Caçada a 'serial killer do Distrito Federal' altera rotina em área rural de município goiano
O cuidado com plantações e animais virou um problema
© Reprodução
As
buscas por Lázaro Barbosa de Sousa, 32, conhecido como o "serial killer
do DF", têm interferido na rotina dos moradores e trabalhadores de
chácaras localizadas na região onde a polícia tenta capturá-lo.
Assustados,
muitos moradores fecharam suas casas e se mudaram para outros lugares,
como casas de parentes na cidade. O cuidado com plantações e animais
virou um problema.
Autoridades
enfrentam dificuldades em localizar o homem acusado de matar uma
família em Ceilândia (DF) e fugir para o Goiás. Na última sexta-feira (18), o
trabalho da polícia entrou no décimo dia. A ação ocorre nas
proximidades de Girassol (GO), onde o pai de Sousa mora.
Foram
mobilizados mais de 200 agentes de segurança. Além das polícias civis e
militares de Goiás e do DF, participam da ação as polícias Federal e
Rodoviária Federal, além da Força Nacional.
Girassol, a pouco
menos de 100 km de Brasília, é um povoado que pertence ao município de
Cocalzinho de Goiás. A cidade tem uma população estimada em pouco mais
de 20 mil habitantes, segundo o IBGE.
A reportagem percorreu
alguns quilômetros de uma das estradas de terra que dá acesso às
chácaras, dentro do perímetro onde as buscas se concentram. Logo se vê
muitas delas estão vazias.
João Batista, 58, que planta milho e
feijão em uma chácara próxima a Edilândia – que também faz parte de
Cocalzinho de Goiás e por onde Lázaro Sousa passou no início da semana –
abandonou temporariamente a propriedade.
"Viemos
embora. A mulher não quer saber de chácara. Deixei tudo pra trás", disse
ele, que dedicou a manhã de sexta-feira a observar o vaivém de carros da
polícia no QG da operação montado em uma escola municipal.
Diante
da dificuldade em capturar Lázaro Sousa, a polícia tem destacado a destreza do
foragido em se movimentar na região de muitas chácaras e mata. A
população reforça essa avaliação.
"Isso aqui é o quintal dele", afirmou Batista. "Tem que pegar ele logo para trazer alívio para esse povo."
Elaine
da Costa Silva, 46, dona de chácara que se dedica à produção de leite,
disse que a presença de Lázaro Sousa no local e sua perseguição "mexeram demais
com sua rotina". "Meu marido e um funcionário vão cedo tirar o leite,
fecham tudo e vêm embora. Não dá para ficar lá [na chácara] e cuidar dos
animais como a gente sempre faz."
Ela atribui a Lázaro Sousa uma
série de crimes, todos assaltos a chácaras em que as vítimas foram
agredidas ou morreram, ainda que nem todos tenham sido confirmados pela
polícia. "Bem antes dessa fama toda já se falava dele por aqui", disse.
Quem
se recusou a deixar o lugar onde mora tem vivido dias de ansiedade.
"Tenho dormido muito pouco, assustado", disse José Sinvaldo, 55, dono de
um pesque-pague. Grotas e beira de rios, segundo a polícia, são locais
usados pelo foragido para se esconder.
Após algumas noites insones,
Sinvaldo desfrutou de alguma tranquilidade de quinta para sexta-feira
porque uma equipe da PM pernoitou em sua propriedade.
"Eu
decidi ficar mesmo sabendo do risco. E nem tenho arma. O vizinho aí da
frente tem. Fechou toda a casa ontem e foi embora", disse.
Na semana
passada, Lázaro Sousa invadiu uma chácara em Ceilândia (DF), possivelmente para
roubar, segundo apontam as investigações, e matou um casal e dois
filhos.
Cláudio Vidal de Oliveira, 48 anos, Gustavo Vidal, 21,
e Carlos Eduardo Vidal, 15, foram assassinados no local. Os corpos
estavam sob folhas para que não fossem vistos pelas buscas aéreas da
polícia.
Cleonice Andrade, 43, foi levada como refém e seu
corpo foi localizado três dias depois às margens de um córrego, sem
roupas. De acordo com a polícia, a vítima foi executada com tiro na
nuca.
Desde então, relatos apontam que ele invadiu outras
propriedades no DF e em Goiás, trocou tiros com um funcionário de uma
fazenda, roubou armas e veículos e obrigou um caseiro a cozinhar e fumar
maconha com ele.
Além do quádruplo latrocínio (matar para
roubar) em Ceilândia, é atribuída a ele uma tentativa do mesmo tipo
penal em 2020, ao invadir uma chácara em Goiás para roubar e atingir um
idoso com um machado.
O fugitivo possui condenação por duplo
homicídio na Bahia. É considerado foragido da Justiça também por crimes
de estupro, roubo à mão armada e porte ilegal de arma de fogo, acusação
que o levou à cadeia em 2013 no DF.
Após três anos, progrediu para o
regime semiaberto e fugiu da cadeia. De acordo com informação da
Secretaria de Administração Penitenciária do DF, ele não retornou ao
sistema após uma saída temporária.
Em 2018, Lázaro Sousa foi preso pela
polícia de Goiás, mas conseguiu escapar novamente. Desde então, vinha
sendo procurado pela polícia.
"É um psicopata", disse Rodney Miranda, secretário de Segurança Pública de Goiás e coordenador da ação.
Em
nota na última sexta-feira, a secretaria informou que a operação prossegue e que
"o cerco está sendo fechado e as informações apontam que Lázaro Barbosa de Sousa está cada vez mais cansado e possivelmente ferido".
No início na tarde, após um
morador de Girassol ter avisado que o avistou, o Batalhão de Cães da PM
do DF e a tropa de choque da polícia de Goiás concentraram os trabalhos
em uma área de mata próxima à cidade.
Notícias ao Minuto
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