quinta-feira, 4 de setembro de 2025

"Nu Busão" percorre ruas de São Paulo

INÉDITO: Ônibus nudista percorre as ruas de São Paulo e a prefeitura vai cobrar explicações

O evento "Nu Busão" reuniu 60 participantes nus, celebrando liberdade, consentimento e diversidade pelas ruas da cidade


Nu Busão percorreu pontos icônicos de São Paulo em uma festa de três horas -  (crédito: Divulgação )
Nu Busão percorreu pontos icônicos de São Paulo em uma festa de três horas - (crédito: Divulgação) - X

Um ônibus comum nas ruas de São Paulo se transformou em palco de uma experiência inédita: os 60 passageiros estavam nus, em plena noite do último sábado (23/08). O coletivo partiu de Moema às 23h, cruzou o Pacaembu, subiu a Avenida Paulista e voltou pela Ibirapuera em três horas de percurso.

O evento se tratava do Nu Busão, festa de pegação organizada pelo Spicy Club, conhecida casa de swing da cidade. A diversidade dominava o ambiente. Casados, solteiros, jovens, idosos, héteros, bissexuais, cis e trans se misturavam sem distinção.

A filosofia do Spicy Club — liberdade plena e inclusão — se refletia na celebração. Diferentemente de outros espaços, o clube abre portas a LGBTs e homens desacompanhados, abraçando tendências e fetiches variados.

Além do ônibus nudista, a casa organiza noites de ménage, BDSM — práticas que envolvem poder, controle e restrição — e exibicionismo, atraindo gays, lésbicas e criadores de conteúdo. A diversidade de eventos torna difícil não encontrar um nicho para cada desejo.

Segundo o idealizador do projeto, Beto do Casal Nudista, como é conhecido do meio, a ideia do ônibus partiu da proposta liberal com a mulher, Dri, e acatada pelo CEO da Spicy Club, Fábio Leandro. “Para nossa alegria, ele achou a ideia simplesmente fantástica, um modelo de evento inédito que combinava perfeitamente com a ousadia da casa. O apoio foi total e imediato”, conta ao Correio Braziliense.

A entrada no ônibus custava R$ 130 para mulheres sozinhas, R$ 250 para homens desacompanhados e R$ 280 para casais. Por fora, o ônibus parecia discreto: vidros escuros e motorista calmo, dirigindo a 20 km/h. Por dentro, luzes neon iluminavam os bancos de couro e a música abafava qualquer som.

Colocar Nu Busão em movimento pelas ruas da capital paulista exigiu planejamento detalhado e cuidado com segurança, privacidade e legalidade. Beto destaca que o coletivo enfrentou desafios jurídicos e logísticos, como garantir um ônibus com visibilidade apenas de dentro para fora e organizar o embarque discreto por meio de um túnel conectado à Spicy Club, onde os pertences dos convidados eram armazenados com segurança.

Em atmosfera de respeito e consentimento, Beto explica que a nudez funciona como forma de expressão e liberdade, não como um fim em si mesma. “Todos são muito bem-vindos e a nossa filosofia é celebrar a liberdade da nudez sem qualquer tipo de preconceito”, declara. 

O clima do evento, conforme o idealizador, foi de balada interativa e lúdica. O movimento do ônibus, que poderia ser incômodo, acabou se tornando um elemento divertido, gerando momentos espontâneos de riso e prazer.

Beto reforça que o objetivo do Nu Busão é desmistificar preconceitos sobre nudismo e festas liberais, mostrando que o foco é respeito, consentimento e liberdade de escolha. Muitos participantes vão apenas para dançar, conversar e se divertir, enquanto outros aproveitam a experiência como uma forma de explorar fantasias consensuais.

A diversão não se limitou à intimidade. A guia Laudine de Oliveira conduziu um tour pelos principais pontos da cidade, mas a maioria dos passageiros preferiu explorar outras partes do ônibus. O retorno ao Spicy Club, por volta das 2h de domingo (24/08), não marcou o fim da festa. O after continuou até as 6h, mantendo a regra de ouro do evento: ninguém precisava se preocupar com roupas.

A próxima edição da festa está marcada para 27 de setembro. Os interessados podem conferir regras e depoimentos no site oficial para maior segurança: www.baladanudista.com.br.

E a legalidade da ação?

O Correio Brazikiense procurou a Prefeitura de São Paulo para obter detalhes sobre o aval das autoridades sobre o projeto. O órgão declarou à reportagem que “a Prefeitura de São Paulo, por meio do Departamento de Transportes Públicos (DTP), informa que não houve pedido de regularização de transporte para esse evento junto ao órgão." A empresa responsável será comunicada oficialmente para prestar esclarecimento.

O Detran-SP argumentou ao Correio Braziliense que a organização do evento é de competência do município, mas destacou que, de acordo com o artigo 105 do Código de Trânsito Brasileiro, há exceção quanto ao uso do cinto de segurança nos veículos de transporte coletivo urbano, não sendo obrigatório o uso do equipamento e permitindo, inclusive, o transporte de passageiros em pé — o que não caracteriza o transporte utilizado. Já no transporte recreativo, conforme o artigo 6º da Resolução Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) nº 813/2020, é vedado o transporte de passageiros em pé, salvo quando houver autorização expressa do poder concedente, no caso o município.

Segundo Beto, o ônibus utilizado no evento tem barras de segurança como qualquer transporte coletivo, nas quais as pessoas podem se segurar. O idealizador destaca que o automóvel percorreu todo o trajeto entre 10 e 20 km/h e foi conduzido por um motorista profissional acostumado com o tipo de serviço. Beto explica que os “ônibus balada” em São Paulo são oferecidos por empresas licenciadas e responsáveis, e foi justamente uma dessas empresas que prestou o serviço, totalmente regularizada, com CNPJ, licença e contrato para uma festa privada.

Blog JURU EM DESTAQUE com Correio Braziliense

Nenhum comentário:

Postar um comentário