domingo, 17 de abril de 2022

Atriz atriz famosa fala sobre seus medos e inseguranças

‘Prefiro que me chamem de inteligente do que de bonita’, diz a atriz Marina Ruy Barbosa

ruy - 'Prefiro que me chamem de inteligente do que de bonita', diz Marina Ruy Barbosa

Gotinhas de óleos essenciais no peito e exercícios de respiração. É dessa forma que Marina Ruy Barbosa controla a ansiedade minutos antes desta entrevista. A atriz, de 26 anos, conta que os episódios de ataques de pânico ficaram mais frequentes desde 2019, quando se viu no centro de uma controvérsia em meio às gravações da novela “O sétimo guardião”, na qual era a grande estrela. Na ocasião, a apontaram como o pivô da separação de um casal de atores. “Fui envolvida nessa polêmica sem ter nada a ver. Não era verdade”, diz a a carioca, à época casada com o piloto e empresário Xande Negrão.

Ao longo da conversa, a atriz manteve a calma e não alterou o tom de voz. Enrolou os cabelos ruivos vez por outra e soltou até uns palavrões. Como ela bem disse, estávamos diante da “Marina, sem o Ruy Barbosa”. Sem filtros e desprendida do conto de fadas que nos acostumamos a ver no Instagram, onde é acompanhada por 40 milhões de fãs.

Influenciadora poderosa, atriz de sucesso (logo poderá ser vista na série “Rio Connection”, uma co-produção da Sony com os Estúdios Globo para o Globoplay) e empresária com tino afiado — inaugura amanhã uma loja fixa da Shop Ginger no Leblon, marca que lançou na pandemia. Na entrevista a seguir, feita durante uma hora e meia por chamada de vídeo, Marina falou pela primeira vez sobre temas pessoais, como o divórcio de Negrão e o namoro com o deputado federal Guilherme Mussi. Abriu com franqueza rara seus medos e inseguranças.

Qual é seu grau de envolvimento na Ginger?

Não deixo a marca andar sem a minha presença. Eu até gostaria de me envolver um pouquinho menos. Esse negócio é como um filho. Começou do zero, sem suporte de nenhuma grande empresa. Foi um investimento realmente meu. Acreditei apenas no potencial e na minha vontade de gerir algo em que eu pudesse ter liberdade criativa. Participo do processo inteiro: escolha de tecidos, seleção das modelos.

Você começou a trabalhar aos 8 anos, casou-se aos 22, é empresária antes dos 30. de onde vem isso?

Vem de outras vidas (risos). Amadureci cedo por causa do trabalho e acho que isso me deixou mais acelerada. Não paro.

Quando menina, era muito cobrada em casa? Hoje, ainda se cobra? Permite-se ir à padaria sem maquiagem, por exemplo?

Claro que vou à padaria de cara lavada. Tive uma infância normal, gente! Amava andar descalça, mas tive responsabilidades. Aos 10 anos, assinei meu primeiro contrato longo com a Globo. Minha mãe até falava: “Filha, se precisar colar na prova, cola”. Brigo com ela até hoje por isso. Meus pais nunca me colocaram pressão.

Mas você se coloca essa pressão, não é? Como é sua relação com o espelho? mexeu no rosto?

Hoje, prefiro que me chamem de inteligente do que de bonita. Certa vez, troquei o DIU e fiquei um pouco mais inchada. Foi algo que mexeu com meus hormônios. Em outra, pegaram uma foto minha chorando em cena e falaram que eu tinha me transformado por causa de procedimentos estéticos. É muito cruel e leviano como tratam isso. Vai ter dia em que vou aparecer com espinha ou com a boca estourada. Não esperem que eu seja perfeita.

Você conseguiria ser politicamente incorreta?

Queria muito ligar o foda-se, ser porra-louca. Mas, infelizmente, sofro com esse jeito de ser. Minha vontade era ser menos caxias. Comecei a trabalhar muito nova e logo vieram as responsabilidades. Tenho algo que considero uma qualidade: dou valor para aquilo que me é dado. Se estou fazendo um trabalho e me pedirem para colocar o copo na posição X, é ali que a peça estará. E da melhor forma possível. Sei que sou exigente comigo mesma. Às vezes, me pego pensando: “Está tudo bem, Marina! Você tem 26 anos, acalma seu coração”.

Qual foi seu momento de maior fragilidade ?

Pessoalmente, meu divórcio. Não queríamos nos separar. Mas, no dia a dia, percebemos que o gostar e o amor não são suficientes para fazer uma relação continuar. Mil fatores distanciam um casal. Na pandemia, Xande estava morando em Fortaleza por causa do trabalho e eu, em São Paulo para cuidar da marca. Começamos a não enxergar um futuro, sabe? Quando me casei, aos 22 anos, achava que tudo seria mais fácil. Mas não é… Não tive nem tempo para digerir a história, de me reencontrar, e precisei dar uma declaração, expor a situação.

