Problemas financeiros afetam vida sexual, autoestima e relacionamentos, aponta pesquisa com entrevistados nos Estados Unidos e no Reino Unido
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Financeiro pode interferir – e muito – na vida sexual dos casais- Foto: Freepik/Divulgação/ND |
Contas atrasadas, boletos pendentes e falta de dinheiro não são prejudiciais apenas no âmbito econômico — a ansiedade com os gastos atrapalha também a vida sexual e afetiva das pessoas. A instabilidade econômica tem remodelado a forma como as pessoas se relacionam, se conectam e vivenciam o desejo.
A intimidade, o romance e até mesmo o prazer solitário podem ser prejudicados pela falta de grana. Para entender melhor esse impacto, a ZipHealth entrevistou mil adultos nos Estados Unidos e no Reino Unido e revelou como o dinheiro — ou a falta dele — tem afetado o bem-estar sexual, a autoconfiança e a dinâmica dos relacionamentos.
De acordo com a pesquisa, mais de um quarto dos britânicos (28%) e dos norte-americanos (26%) evitaram sexo ou intimidade por estarem estressados com questões financeiras. E o efeito é ainda mais abrangente: cerca de 3 em cada 10 adultos em ambos os países afirmaram que deixaram de buscar novos relacionamentos por causa da incerteza econômica.
Por outro lado, quem tem estabilidade financeira navega as marés afetivas com muito mais tranquilidade. Pessoas financeiramente satisfeitas têm até seis vezes mais probabilidade de relatar felicidade emocional e sexual nos relacionamentos. Nos Estados Unidos, elas se sentem mais seguras afetivamente, e mais do que o dobro delas relata boa frequência sexual, alta libido e confiança na cama, em comparação com quem vive com dificuldades. No Reino Unido, os números seguem o mesmo ritmo, com índices que mostram entre duas e quase cinco vezes mais bem-estar íntimo entre os financeiramente confortáveis.
Mas e quem não está com a conta bancária ideal? A saída tem sido olhar para dentro — literalmente. Quase metade dos americanos (45%) e 39% dos britânicos têm recorrido à intimidade solo como uma forma de compensar a ausência de sexo em casal. Pornografia também ocupa espaço significativo nessa substituição (30% nos Estados Unidos, 32% no Reino Unido). Há ainda quem explore os aplicativos de namoro sem a intenção de conhecer alguém pessoalmente, e uma parcela crescente — ainda que pequena — está se aventurando com ferramentas de intimidade baseadas em inteligência artificial, como chatbots e assistentes sensuais digitais.
O efeito do financeiro na autoestima também é cruel. Nos Estados Unidos, 44% dos entrevistados já se sentiram “não o suficiente” em um relacionamento por causa da própria condição financeira. No Reino Unido, esse número fica em 38%. Mais da metade dos norte-americanos (53%) e dos britânicos (60%) disseram que a falta de opções de encontros acessíveis tem prejudicado diretamente a vida sexual. Além disso, 26% dos norte-americanos e 18% dos britânicos permaneceram em um relacionamento por mais tempo do que gostariam, apenas por questões financeiras.
Em um nível emocional, o dinheiro também pesa. Muitos relataram nunca conseguir relaxar financeiramente (41% nos Estados Unidos e 33% no Reino Unido), sentir que estão atrás de seus pares (41% e 32%) e temer julgamentos em encontros por causa da própria situação (23% e 19%).
Realizada com 500 norte-americanos e 500 britânicos, a pesquisa da ZipHealth reuniu pessoas com idade média de 42 anos. Entre os entrevistados, a maioria pertence à geração millennial, seguida por integrantes da Geração X e da Geração Z. Apesar das diferenças geográficas, o resultado é um só: o estresse econômico está afetando profundamente o desejo, a intimidade e a capacidade de se conectar com o outro. E, ao que tudo indica, na economia do afeto, quem tem menos dinheiro paga um preço bem alto.
Correio Braziliense

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