ANTIGAS DINASTIAS: Relembre as grandes famílias que perderam espaço na política paraibana
A política é composta principalmente por membros de famílias que passam por gerações que datam por mais de cinco décadas.
Aqui na Paraíba não é diferente, e muitas dinastias conseguem se perpetuar no poder, podemos citar os Cunhas Limas, os Agripinos e os Ribeiros como exemplos, mas existem casos de famílias que foram muito importantes no estado, mas que hoje não conseguem ter a mesma força de outrora.
Nessa matéria nós iremos citar os casos de oito famílias que dominaram cidades e o estado, e que nesse momento, tem pouca ou nenhuma relevância no cenário político da Paraíba.
A história da família Braga na política tem seu começo nos anos 40, quando Francisco Braga se elegeu prefeito de Conceição pela primeira vez. Seu Braga como era conhecido o pai do governador Wilson Braga, foi o mandatário de Conceição em mais duas ocasiões e também prefeito em Santana de Mangueira.
Francisco Braga teve quatro filhos, Wilson, Vani, Walter e Nice, sendo que apenas a última, não se aventurou na política. O filho mais famoso foi deputado estadual entre 1955 e 1967, federal entre 1968 e 1982, ano no qual, derrotou Antônio Mariz e se tornou governador. Após não conseguir se eleger senador em 1986, vence o pleito de 88 e se torna prefeito de João Pessoa, cargo que ocupou por menos de dois anos, quando renunciou para disputar mais uma vez o governo, sendo derrotado por Ronaldo Cunha Lima.
Eleito vereador da capital em 1992, também fica menos de dois anos, para se tornar mais uma vez deputado federal no pleito de 94, se mantendo em Brasília até 2002, quando disputou o senado, ficando na terceira colocação. Retornou a Câmara em 2006, encerrando sua vida pública como deputado estadual, entre 2011-2015.
Vani Braga foi uma das percursoras da política paraibana ao ser a primeira mulher eleita deputada estadual, no pleito de 1982. Reeleita para mais três mandatos consecutivos, Vani também foi prefeita de Conceição entre 2009 e 2013, não disputando a reeleição em 2012. Walter Leite foi prefeito de Conceição nos anos 60, concluindo a carreira política dos filhos de Seu Braga.
A esposa de Wilson, foi outra que marcou história na política paraibana. Lúcia foi a primeira paraibana a se tornar deputada federal nas eleições de 1986. Reeleita para mais um mandato, concorreu ao Governo do Estado em 1994 e a Prefeitura de João Pessoa em 1996, sendo derrotada por Antônio Mariz e Cícero Lucena. Eleita deputada estadual em 1998, retornou a Brasília em 2002, no seu último mandato, encerrado em 2006.
Quem seguiu o legado da família foram os filhos de Nice, a única dos irmãos que não seguiu carreira na política. O mais famoso é Alexandre, que foi prefeito de Conceição entre 2001 e 2008. Após indicar sua irmã, Leomar, como nome da família em 2012, situação na qual foi derrotada por Nilson Lacerda, Alexandre tentou mais uma volta a prefeitura em 2016, quando também perdeu para Lacerda.
Tarcísio de Miranda Burity começou sua carreira política ao ser nomeado secretário da Educação e Cultura do Estado pelo governador Ivan Bichara, por intermediação de José Américo de Almeida. Através de eleição indireta, como ocorria à época, chegou a governador da Paraíba, em 1979, pela ARENA. Em 1982, renuncia ao cargo, para disputar uma vaga na Câmara dos Deputados, recebendo a segunda maior votação da história da Paraíba, sendo superado apenas por Pedro Cunha Lima nas eleições de 2014.
Em novembro de 1986, foi eleito, mais uma vez, governador pelo MDB (desta vez pelo voto popular) e permaneceu à frente do executivo paraibano entre 15 de março de 1987 e 15 de março de 1991, quando decidiu cumprir o mandato até o final, e não disputar uma das vagas ao Senado no pleito de 1990.
Após sofrer o atentado orquestrado por Ronaldo Cunha Lima, no restaurante Gulliver no final de 1993, a saúde do ex-governador nunca mais foi a mesma, o que o afastou da política, mesmo com duas tentativas de ida ao Senado em 1998 e 2002, antes de falecer em 2003, aos 64 anos.
Apenas um dos seus filhos disputou um cargo público, no caso Léo Burity, que ficou na suplência por uma das vagas para a Assembleia Legislativa em 2002. Mas a família continuou forte graças ao seu irmão, Antônio Burity, que foi prefeito de Ingá em três ocasiões e aos seus sobrinhos, Robério, Roberto e Ricardo.