E o momento de fragilidade profissional?

“O sétimo guardião” foi um trabalho tumultuado. Fui envolvida numa polêmica que eu não tinha nada a ver, que não era verdade (Marina foi apontada como o pivô da separação de José Loreto e Débora Nascimento). A Globo me deu total apoio. Dividi tudo com a empresa, e a direção quis me dar uns dias de descanso. A intenção era preservar minha cabeça. Mas não aceitei. Ganho para atuar. Um problema pessoal não poderia mudar uma rotina de gravações. Cheguei a desmaiar no camarim por causa de uma crise de pânico.

O que aconteceu depois da separação? Assumir que a vida não é um conto de fadas a machucou?

É frustrante, mas, ao mesmo tempo, tento não alimentar esse sentimento. Sou canceriana, sensível demais e, se penso muito nesse assunto, fico mal. Quero tanto ter minha família, meus filhos… Às vezes, me pergunto: “Em que momento isso vai acontecer?” Já fui para a terapia, voltei. São fases.

Para você, O que significa a série “Rio Connection”?

Quando não sabia ao certo o futuro do meu casamento, surgiu a chance de fazer um filme internacional. Acabei não fazendo e surgiu essa série gringa, falada em inglês. Estou muito animada.

Teve medo de amar novamente?

Sim, mas tento tirar um pouco da pressão que, de alguma forma, é colocada sobre mim. Também tive medo porque não sabia como seria uma nova relação. Mas quero me permitir. Tenho só 26 anos e vou fazer de tudo para ser feliz.

Você está namorando o deputado Guilherme Mussi. Como começou essa relação?

Guilherme é um homem muito insistente e tem uma coisa que eu admiro: personalidade. Depois que fiquei solteira, ele foi se aproximando de amigos em comum para ir me cercando. Iniciamos uma conversa e foi.

Guilherme é filiado ao Progressistas, partido que apoia Jair Bolsonaro. Você gosta do presidente?

Bolsonaro não me representa. Não votei nele e não tenho como me aprofundar em questões políticas porque não sou uma grande estudiosa do assunto. Mas há decisões desse governo que afetam nossas vidas diretamente. Não preciso ter muito esclarecimento para que deseje um novo rumo para o país. O atraso na vacinação e as informações distorcidas custaram milhares de vidas e continuam custando. Também vejo como o setor cultural foi impactado de maneira negativa. No meu caso, tive condições para me manter. Muitas outras pessoas perderam o emprego, projetos deixaram de ser incentivados e por aí vai. Por outro lado, sem passar pano para homem porque não estou aqui para isso, há coisas infundadas sobre meu namorado. Mas não quero entrar em detalhes. É uma história dele, a política não é minha. Eu o conheço e me relaciono com o Guilherme há pouco mais de um ano. Não posso falar sobre sua carreira.

Vários artistas se posicionaram publicamente contra o governo e cobraram posturas menos isentas dos colegas. Por que não se posicionou?

Sei que, de alguma forma, me enxergam nesse lugar de isenta. Hoje, no entanto, tenho um olhar muito para mim, não no sentido egoísta. Mas é uma busca de autoconhecimento. Coisa em que a terapia tem me ajudado. Entendi que tenho um limite para suportar ataques nas redes sociais. Acho cruel compararem o limite de uma pessoa com o de outra. Uns podem achar que quem não xinga ou não se manifesta é covarde. Não é medo de perder seguidores ou trabalho. O medo até existe, mas é um medo em relação à minha saúde mental. Não há mais espaço para errar. Um deslize e você recebe uma série de julgamentos.

Com o avanço da discussão de gênero e do papel feminino no mundo, acredita que tenha caído o mito de que as mulheres são sempre rivais?

A gente vive numa sociedade machista e vejo muitas comparações, e sempre entre mulheres. Crescemos ouvindo que Xuxa e Angélica eram rivais. Precisamos mudar essa história. Bruna (Marquezine, atriz) e eu passamos por isso o tempo inteiro. Somos da mesma geração, começamos na TV mais ou menos juntas… Essa “rivalidade” dá retorno, audiência em sites. E isso é tóxico para todos os lados envolvidos.

Mas você e Bruna Marquezine são amigas?

Existe muito respeito, e eu tenho um carinho enorme por ela. Compartilhamos uma vida bastante parecida. Mas fofocas atrapalharam essa relação. No fim, é uma questão de afinidade.

Fonte: O Globo - Créditos: Polêmica Paraíba - Publicado por: Adriany Santos

Nenhum comentário:

Postar um comentário