terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

Agora é realmente possível “conversar” com os mortos

Isso é muito “Black Mirror”: Aplicativo de Inteligência Artificial permite conversar com quem já faleceu

Empresa usa tecnologia para criar uma “versão digital” da pessoa que pode viver para sempre, mesmo depois da morte

Episódio "Be Right Back" da série Black Mirror ficcionaliza conversa com mortos
Episódio "Be Right Back" da série Black Mirror ficcionaliza conversa com mortos Netflix/Getty Images
Flávia Martins

Falar com os mortos pode parecer coisa de filme de ficção ou sobrenatural, mas agora é realmente possível “conversar” com quem já faleceu.

E não, não é a resenha de um novo episódio da série “Black Mirror”. Essa é a proposta de uma empresa de tecnologia sediada na California, nos Estados Unidos.

A HereAfter AI quer permitir a comunicação entre os vivos e os mortos a partir da criação de uma versão digital de alguém, combinando ferramentas de voz e de inteligência artificial avançada.

Ficção x Realidade

O aplicativo desenvolvido pela empresa vai funcionar como um biógrafo. Aos poucos, a pessoa vai respondendo a centenas de perguntas que são feitas para criar um “eu virtual”.

Questionamentos como “Quem foi o seu primeiro amor?”, “Qual é sua comida favorita?”, “Conte uma experiência que mudou a sua vida” surgem na tela e o usuário responde por áudio.

Depois, o app categoriza e organiza todas as histórias sobre infância, relacionamentos e personalidade, por exemplo, e desenvolve e aperfeiçoa a versão virtual da pessoa.

No episódio “Be Right Back”, da série britânica de ficção científica Black Mirror, acontece algo parecido. Uma jovem mulher vê sua vida virada do avesso quando o seu parceiro morre e a deixa grávida.

Ela acaba por experimentar um serviço online de vanguarda que permite que as pessoas contatem falecidos, criando a pessoa digitalmente a partir do material fornecido pelas redes sociais pessoais.

A protagonista se comunica com o seu parceiro por ligações de áudio. Mais tarde no episódio, ela acaba recebendo uma versão física do marido feita de carne sintética.

Também é possível enviar fotos, vídeos e todo o tipo de documentos que ajudem a deixar ainda melhor o “produto” para que família e amigos possam acessar no futuro, quando, eventualmente, a pessoa não estiver mais presente.

Em um artigo do MIT Technology Review, publicação do Instituto de Tecnologia de Massachusetts que é referência na área, a ferramenta de “imortalidade” foi ponderada.

Em um trecho do texto, pode-se ler que: “(…) a ética para criar uma versão digital de alguém é complexa. (…) a tecnologia, para alguns, pode ser alarmante e assustadora. (…) conversar com estas versões digitais pode até mesmo prolongar o luto e tirar a pessoa da realidade”.

Enquanto outras publicações como o The Wasington Post chamara o app de “o próximo passo na busca humana pela imortalidade”.

Para quem não quiser “embarcar” nessa por conta própria, o acesso ao aplicativo pode ser dado como presente por filhos ou netos e as perguntas podem ser personalizadas para cada pessoa. Assim, nasce um “eu virtual” perfeito que viverá para sempre.

Fonte: CNN

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