sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Bolsonaro diz que foi traído por deputada federal do seu partido

Presidente Jair Bolsonaro afirma que a deputada federal Carla Zambelli o traiu e fez acordo com o ministro Alexandre de Moraes

Para ela, o ex-presidente "deveria estar aqui para liderar a oposição. A gente teria mais condições, capacidade e força".


Bolsonaro afirma que Zambelli o traiu e fez acordo com Alexandre de Moraes
© Getty

MÔNICA BERGAMO (FOLHAPRESS) - O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou a interlocutores com quem mantém contato direto no Brasil que foi traído pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP).

Bolsonaro disse acreditar que a parlamentar fez um acordo com o ministro do Supremo Tribuna Federal (STF) Alexandre de Moraes para retornar às redes sociais e se ver livre da ameaça de ser presa.

Ele teve essa certeza no dia 06 de fevereiro, quando leu a notícia de que o magistrado tinha permitido que Carla Zambelli reativasse suas redes sociais, então suspensas por ordem do tribunal.

Na decisão em que desbloqueou os perfis dela no Facebook, Twitter, Instagram, TikTok, Gettr, WhatsApp e Linkedin, o magistrado afirma que houve "a cessação", por parte de Zambelli, "de conteúdos revestidos de ilicitudes e tendentes a transgredir a integridade do processo eleitoral".

Num primeiro momento, a reação de Bolsonaro pareceu exagerada a seus amigos e auxiliares com quem mantém contato direto.

Eles creditavam as falas ao que definem como paranoia do ex-presidente, que sempre desconfiaria de tudo e de todos ao seu redor, acreditando apenas na lealdade de seus próprios filhos.

Nesta quinta-feira (23), a deputada reforçou a desconfiança do entorno de Bolsonaro com suas próprias palavras: ela deu uma entrevista à Folha repleta de críticas a Bolsonaro e de recados de pacificação ao STF.

Zambelli disse, por exemplo, que a prioridade dela agora não é mais defender Bolsonaro, mas sim atacar o presidente Lula (PT).

"Eu tinha o papel de defender Bolsonaro e o governo, qualquer um que os atacasse tinha que virar um alvo meu. Nesta legislatura, Bolsonaro não é mais presidente, então nosso alvo tem que ser Lula, seus feitos e desfeitos", afirmou.

Disse ainda que atacava o Supremo para "proteger" o ex-presidente. E admitiu que partiu dela a iniciativa de lançar uma ponte de diálogo com Alexandre de Moraes para inclusive protegê-lo do PT.

"Liguei [para Alexandre de Moraes] e mandei um email. Alguns dias depois, minha rede foi devolvida, pode ter sido um gesto. Estou à disposição dele para conversar. Porque ele vai ser um alvo do PT daqui a pouco. O PT não vai se contentar em indicar somente os dois ministros que vão se aposentar", afirmou ela na entrevista.

A deputada afirmou também que agora é contra o impeachment de Alexandre de Moraes, defendido pelo ex-presidente quando ainda estava no comando do país:

"Bolsonaro não ganhando, a gente tem que virar a chave. Qualquer impeachment no STF, o substituto vai ser indicado por Lula. Pode entrar uma pessoa que faça as maldades do Alexandre de Moraes parecerem uma criança chupando picolé".

E disse mais: "A gente está em outro patamar, agora não é hora de bater no STF, não é hora de fazer manifestação".

No capítulo das críticas a Bolsonaro, ela citou o silêncio dele depois das eleições e a permanência nos EUA.

"Discordo da maneira como ele [o ex-presidente] levou aquele tempo todo [para falar após a eleição] e o silêncio que teve. Ele tinha que organizar a oposição, orientar a gente, ele tinha 28 anos de Câmara.

Tínhamos que mostrar nosso descontentamento até para incentivá-lo a ser a voz da oposição", declarou a parlamentar à Folha.

"Na live que Bolsonaro fez em 30 de dezembro, ele tinha que ter deixado claro o que pensava. Ele seria um remédio se tivesse dito que era para as pessoas saírem dos quartéis", disse ainda Zambelli.

Para ela, o ex-presidente "deveria estar aqui para liderar a oposição. A gente teria mais condições, capacidade e força".

Notícias ao Minuto

Nenhum comentário:

Postar um comentário