sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Momento do clímax

A explosão do prazer: Saiba o que acontece no corpo e no cérebro durante o orgasmo

Durante o orgasmo, o corpo passa por uma série de reações fisiológicas intensas. Há contrações involuntárias da vagina, dos músculos da pelve — como os levantadores do ânus e o trígono superficial — e, em alguns casos, do útero. Essas respostas físicas são comandadas pelo sistema nervoso, que libera substâncias ligadas ao prazer e bem-estar, como dopamina, endorfina e ocitocina.

No cérebro, o momento do clímax provoca uma redução das percepções auditivas e visuais, um processo que os franceses chamam de la petite mort (“a pequena morte”). Há diminuição da atividade no hemisfério esquerdo do córtex — responsável pelo pensamento racional — para dar lugar à ativação do hipotálamo, região mais primitiva e diretamente ligada à sexualidade.

Clímax sinestésico 

Segundo a ginecologista Dra. Beatriz Franco, do Grupo Bussade Health, do ponto de vista neurológico e hormonal, não há diferença entre os tipos de orgasmo (clitoriano, vaginal ou misto). “Um orgasmo é um orgasmo, independentemente do estímulo que o provocou”, resume.

A especialista explica que orgasmos múltiplos são como ondulações sucessivas de prazer e que não têm relação direta com predisposição biológica. “Eles estão muito mais ligados ao autoconhecimento, autoestima, estado emocional e até ao contexto do dia”, afirma. “A mesma mulher pode ter experiências diferentes dependendo do estímulo e da situação.”

Tanto homens quanto mulheres podem ter orgasmos de intensidades variadas. Segundo a especialista, ambos duram, em média, 10 segundos, mas o tempo para atingir o clímax costuma ser diferente: cerca de 2 a 4 minutos para homens e de 10 a 20 minutos para mulheres. Do ponto de vista biológico, o orgasmo masculino está diretamente ligado à ejaculação e à reprodução. Já o feminino, embora não seja necessário para a concepção, pode favorecer a fecundação ao impulsionar os espermatozóides pela contração vaginal.

O chamado afterglow, ou brilho pós-sexo, também é real. Essa sensação de bem-estar prolongado, ainda que mais sutil que o orgasmo, ajuda a reduzir estresse e ansiedade, e pode fortalecer vínculos afetivos e românticos.

Além disso, a penetração não é necessária para o orgasmo feminino — e nem o toque físico. Fantasias, sonhos eróticos e estímulos em zonas não genitais, como seios ou pelve, podem desencadear clímax. A principal área envolvida ainda é a região clitoriana, riquíssima em terminações nervosas.

Hormônios e fases da vida impactam diretamente o prazer, conforme Beatriz. Durante a ovulação, por exemplo, os níveis de estrogênio aumentam, o que pode elevar a libido e facilitar o orgasmo. Já os anticoncepcionais podem reduzir o desejo e a excitação sexual por interferirem na produção de testosterona. Na menopausa, a queda de estrogênio e testosterona prejudica a lubrificação vaginal, o que pode tornar as relações sexuais dolorosas e dificultar a chegada ao clímax.

Para mulheres que nunca tiveram um orgasmo ou enfrentam dificuldade para alcançá-lo, a ginecologia pode ajudar por meio de educação sexual, escuta ativa e investigação clínica. “Muitas vezes a causa é emocional, mas também pode estar relacionada a questões hormonais ou ao uso de medicamentos, como antidepressivos. Nesses casos, a parceria com a psiquiatria e a terapia sexual é essencial”, explica a médica.

Sobre o chamado squirt, ou ejaculação feminina, Dra. Beatriz esclarece que não acontece com todas. Algumas mulheres possuem resquícios de glândulas prostáticas embrionárias que podem liberar líquido durante o orgasmo — especialmente em experiências mais intensas — mas isso não significa um prazer maior. “É apenas uma variação fisiológica entre os corpos”, conclui.

Para além do prazer, o orgasmo é uma experiência complexa que envolve corpo, mente e contexto emocional. Ele pode variar de intensidade, forma e duração, mas é sempre influenciado por fatores hormonais, neurológicos e subjetivos. Neste Dia do Orgasmo, celebrado em 31 de julho, o convite é ao autoconhecimento e à valorização da saúde sexual como parte essencial do bem-estar. Afinal, entender o próprio corpo é também um caminho para o prazer mais pleno e consciente.

Correio Braziliense - BLOG daquilo

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