Ricardo foi vereador da capital por um mandato, Roberto que hoje é presidente do Botafogo-PB, se elegeu deputado estadual nas eleições de 1990 e Robério é o que tem mais sucesso e que atualmente é prefeito da cidade de Ingá, indo para o final do segundo mandato.
José Francisco Régis, mais conhecido como Zé Régis, estreou na política se tornando prefeito de Cabedelo nas eleições de 1992. Após tentar ser deputado estadual em 2002, retornou a prefeitura entre 2005 e 2013, sendo reeleito em grandes disputas contra Sebastiao Plácido e Luceninha.
Zé Régis decidiu inserir sua esposa Eneide, como sua sucessora na política, no pleito de 2016, contra o prefeito Leto Viana. Leto venceu a disputa por uma margem estreita ao atingir 15.910 votos (48,30%) contra 14.580 votos (44,29%) de Eneide. Após a prisão e renúncia de Leto Viana em 2018, Eneide tentou se tornar prefeita na eleição suplementar de 2019, quando foi mais uma vez derrotada, nesse caso pelo então vereador, Vitor Hugo.
Um outro nome que pode continuar o legado de Zé Régis, falecido em julho de 2019, é a sua filha, Fabiana Régis, que foi eleita vereadora de Cabedelo em 2016, ficando na suplência no último pleito e afirmando que sairá candidata a algum cargo nas eleições desse ano.
A carreira política de Severino Maroja começou em 1963, quando ficou na suplência por uma das vagas para a Câmara Municipal de Santa Rita. Eleito em 1972, Severino ficou mais uma vez na suplência no pleito seguinte, mas deu a volta por cima quando se tornou prefeito nas eleições de 1982, derrotando o vereador Aníbal Limeira.
Após ficar na suplência para uma das vagas na Assembleia Legislativa em 1990, Maroja retorna a prefeitura no pleito de 96, derrotando Aldo Marinho, se reelegendo contra o vereador e rival Reginaldo Pereira, naquele que foi seu último cargo público.
Severino não conseguiu vencer sua única disputa estadual, o que não se pode dizer da sua esposa. Estefania foi eleita deputada estadual em sua segunda eleição no ano de 1994, se reelegendo no pleito seguinte. Após ficar na suplência nas duas disputas seguintes, Estefania Maroja retornou a política, após o falecimento do marido, ocorrido em 2019, como candidata a vice-prefeita na chapa de Flaviano Quinto, que foi derrotada pelo prefeito Emerson Panta.
O nome que aparenta ser o herdeiro da família, é o sobrinho e empresário Henrique Maroja. Henrique ficou na suplência em duas disputas para a Câmara Municipal de Santa Rita e em sua última eleição no ano de 2018, quando tentou uma vaga na Assembleia Legislativa. Ele confidenciou em entrevista o desejo de sair candidato a prefeito, nas próximas eleições.
A família Rolim é parte da história de Cajazeiras. O médico Epitácio Leite Rolim foi prefeito em duas cidades paraibanas. Sua primeira vitória foi em 1961 na cidade de Cachoeira dos Índios.
Deixou a prefeitura para ser eleito deputado estadual pela primeira vez em 1963. Em 1968 foi o vencedor pela prefeitura de Cajazeiras, em uma disputa contra o empresário Raimundo Ferreira.
Após 10 anos longe da política, exercendo a medicina, Epitácio volta para a vida pública vencendo uma eleição acirrada contra Vituriano de Abreu. Em 1992 perde sua primeira disputa política ao não conseguir vencer o empresário José Nello Zerinho Rodrigues, por um pouco mais de 100 votos.
Eleito deputado estadual em 1994, Epitácio Rolim não desistiu de voltar a prefeitura de Cajazeiras em 1996, se elegendo em mais uma eleição contra Vituriano de Abreu. O prefeito decidiu não disputar a reeleição em 2000, tendo como sua última eleição no pleito de 2004, quando esteve na composição da chapa ao lado de Léo Abreu, que saiu derrotada pelo prefeito Carlos Antônio.
A esposa de Epitácio, Maria do Rosário Gadelha Sarmento Leite, mais conhecida pelo apelido de Zarinha também se aventurou na política, se tornando deputada estadual nas eleições de 1998. Com o falecimento de Epitácio em 2010, a família Rolim não teve novos representantes nas últimas eleições em Cajazeiras.
A família Feliciano é sinônimo quando falamos da cidade de Sapé. Tudo começou com o patriarca da família, José Feliciano Silva, que foi prefeito da cidade nos anos 70.
