Paulo
Depois de examinar mais de 30 textos enviados por candidatos que atingiram a pontuação máxima no último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), acompanhados da confirmação, pelas universidades federais, de que foram aprovados no vestibular deste ano, o jornal O Globo constatou que muitas redações continham erros de grafia ─ como “rasoável”, “enchergar” e “trousse” ─ e graves erros também de concordância, acentuação e pontuação.
Embora tenham recebido a nota 1.000, no Enem de 2012, essas redações não atenderam às exigências da primeira das cinco competências avaliadas pelos corretores, que exige dos estudantes demonstração do “domínio da norma padrão na língua escrita”. Numa das redações ─ que não recebeu a pontuação máxima, mas obteve nota alta ─ o estudante despreza o tema ─ “movimentos imigratórios para o Brasil no século 21″ — e descreve como preparar um miojo.


Cada competência tem a pontuação máxima de 200 pontos. Como informa o Guia do Participante, distribuído pelo MEC, os 200 pontos relativos à primeira competência só podem ser concedidos aos alunos que apresentarem “poucos desvios gramaticais leves”.
Segundo o guia, “desvios mais graves excluem a redação da pontuação mais alta”. Ele é taxativo ao apontar, entre os “desvios gramaticais mais graves”, erros de grafia, de acentuação e de pontuação, como os que foram cometidos nas provas conferidas pelo jornal.
Pelas regras do Enem, essas redações não poderiam receber a pontuação máxima. “A atribuição injusta do conceito máximo a quem não teve o mérito estimula a popularização do uso da língua portuguesa, impedindo os alunos de falar, ler e escrever reconhecendo suas variedades linguísticas. Além disso, provoca a formação de profissionais incapazes de se comunicar, em níveis profissional e pessoal, e de decodificar o próprio sistema da língua portuguesa”, diz Jerônimo Moraes Neto, professor de Linguística Aplicada na UFRJ e na Uerj.
“Na vida real, redações como essas jamais tirariam nota máxima, pois contêm erros que a sociedade não aceita. Afinal, pareceres, relatórios, artigos científicos, livros e matérias de jornal que contiverem esses desvios colocarão em risco o emprego de revisores, pesquisadores e jornalistas”, afirma o titular de Língua Portuguesa do Instituto de Letras da Uerj, Cláudio Henriques.
Fonte: O Estado de São Paulo

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