Presidente Jair Bolsonaro usa Michelle, ataca Supremo Tribunal Federal e repete ameaças diante de milhares de apoiadores na Esplanada
A fala com uso de Michelle ao seu lado ocorre no momento em que enfrenta dificuldade para impulsionar sua popularidade entre eleitoras.
© Getty Images
IDIANA TOMAZELLI / BRASÍLIA,
DF (FOLHAPRESS) - Diante de milhares de apoiadores na Esplanada dos
Ministérios, o presidente Jair Bolsonaro (PL) discursou nesta
quarta-feira (07) no 7 de Setembro de Brasília com repetições de ameaças,
citação em tom crítico ao STF (Supremo Tribunal Federal) e com elogios à
primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
A
fala com uso de Michelle ao seu lado ocorre no momento em que enfrenta
dificuldade para impulsionar sua popularidade entre eleitoras. Bolsonaro
está em segundo lugar nas pesquisas, atrás do ex-presidente Lula (PT)
nas simulações de primeiro e de segundo turno.
"A
vontade do povo se fará presente no próximo dia 02 de outubro, vamos
todos votar, vamos convencer aquelas pessoas que pensam diferente de
nós, vamos convencê-los do que é melhor para o nosso Brasil. Podemos dar
várias comparações, até entre as primeiras damas. Ao meu lado uma
mulher de Deus e ativa na minha vida. Ao meu lado não, muitas vezes ela
está é na minha frente", disse.
"Tenho falado com homens que
estão solteiros: procure uma mulher, uma princesa, se casem com ela,
para serem mais felizes ainda."
Com tom machista, ele ensaiou fazer uma comparação com outras primeiras-dama e entoou gritos de "imbrochável".
Antes,
Michelle também discursou e repetiu o presidente na defesa de "família e
liberdade". "Não estamos aqui por poder, muito menos por status.
Estamos aqui para cumprir um chamado", afirmou. "O inimigo não vai
vencer", disse Michelle.
Bolsonaro voltou a repetir que a eleição é a luta do bem contra o mal e usou mais uma vez tom de ameaças.
"Podem
ter certeza é obrigação de todos jogarem dentro das 4 linhas da
Constituição. Com uma reeleição, tratemos para dentro das 4 linhas todos
aqueles que ousam ficar fora delas".
Mais
cedo, após ter citado diversos momentos de tensão ou ruptura
democrática, entre os quais o golpe militar de 1964, Bolsonaro disse
durante café da manhã no Palácio do Alvorada, em Brasília, neste 7 de
Setembro, que a "história pode se repetir".
"Quero dizer que o
brasileiro passou por momentos difíceis, a história nos mostra. 22, 65,
64, 16, 18 e, agora, 22. A história pode repetir. O bem sempre venceu o
mal", afirmou ele.
"Estamos aqui porque acreditamos no nosso
povo, e o nosso povo acredita em Deus. Tenho certeza de que, com
perseverança, fazendo aquilo tudo que pudermos fazer [...],
continuaremos nos orgulhando do futuro que deixaremos para essa
criançada que está aí", completou.
Não é de hoje que o
presidente flerta com o golpismo ou faz declarações contrárias à
democracia. No ano passado, disse, por exemplo: "Alguns acham que posso
fazer tudo. Se tudo tivesse que depender de mim, não seria este o regime
que estaríamos vivendo. E apesar de tudo eu represento a democracia no
Brasil".
Em 2020, Bolsonaro participou de manifestações que
defendiam a intervenção militar -o presidente é um entusiasta da
ditadura militar e de seus torturadores.
No
7 de Setembro do ano passado, em discursos diante de milhares de
apoiadores em Brasília e em São Paulo, Bolsonaro fez ameaças golpistas
contra o STF (Supremo Tribunal Federal), exortou desobediência a
decisões da Justiça e disse que só sairá morto da Presidência da
República.
Nesta quarta, ele ainda deve discursar a apoiadores
em Brasília e no Rio de Janeiro. A fala desta quarta-feira aconteceu
durante café da manhã no Alvorada, na qual Bolsonaro recebeu ministros,
parlamentares, o pastor Silas Malafaia e empresários investigados pelo
STF, como o dono da Havan, Luciano Hang.
Em entrevista para a
TV Brasil, pouco antes de sair para o desfile, o presidente também
conclamou os brasileiros a saírem de verde e amarelo durante o 7 de
setembro, afirmando que a liberdade e o futuro dos brasileiros estão em
jogo. "Então, o povo brasileiro hoje está indo às ruas para festejar 200
anos de independência e uma eternidade de liberdade. O que está em jogo
é a nossa liberdade e o nosso futuro. A população sabe que ela é aquela
que dá o norte para as nossas decisões", disse ele.
"Todos do Brasil, compareçam
às ruas. Ainda dá tempo, de verde e amarelo, a cor da nossa bandeira,
para festejar a terra onde vivemos, uma terra prometida, que é um grande
paraíso", afirmou o presidente.
Notícias ao Minuto
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