Mas quem fez sucesso foram os seus três filhos, Roberto, João Máximo e José Feliciano Filho. João foi deputado estadual durante uma legislatura nos anos 80, Roberto foi prefeito entre 2013 e 2021 e José foi vereador, deputado estadual e prefeito em duas ocasiões, sendo que em uma delas, derrotou o próprio Roberto, no pleito de 2000.
Para demonstrar a força que a família Feliciano tinha em Sapé, em sua única eleição, a primeira esposa de José, Fátima Gadelha, também foi prefeita do município nos anos 90.
José Feliciano afirma que irá retornar a política e concorrer a prefeitura em 2024. Sua atual esposa, Tereza Carneiro, foi candidata a deputada estadual nas últimas eleições e deve disputar uma das vagas a Câmara. Já o sobrinho de Roberto, o ex-vereador Luizinho Limeira, também deverá sair candidato a prefeito nas próximas eleições.
Dinaldo Wanderley era sobrinho do ex-prefeito Rivaldo Medeiros que governou a cidade de Patos entre 1983 e 1989, e que tinha conseguido eleger sua esposa Geralda Medeiros em 1988. Dinaldo trabalhava na área da construção civil e ainda era um estreante na política quando foi escolhido como o nome do grupo da situação para às eleições de 1992.
Mesmo com todo o aparato da prefeitura, seu adversário, Ivânio Ramalho, venceu por uma estreita margem de 1.815 votos, tirando do poder um grupo que já comandava a cidade por quase uma década.
Dinaldo deu a volta por cima, sendo eleito prefeito em 1996 derrotando Francisca Motta que era vice de Ivânio, se reelegendo em 2000 vencendo o genro de Francisca, Nabor Wanderley. Se tornou deputado estadual em 2006, com 32.082 votos, sendo que 14.456 na cidade de Patos.
Tentou se eleger prefeito em 2008, mas devido a problemas jurídicos, teve seu registro impugnado, o que se repetiu na sua tentativa de reeleição em 2010. Sua esposa Edina Wanderley, disputou uma única eleição no pleito de 2002, quando se elegeu deputada estadual, com a quinta maior votação do estado.
Desse casamento, o único dos quatro filhos a seguir o caminho da política, foi Dinaldo Medeiros Wanderley Filho, mais conhecido como Dinaldinho. Sua primeira eleição foi pela Prefeitura de Patos em 2012, quando foi derrotado pela ex-prefeita Francisca Motta. Na eleição seguinte, retomou o posto da família na Assembleia Legislativa, ao ser o nono deputado estadual mais votado do pleito.
As boas votações em 2012 e 2014, o credenciaram a mais uma disputa pela prefeitura, quando se sagrou prefeito, em uma disputa apertada contra Nabor Wanderley. Mas o gestor não conseguiu terminar os quatro anos de mandato, ao ser afastado após ter sido denunciado pelo Ministério Público, na ‘Operação Cidade Luz’, deflagrada em abril de 2018.
A pessoa que no momento herda o nome da família é Germana Wanderley. Esposa do ex-deputado estadual, Doutor Érico, Germana é sobrinha de Dinaldo e foi candidata a uma das 36 vagas para a Assembleia Legislativa nas últimas eleições, sendo no momento, secretária de Cultura, Esportes e Turismo de Patos.
A família Fernandes é uma dinastia que acabou ficando esquecida na memória dos paraibanos, mas que durante os anos 50 e 60, tomou conta da Paraíba.
Os irmãos José, Manoel, Gustavo, João e Carlos, fundaram a Usina Monte Alegre, no município de Mamanguape. Na área política, Manoel, José e João, formaram um dos mais imponentes trios da política paraibana. Manoel foi o de menos destaque sendo prefeito de Mamanguape em duas ocasiões. João foi deputado estadual, federal, vice-governador e governador, durante o período em que José Américo de Almeida, assumiu a pasta do Ministério de Viação e Obras Públicas no governo do presidente Getúlio Vargas. Mas o irmão de maior destaque foi José Fernandes.
Prefeito de Mamanguape em três ocasiões, José foi deputado estadual por incríveis 10 mandatos, entre os anos de 1951 a 1991, totalizando quatro décadas de Assembleia Legisçativa. Após a renúncia do governador Pedro Gondim, assumiu o Governo da Paraíba na qualidade de presidente da Assembleia Legislativa, por um período que durou menos de um ano.
O principal nome a seguir o legado dos patriarcas foi Ariano Fernandes, neto de Manoel, que foi deputado estadual por três mandatos, tendo como parentes próximos, o tio e ex-prefeito de Mamanguape, Gustavo Fernandes, e seu irmão, o também ex-prefeito Fábio Fernandes, que faleceu em decorrência da COVID-19.
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