domingo, 23 de outubro de 2022

Reta final

A uma semana da decisão, Lula e Bolsonaro escolhem a dedo locais para eventos de campanha e buscam eleitores indecisos

Candidatos miram a região Sudeste e também se preocupam com a abstenção no segundo do turno

Carolina Cerqueira
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL)
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) Divulgação

Na última semana de campanha do segundo turno das eleições, os candidatos à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) dão prioridade a agendas na região Sudeste. O principal objetivo dos presidenciáveis é conquistar os votos dos eleitores que não sabem em quem votar ou já têm preferência, mas podem mudar de lado.

No primeiro turno, Bolsonaro foi o vencedor no Sudeste. Lula ganhou em Minas Gerais, e o atual presidente teve a maioria dos votos em São Paulo, no Rio de Janeiro e no Espírito Santo. Com exceção do Espírito Santo, os candidatos têm compromissos previstos em todos os estados da Região durante a semana.

Na última quinta-feira (20), Lula citou outra meta na reta final: tentar diminuir o percentual de abstenção.

“O nosso primeiro objetivo é tentar diminuir o número de abstenção, convencer as pessoas a votar”, disse o petista a jornalistas no Rio de Janeiro. Segundo ele, a campanha tem que “continuar indo para as ruas” e visitando “as pessoas que não votaram” e “estão indecisas”.

Em live no sábado (22), Bolsonaro também manifestou preocupação com os eleitores que não votam ou anulam.

“Temos visto em alguns países da América do Sul que a quantidade de pessoas que não vão votar ou anulam seu voto é muito grande, percentual realmente que é decisivo. Então apelo a você que decida, nem vou pedir pra votar em mim.”

O Sudeste e os eleitores que podem mudar de ideia

No primeiro turno, a diferença entre os candidatos na disputa nacional foi de cinco pontos percentuais, o que equivale a cerca de 6 milhões de votos.

De acordo com as últimas pesquisas Idea, Quaest e Datafolha para presidente, a primeira publicada no dia 20 de outubro e, as demais, no dia 19, os eleitores que ainda podem mudar de voto são 6%.

Os indecisos, que ainda não escolheram um candidato, são, em média, 3%. Os dois grupos, somados, podem representar, então, 9% do eleitoral, tendo potencial para definir a votação.

Para o cientista político Eduardo Grin, a eleição deve ser decidida por margem “muito pequena”. “Tudo indica que essa eleição será decidida por um número pequeno de votos, tamanha é a polarização política e social que temos no Brasil”, afirmou à CNN na quinta-feira (20).

O cientista político especialista em pesquisas Renato Dolci acredita que ambos os candidatos têm potencial para conquistar mais votos. “O perfil dos indecisos e indefinidos está distribuído entre as duas campanhas. A gente tem Lula mais forte entre as mulheres, Bolsonaro mais forte entre os que têm renda mais alta. Então, potencialmente, os dois poderiam buscar esse público”, disse.

Até hoje, nenhum presidente eleito perdeu em Minas Gerais. Por isso, a campanha de Bolsonaro tem considerado o estado como chave para a almejada “virada”. Reeleito governador de Minas, Zema declarou apoio ao atual presidente, mas ele também foi a opção de votos de uma parcela significativa de eleitores de Lula.

O símbolo da disputa no estado, apesar de ter somente 141 mil eleitores, é a cidade de Teófilo Otoni. O município deu vitórias no primeiro turno a Zema e a Lula. O ex-presidente visitou a cidade na última sexta-feira (21). O atual presidente deve ir ao município na quarta (26).

Estratégia de Lula na última semana

A estratégia inicial da campanha de Lula era ir a todos os estados com disputa de segundo turno para governador, mas a rota foi recalculada. No Nordeste, onde superou Bolsonaro em todos os estados, ele teve pouca presença nas últimas semanas. No Norte, o estado do Amazonas, por exemplo, foi retirado da agenda para dar ainda mais espaço a Minas Gerais.

Lula esteve no Rio Grande do Sul na última quarta-feira (19), estado em que as pesquisas indicam empate técnico entre ele e Bolsonaro. Em Santa Catarina, onde Bolsonaro tem distância com folga de Lula, a agenda do candidato do PT foi cancelada.

A ideia era também focar na região Centro-Oeste, com o objetivo de atrair o voto do agronegócio. No entanto, a missão ficou com o candidato a vice na chapa de Lula, Geraldo Alckmin, com o apoio do senador Carlos Favaro (PSD-MT), da ex-ministra e líder pecuarista Katia Abreu e da senadora Simone Tebet (MDB-MS), terceira colocada no primeiro turno da eleição presidencial.

Nas últimas semanas, Lula manteve o foco em São Paulo (interior e região metropolitana), Rio de Janeiro (Baixada Fluminense e comunidades) e Minas Gerais (Teófilo Otoni, Juiz de Fora, Belo Horizonte e Ribeirão das Neves). Para a última semana de campanha, estes estados devem ser priorizados novamente.

Estratégia de Bolsonaro na última semana

Nos próximos dias, Jair Bolsonaro deve manter o foco em Minas e em São Paulo. O presidente permaneceu em São Paulo de quinta até este domingo (23). Ele se reuniu com influenciadores, prefeitos, religiosos e personalidades dos esportes de luta.

A primeira-dama Michelle Bolsonaro também teve agenda na capital paulista, com o objetivo de reduzir a rejeição ao presidente entre o eleitorado feminino. O evento Mulheres com Bolsonaro, realizado na quarta-feira (19), também contou com as presenças da senadora eleita Damares Alves e da deputada federal reeleita Carla Zambelli, além de Padre Kelmon, que se candidatou a presidente pelo PTB.

De acordo com informações do jornalista da CNN Leandro Magalhães, nesta segunda (24), o presidente deve ficar em Brasília. Na terça (25), vai a Salvador. Na quarta (26), é quando acontece a agenda em Teófilo Otoni (MG). Em Minas, Bolsonaro também visitará a cidade de Uberlândia.

Na quinta (27), o presidente deve voltar a São Paulo, com agenda em Ribeirão Preto. Na sexta (28), estão previstas atividades no Rio de Janeiro, nos bairros Bangu e Campo Grande, na zona oeste.

CNN  com informações de Tainá Falcão e Leandro Magalhães  

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