‘Boto o dinheiro onde quiser’, diz prefeito flagrado com R$ 505 mil no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo
O prefeito de Cerro Grande do Sul, Gilmar João Alba (PSL), afirmou que o dinheiro apreendido enquanto ele tentava embarcar no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, era dele e seria usado em “oportunidade de negócios”, em entrevista à Rádio Gaúcha na manhã desta sexta-feira (03).
A apreensão aconteceu no dia 26 de agosto. Segundo os agentes da Polícia Federal, o dinheiro estava armazenado em caixas de papelão dentro da bagagem de mão do passageiro.
“Eles [a PF] dizem o que querem. Eu boto o dinheiro onde quiser, na caixa de papelão, no sapato, é meu”, disse à rádio.
“Esse dinheiro eu ando pra oportunidade de negócios. E como é declarado e diz na receita que declarado anda em qualquer parte do Brasil. Então eu ando com meu dinheiro pra onde eu quiser”, afirma o prefeito, eleito em 2020 para governar a cidade do Norte do Rio Grande do Sul. Conhecido como Gringo Loco, Alba recebeu mais de 2,4 mil votos na cidade de 12 mil habitantes.
Apreensão no aeroporto
A carga foi detectada pelo aparelho de raio-x do terminal. A PF relata que o passageiro, inicialmente, atestou não saber o valor que carregava, para depois dizer que levava R$ 1,4 milhão. Sem explicitar de onde vinha o dinheiro, o prefeito só teria afirmado que a quantia tinha origem lícita.
“Agora também ninguém vai me proibir de ter dinheiro pra comprar gado nos leilão, terra mais barata porque tenho dinheiro vivo. Pessoa com dinheiro vivo é outro mundo”, afirmou.
Em virtude da dúvida, a PF recolheu o montante, fazendo a contagem de R$ 505 mil. Um procedimento investigativo será instaurado para apuração da origem do dinheiro. Conforme o resultado da apuração, o passageiro poderá responder por delitos como lavagem de dinheiro, na modalidade de ocultação, e crime contra o sistema financeiro nacional.
Portar moeda nacional dentro do país, independentemente do valor, não constitui crime, informa a PF. Contudo, o portador deve saber justificar e comprovar a origem dos valores.
Confira trechos da entrevista
Apresentadora: O senhor não tem medo?
“Te passaram notícia ruim, não é verdadeira. Eu quando cheguei no aeroporto, botei a minha mala no raio X, passou, acusou. Eu chamei o rapazinho, ele perguntou se eu tenho alguma irregularidade na mala, eu falei “não tem irregularidade nenhuma, a minha mala tem dinheiro, declarado”. [ele perguntou] Quanto? Eu não sou obrigado a dizer quanto eu tinha, mas eu disse pra ele R$ 1,4 mil. Ele disse “tá de brincadeira comigo”, eu disse não, eu digo, é R$ 1,4 milhão. Pensando até que era uma brincadeira”.
“Mas ele disse “nesse caso eu tenho que falar com a Polícia Federal”, eu digo “pode chamar o órgão que você quiser”. Eu não seria idiota de passar uma mala no raio x que a gente sabe, se o dinheiro fosse ilícito porque a polícia não me prendeu lá?”
Apresentadora: Porque estava em caixas de papelão?
“Eles [a PF] dizem o que querem. Eu boto o dinheiro onde quiser, na caixa de papelão, no sapato, é meu. Não quer dizer que tudo o que eles dizem é verdade”.
Apresentadora: No que o senhor ia gastar esse dinheiro?
“Se você insistir muito eu vou parar de falar com você. Eu não confio no sistema bancário? Não fala assim porque eu peguei o resto do dinheiro que eu tinha, fiz alguns investimentos, e o resto tá no banco, eu botei na poupança”.
“Como é que eu não confio no sistema bancário? Agora também ninguém vai me proibir de ter dinheiro pra comprar gado nos leilão, terra mais barata porque tenho dinheiro vivo. Pessoa com dinheiro vivo é outro mundo”.
“Tem um risco. claro que tem. Só que agora eu jamais vou sair com dinheiro porque com esse bafafá todo, os meninos do mal tão tudo louco pra tentar que eu vou ter o dinheiro em casa”.
Fonte: G1 - Publicado por: Fabricia Oliveira
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